No dia em que Itália registou o menor número de óbitos por covid-19 em duas semanas, os Estados Unidos registaram 1.200 mortos. O cirurgião geral do país compara a crise a Pearl Harbor e ao 11 de setembro.
Este domingo, os Estados Unidos registaram mais de 1.200 mortes causadas pela infeção por covid-19. Segundo a Universidade Johns Hopkins, mais de 17 mil pessoas já recuperam da doença no país.
O estado de Nova Iorque, epicentro do covid-19 no país, registou 594 mortes nas últimas 24 horas, elevando o total para 4.150. O governador Andrew Cuomo disse que o “pico” está próximo.
No sábado, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, avisou que o número de mortos vão subir nos próximos dias, numa altura em que há mais de 330 mil casos confirmados e 9.600 óbitos no país.
Um paramédico de Nova Iorque, Michael Greco, disse, em declarações à Sky News, que os próximos oito dias serão os “mais tristes e destrutivos” nos EUA em muito tempo. “A escassez de equipamentos de proteção individual é um dos nossos maiores desafios. Infelizmente, a quantidade de paragens cardíacas que estamos a responder num único dia está a atingir um nível muito alto”.
“Ainda não sei se dobrámos a esquina, acho que vamos precisar de ver alguns dias seguidos de diminuição de números para realmente sentir que o pico já passou. Infelizmente, ainda acredito que ainda não vimos o pior. Os nossos homens e mulheres estão a ter de tomar decisões em campo para as quais ninguém foi treinado”, acrescentou.
Em declarações à Fox News, o cirurgião geral dos Estados Unidos, o vice-almirante Jerome Adams, afirmou que esta semana será a “mais triste e difícil da vida da maior parte dos norte-americanos”, comparando a pandemia com dois dos momentos mais traumáticos da história do país.
“Isto vai ser o nosso momento Pearl Harbor, o nosso momento 9/11. A diferença é que não será localizado, estará a acontecer por todo o país”, lamentou, fazendo um paralelo entre a pandemia gerada pela covid-19 no país e o ataque japonês contra a base naval de Pearl Harbor, na 2.ª Guerra Mundial, e ao atentado em 11 de setembro de 2001 contra o World Trade Center.
O ataque a Pearl Harbor, em 1941, provocou 2.403 mortos e 1.143 feridos. Já nos ataques terroristas em 11 de setembro de 2001 contra as Torres Gémeas, o Pentágono e um avião, que caiu na Pensilvânia, 2.996 pessoas morreram. As mortes provocadas pela covid-19 já superaram o total de mortes dos dois acontecimentos.
O chefe da Saúde Pública ressaltou a necessidade do isolamento social para evitar que o sistema de saúde do país entre em colapso, garantindo que ainda será possível alterar o desfecho da pandemia.
Itália com menor número diário de mortes
Itália continua a registar uma tendência de queda nos números de novos contágios e de mortes provocadas pela covid-19. Este domingo, revelou-se que, nas últimas 24 horas, morreram 525 pessoas vítimas da infeção e foram confirmados 4.316 novos casos.
Este é o número diário de mortes mais baixo em mais de duas semanas.
Depois de a 27 de março se ter registado o pico do número diário de mortes, com 919 óbitos confirmados, o número de mortes tem vindo a descer gradualmente ao longo da última semana. Já o número de novos casos tem vindo a manter-se entre os 4 e os 5 mil.
Os números totais do surto em Itália são neste momento 128.948 casos de infeção e 15.887 mortes. Até agora, 21.815 doentes já recuperaram da infeção, havendo ainda 91.246 doentes infetados.
Em França, morreram mais de 500 pessoas nas últimas 24 horas, num total de mais de oito mil óbitos – 5.889 ocorreram nos hospitais e 2.189 em lares de idosos e outras instituições. O número total de infetados ultrapassa os 70 mil, com um aumento de 1.873 este domingo.
Há 28.891 pessoas hospitalizadas e 6.978 em cuidados intensivos. Do total de casos, 22.361 pessoas infetadas encontram-se em instituições sociais e médico-sociais, incluindo lares de idosos.
16.183 pessoas já receberam alta hospitalar desde o início do surto em França, tendo regressado a casa após o internamento hospitalar.
China diz ter menos de 1.300 infetados
A China anunciou que o número de infetados com a covid-19 é de 1299, a primeira vez desde janeiro que baixa da barreira dos 1300.
A Comissão Nacional de Saúde da China disse que, nas últimas 24 horas, foram registados 39 novos casos na China continental, que exclui Macau e Hong Kong. Destes, 38 são provenientes do exterior, os chamados casos importados. O único caso de contágio local diagnosticado foi registado na província de Guangdong, vizinha da cidade de Macau.
O número de pacientes que superam a doença e recebem alta diariamente excede os novos infetados. Nas últimas 24 horas, 114 pacientes receberam alta, em comparação com as 39 novas infeções detetadas.
A China relatou ainda uma única morte, no período em análise. Trata-se de um paciente em Wuhan.
Assim, o número total de infetados na China desde o início da pandemia é de 81.708, dos quais 3331 morreram e 77.078 pessoas tiveram alta após a superarem a doença.