JMJ poderá causar “graves constrangimentos” no combate aos incêndios rurais

Associação de Proteção Civil diz que a Jornada Mundial da Juventude em Lisboa vai limitar combate aos incêndios. 25 mil bombeiros vão estar em Lisboa.

Considerado o maior acontecimento da Igreja Católica, a Jornada Mundial da Juventude 2023 vai realizar-se entre 1 e 6 de agosto, em Lisboa.

São esperadas cerca de 1,5 milhões de pessoas, num evento em que o Papa Francisco também marcará presença.

Os planos de mobilidade, segurança e saúde da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) estão a ser elaborados na expectativa de ser o maior evento organizado no país, tendo em conta os milhares de peregrinos.

A Associação de Proteção Civil (APROSOC) defendeu hoje que o “desvio de meios” para Lisboa, na primeira semana de agosto, vai causar constrangimentos no combate aos incêndios rurais “que importa acautelar”.

“É convicção” da associação que o dispositivo montado para o evento “vai retirar efetivo indispensável na prevenção e combate aos incêndios rurais, de resposta à sinistralidade”, referiu, num comunicado.

“O reforço daquele evento com estações móveis da rede SIRESP – Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal – retira esses meios aos teatros de operações que ocorram durante a semana antes, durante e após a Jornada Mundial da Juventude, situações das quais, apesar do reforço do Mecanismo Europeu de Proteção Civil, podem causar graves constrangimentos às operações de socorro”, lê-se ainda na nota assinada pelo presidente da APROSOC, João Paulo Saraiva.

A associação receia “que o planeamento em curso, até por extemporâneo, seja incapaz de evitar graves constrangimentos que importa acautelar”.

Acredita, contudo, que a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) e outras entidades envolvidas vão “dar o seu melhor para minimizar as consequências funestas deste desvio de meios”.

“Temos dois dispositivos montados”

A estrutura da Proteção Civil para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) pode chegar aos 25 mil bombeiros, revelou hoje o presidente daquela entidade, garantindo que este dispositivo será independente dos meios afetos ao combate aos incêndios rurais.

O presidente da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), Duarte Costa, acompanhado pelo comandante nacional, visitou hoje de manhã a sede do Comité Organizador Local (COL) da JMJ, no Beato, em Lisboa.

Em declarações aos jornalistas, Duarte Costa avançou que os 25 mil bombeiros pertencem às corporações de bombeiros voluntários.

“O reforço de meios está a ser preparado. Há uma primeira estrutura que já está programada, planeada e financiada para poder atuar”, disse o presidente da ANEPC, precisando que o dispositivo da Proteção Civil pode incluir até 25 mil bombeiros e até dois mil agentes de outras forças, que “só atuarão naquilo que será a necessidade para cada uma das áreas de esforço e de stress”.

Duarte Costa sustentou que a ANEPC tem preparado “um dispositivo discreto que irá cumprir a sua missão com a descrição suficiente para não causar pânico”, mas, caso seja necessário utilizar mais meios, já recebeu garantias do Governo, quer de forças, quer de financiamento.

Segundo o responsável, o financiamento do Governo tem uma base de cerca de meio milhão de euros, mas “é apenas um orçamento indicativo, que não está fechado, nem é o final”.

“Como é óbvio será acomodado com tudo aquilo que for necessário adquirir ou compor ou chamar mais agentes para a região de Lisboa”, frisou.

Como a JMJ coincide com a época mais crítica de incêndios rurais, o presidente da ANEPC afirmou que foi necessário “compatibilizar duas situações complexas que eram as jornadas e o dispositivo” para os fogos.

De acordo com Duarte Costa, a ANEPC foi buscar outros elementos aos corpos de bombeiros e ao INEM para dar resposta à JMJ, que terá um dispositivo “agregado e vincado”.

“Não vamos canibalizar nenhum dispositivo de uma área para acorrer a outra. Temos, neste momento, dois dispositivos montados. Um dispositivo vincado para os incêndios rurais, que está fixo e não muda, e, por outro lado, tivemos que construir um outro dispositivo que tem a ver com a JMJ”, explicou.

O presidente da ANEPC salientou que os meios vão estar em Lisboa, perto da capital e nas bases que “serão as necessárias para se criar respostas imediatas em caso de necessidade”.

“Se não for necessário, não vão estar em Lisboa”, disse, dando conta que há uma primeira camada de meios que estão instalados na Área Metropolitana de Lisboa e que “normalmente são aqueles que respondem às situações de maior risco para a questão da segurança na perspetiva de proteção da população”.

Duarte Costa avançou que “há outra tipologia de forças deslocalizadas” perto da região de Lisboa que, em caso de necessidade, possam ser agregadas e direcionadas para a capital.

O secretário-geral do Sistema de Segurança Interna é o responsável pelo controlo e coordenação de todas as entidades envolvidas na segurança e proteção da JMJ, que estão a trabalhar em conjunto com a ANEPC, PSP, GNR e INEM.

O maior acontecimento da Igreja Católica vai realizar-se entre 1 e 6 de agosto em Lisboa, sendo esperadas cerca de 1,5 milhões de pessoas.

A edição deste ano contará com a presença do Papa Francisco, que estará em Portugal entre 2 e 6 de agosto.

A JMJ de Lisboa esteve inicialmente prevista para 2022, mas foi adiada devido à pandemia da covid-19.

ZAP // Lusa

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