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Os macacos selvagens fizeram da abandonada Fukushima a sua casa (e o Japão não os consegue tirar de lá)

Nova anos após o desastre nuclear em Fukushima, a natureza e a vida selvagem instalaram-se na área abandonada. Agora, as autoridades do Japão não conseguem expulsá-los.

De acordo com a NPR, macacos, javalis e outros animais selvagens fizeram das cidades próximas e abandonadas por centenas de milhares de pessoas a sua nova casa. Agora, conforme as ordens de evacuação são levantadas e as pessoas voltam, encontrar formas de coexistir tornou-se um sério desafio.

Para ajudar a assustar os macacos, os governos locais subsidiaram enormes quantidades de fogos de artifício. Os cidadãos patrulham as cidades e disparam-nos sempre que vêem os macacos, que foram atraídos para as cidades para se alimentarem nos jardins abandonados, mas ainda em crescimento, e nas árvores frutíferas perto das casas dos residentes.

“Eu acho que eles são fofos. Eu absolutamente nunca os magoaria”, disse Shuichi Kanno, um homem de 79 anos que voltou para a sua casa perto de Minamisoma, em declarações à NPR. “Nada disto é culpa deles. É culpa da energia nuclear. É culpa dos humanos”.

Os fogos de artifício não são uma solução perfeita. Os macacos normalmente voltam alguns dias depois de serem assustados. Isto provavelmente acontece porque as pessoas têm demorado a voltar para as suas antigas casas – em parte devido aos altos níveis de radiação e ao facto de já terem partido há quase uma década.

“Eu adorava fazer caminhadas, procurar vegetais silvestres e encontrar cogumelos silvestres. Mas agora é tão perigoso”, disse Kanno. “Já não podemos ter um relacionamento com a natureza. Foi-se.”

O desastre nuclear em Fukushima Daiichi foi desencadeado por um maremoto em março de 2011. Aproximadamente 52 mil pessoas continuam deslocadas devido àquele que foi o segundo pior acidente nuclear de sempre, depois do desastre de Chernobyl, na Ucrânia, em 26 de abril de 1986.

A onda gigantesca criada pelo violento de sismo de 9,0 de magnitude em 11 de março de 2011 submergiu as instalações, a eletricidade foi cortada, os sistemas de arrefecimento do combustível nuclear pararam, levando à fusão do combustível do núcleo de três dos seis reatores. As explosões de hidrogénio destruíram parte dos edifícios de Fukushima Daiichi. Só em maio de 2011, dois meses depois do acidente, a TEPCO usou a expressão “fusão do núcleo” do reator.

Mais de um milhar de enormes reservatórios guardam importantes quantidades de água, em parte contaminada, à qual ninguém sabe ainda o que fazer. As autoridades nucleares japonesa e internacionais continuam a considerar o lançamento no mar.

Serão precisas pelo menos quatro décadas para desmantelar esta central, situada a pouco mais de 200 quilómetros a nordeste de Tóquio, com tecnologias que, na maioria dos casos, ainda estão por inventar.

ZAP //

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