Julgamento do principal suspeito de raptar Maddie adiado por causa de… Bolsonaro

Filip Singer / EPA

Christian Bruckner, principal suspeito no caso Maddie, esteve presente em tribunal esta sexta-feira.

“Pedidos de homicídio” feitos por um jurado na rede social X na origem do adiamento do julgamento de Christian Brückner, acusado de agressões sexuais e violações cometidas entre 2000 e 2017 em Portugal.

O julgamento do principal suspeito do desaparecimento da criança britânica Madeleine McCann, em Portugal, começou esta sexta-feira em Brunswick, no norte da Alemanha,mas foi interrompido poucos minutos depois devido a publicações polémicas a envolver… Jair Bolsonaro, ex-presidente do Brasil.

O julgamento começou por ser interrompido após a defesa de Bruckner ter alegado que um membro do júri não era imparcial e que tinha opiniões incompatíveis com a lei alemã, colcando em cima da mesa publicações na rede social X, antigo Twitter, com insultos e a pedir a morte de Bolsonaro, que remetem a 2019, avança o jornal Bild.

O tribunal acabou por concordar que não podem ser toleradas “declarações fora do sistema legal” ou “pedidos de homicídio” e decidiu que a sessão seria adiada, com o jurado a ser substituído já na próxima sessão, a 23 de fevereiro.

De que é acusado Brückner?

A ser julgado por crimes sexuais distintos do caso Maddie, mas cometidos em Portugal, Christian Brückner, alemão de 47 anos, já detido por outros crimes, arrisca uma condenação por mais de 15 anos de prisão por agressões sexuais e violações cometidas entre 2000 e 2017 no país.

De acordo com a imprensa alemã, Brückner é acusado de ter violado uma jovem irlandesa e outras duas mulheres não identificadas e de se ter masturbado em frente a uma menina de dez anos numa praia e em frente a várias crianças num parque infantil.

Em outubro do ano passado, a Polícia Judiciária portuguesa esclareceu que, na investigação ao desaparecimento da criança inglesa, no Algarve, em 2007, continuam a ser desenvolvidas diligências visando o esclarecimento da situação, adiantando que foram realizados contactos com familiares de Madeleine McCann.

Detido em Kiel, no norte da Alemanha, Christian Brückner foi já condenado em 2019 pela violação de uma turista norte-americana de 72 anos, em 2005, na localidade portuguesa da Praia da Luz, onde em 3 de maio de 2007 desapareceu Madeleine McCann, que passava férias com os pais e amigos.

Sobre estes factos, as investigações prosseguem e o Ministério Público alemão ainda não formulou qualquer acusação pela morte de Madeleine McCann, conhecida por Maddie.

Arguido no caso Maddie

Bruckner foi constituído arguido pelas autoridades alemãs em execução de um pedido de cooperação judiciária internacional emitido pelo Ministério Público de Portugal.

“Sem conhecer detalhadamente a situação jurídica portuguesa, assumo que esta medida é um truque processual para evitar a prescrição iminente em poucos dias”, disse o advogado do alemão ao jornal Bild.

Brückner foi indicado como suspeito pela primeira vez em junho de 2020, com as polícias alemã, inglesa e portuguesa a identificarem o germânico de 44 anos como possível responsável pelo desaparecimento de Maddie.

Na Alemanha, Brückner terá sido ouvido por testemunhas a gabar-se de ser o responsável pelo desaparecimento da criança. Em Portugal, esteve preso por roubo de gasolina e tem cadastro por agressões sexuais.

Mais tarde, uma testemunha-chave, que alega ter visto Maddie ao colo de um indivíduo na noite de 3 de maio de 2007, garante que não reconhece Christian Brückner.

Madeleine McCann desapareceu poucos dias antes de fazer 4 anos, a 3 de maio de 2007, do quarto onde dormia juntamente com os dois irmãos gémeos, mais novos, num apartamento de um aldeamento turístico, na Praia da Luz, no Algarve.

A polícia britânica começou por formar uma equipa em 2011 para rever toda a informação disponível, abrindo um inquérito formal no ano seguinte, tendo despendido mais de 12 milhões de libras, cerca de 14 milhões de euros.

A Polícia Judiciária portuguesa reabriu a investigação em 2013, depois de o caso ter sido arquivado pela Procuradoria-Geral da República em 2008, ilibando os três arguidos, os pais de Madeleine e um outro britânico, Robert Murat.