António Lobo Xavier, um histórico do CDS-PP apoiante de Francisco Rodrigues dos Santos, entende que todos teriam a ganhar se houvesse um “debate alargado” sobre o futuro do partido.
António Lobo Xavier defendeu, no programa “Circulatura do Quadrado”, na TVI, que os militantes do CDS-PP “têm direito” a discutir a liderança do partido num “fórum mais alargado” sem ficarem limitados à discussão em Conselho Nacional. Apesar de ter apoiado o atual líder, Francisco Rodrigues dos Santos, Lobo Xavier defende a realização de um congresso extraordinário.
De acordo com o Expresso, o histórico do CDS considera exagerada a ideia de que o partido está prestes a desaparecer, mas admite que a situação é “bastante mais complicada” do que a crise que o partido atravessou nos anos 1980 quando era apelidado de “partido do táxi”, por ter apenas quatro deputados.
“Tenho de compreender a insatisfação dos militantes. Há a ideia generalizada de que o CDS pode desaparecer”, disse Lobo Xavier. Mesmo elogiando algumas características pessoais de Rodrigues dos Santos – “digno”, “leal”, com “ideias” – não deixou de reconhecer que se instalou a ideia de um “definhamento” em curso do partido.
Ainda assim, reconheceu que o mau momento que o partido atravessa “não é exclusivamente por culpa dele” e apontou dedos à bancada parlamentar e ao atual quadro político, em que o CDS compete com o Chega e o Iniciativa Liberal.
“É preciso procurar melhor as causas. Se há disponibilidade para uma luta interna que haja luta interna. Estaria mais confortável se [Rodrigues dos Santos] estivesse disponível para um debate mais alargado”, referiu Lobo Xavier, defendendo que a liderança tem de estar disponível para ir a votos.
O conselho nacional é “um espaço limitado”, com inerências e problemas de representação do aparelho local. Por isso, o centrista defende a realização de um combate “mais alargado”, sem “guerras fratricidas e insultos”. Ou seja, o congresso extraordinário.
Apoiantes de Mesquita Nunes não excluem congresso
Segundo o Público, os apoiantes de Adolfo Mesquita Nunes não excluem vir a tentar convocar um congresso extraordinário mesmo depois da aprovação de uma moção de confiança à direção do CDS no conselho nacional do próximo sábado.
O diário escreve que há oito distritais que não têm delegados eleitos, o que, segundo os defensores da antecipação do congresso, pode colocar em causa a representatividade do conselho nacional.
Para além da inexistência de delegados distritais, há outras dúvidas como a de saber se os membros da comissão política nacional, que na sua maioria têm estado ao lado de Rodrigues dos Santos, têm direito de voto. Os apoiantes de Mesquita Nunes defendem que pode haver um conflito de interesses.
Por outro lado, há quem argumente que os estatutos conferem direito de participação dos lugares por inerência, que é o caso dos membros da comissão política nacional.
Filipe Anacoreta Correia, presidente do conselho nacional, informou o Público de que só no sábado informará os conselhos nacionais sobre a sua decisão em torno do direito de voto e sobre a forma da votação.
Apesar disso, mesmo que a moção de confiança à atual direção seja aprovada, os apoiantes de Adolfo Mesquita Nunes deixam em aberto a possibilidade de reunir as quatro mil assinaturas para convocar um congresso extraordinário.