Juros podem cair abaixo dos 2% em 2025. Economia com boas perspetivas, diz João Leão.

Manuel de Almeida / Lusa

O ministro das Finanças, João Leão

Antigo ministro das finanças considera que as taxas de juro podem cair em 2025 para estimular a economia, que vai beneficiar de um ano de grande investimento público, mas alerta que, para evitar “novo aperto do cinto”, Portugal precisa de 70 a 80 mil novos imigrantes por ano.

Em entrevista à Renascença, o antigo ministro das Finanças João Leão diz que os juros podem cair para menos de 2% em 2025 “para dar estímulo temporário à economia”, defende que o Estado deve pagar melhor aos altos cargos.

João Leão não afasta a possibilidade de o Banco Central Europeu vir a ser obrigado, durante este ano, a cortes agressivos dos juros, que podem levar as taxas a valores abaixo do objetivo dos 2%.

O antigo ministro de Estado e das Finanças no governo de António Costa, que ocupou a pasta entre 2015 e 2020, considera que faltou concorrência na banca nos últimos três anos, em que “a subida dos juros não foi aplicada da mesma forma nos créditos e na remuneração dos depósitos”.

Para João Leão, as perspetivas sobre a economia portuguesa para 2025, apesar da situação difícil da Europa, são bastante positivas, por dois fatores importantes: a “robustez da continuação do crescimento do consumo privado das famílias”, que vai ajudar a alavancar a economia, e a “dimensão adicional forte do investimento”.

“2025 vai ser um ano de grande aumento investimento, em parte dinamizado pelo investimento público, são anos de grande execução do PRR“, diz João Leão, que espera também que haja alguma recuperação do investimento privado.

“Há algumas em que Portugal tem grandes incentivos para investir, em particular na habitação, nas energias renováveis, há imensos espaços” em que é esperado que o investimento ajude a alavancar o crescimento da economia em 2025, salienta João Leão.

O atual membro do Tribunal de Contas Europeu considera que, no que diz respeito às contas públicas previsto no OE, o crescimento da despesa é insustentável, mas admite que o ano pode “fechar com um défice residual ou um excedente temporário”.

“O ano de 2024 terminou com um excedente provavelmente perto dos 0,5%, bastante inferior ao conseguido em 2023, agora teremos este ano, depois de anos de excedente, a dúvida sobre se este excedente se irá manter ou não“, diz.

Para já, “a economia e a receita estão a ajudar a manter as contas públicas de forma positiva”, algo que já aconteceu em 2024, salienta o antigo ministro. Mas confirma o que disse há um ano: governar com uma minoria “implica riscos para as contas públicas”.

Na entrevista, transmitida no podcast Dúvidas Públicas da RR, João Leão mostra-se também preocupado com o envelhecimento da população — e lembra que Portugal precisa de 70 a 80 mil novos imigrantes por ano, para evitar a estagnação económica e um novo aperto do cinto.

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