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Em Israel, 40% da população está vacinada. China doa 200 mil doses de vacina ao Zimbabué

Vasco Célio / Lusa

O ritmo de vacinação no mundo está a ocorrer de forma muito diferente. Israel já leva um grande avanço em relação a vários países. Zimbabué recebeu uma doação de vacinas da China. Na Europa, Boris Johnson é pressionado para aliviar as medidas e a OLAF chama a atenção para as vacinas falsas.

Israel vai reabrir na próxima semana comércio e museus e, a partir de março, bares e restaurantes, numa altura em que 40% da população já está vacinada para a covid-19, anunciou o Governo.

Segundo comunicado hoje divulgado pelo gabinete do primeiro-ministro, o início do fim do terceiro confinamento no país será a 21 de fevereiro, domingo, com a reabertura de comércio de rua, centros comerciais, museus e bibliotecas.

Indivíduos que tenham recebido ambas as doses da vacina, ou que tenham anticorpos para a covid-19 devido a anterior infeção, poderão também frequentar pavilhões desportivos, hotéis, piscinas e salas de espetáculos.

Depois de o ensino pré-escolar e primário ter retomado na semana passada, serão agora retomadas as aulas de ensino preparatório e secundário em zonas com baixa taxa de contágio.

A partir de 7 de março, segundo o Governo, também os restaurantes e bares serão autorizados a reabrir, se a situação da pandemia continuar a evoluir favoravelmente.

Já esta sexta-feira, serão parcialmente levantadas restrições à concentração de pessoas, podendo até dez pessoas juntar-se em espaços interiores e 20 no exterior.

Os voos internacionais, suspensos desde 24 de janeiro, não serão retomados antes de 20 de fevereiro e as fronteiras terrestres continuarão encerradas.

As medidas foram anunciadas numa altura em que 3,9 milhões de israelitas, 40% da população, já receberam a vacina, dos quais 2,5 milhões ambas as doses, graças a um acordo com a farmacêutica norte-americana Pfizer, que permitiu ao país ser líder mundial de vacinação para a covid-19.

O número de casos novos diários em Israel caiu de 8.000 em meados de janeiro para 4.900 atualmente e espera-se que a vacinação em massa continue a acentuar a tendência de descida.

Zimbabué recebe vacinas da China

O Zimbabué recebeu esta segunda-feira um primeiro lote de 200.000 vacinas contra a Covid-19 doadas pela China e fabricadas pela farmacêutica Sinopharm.

De acordo com a agência France-Presse, as vacinas chegaram esta segunda-feira de manhã cedo ao aeroporto de Harare a bordo do único avião operacional no país, um Boeing 767 da Air Zimbabwe, utilizado pelo ex-presidente Robert Mugabe para receber tratamento médico no estrangeiro.

“Não esqueceremos que, numa situação de necessidade, a China reagiu rapidamente”, disse no aeroporto o vice-presidente do Zimbabué, Constantino Chiwenga, saudando o que classificou de doação “oportuna” e “mais uma prova dos longos laços de amizade e solidariedade” entre os dois países.

As vacinas terão ainda de ser verificadas pela autoridade local de controlo de medicamentos antes de poderem ser administradas, de acordo com o Governo.

O Zimbabué é o primeiro país da África Austral a receber a vacina chinesa contra a covid-19.

A sua eficácia contra a variante que surgiu na vizinha África do Sul e que se espalhou amplamente não foi divulgada publicamente.

No próximo mês, iremos adquirir 600.000 doses adicionais à China e o programa continuará até atingirmos o objetivo de 1,8 milhões de doses”, disse o ministro das Finanças, Mthuli Ncube, que também esteve presente no aeroporto.

O Governo está em negociações com outros laboratórios, incluindo o fabricante russo das vacinas Sputnik V.

A Guiné Equatorial também recebeu recentemente vacinas do Sinopharm da China, que já foram utilizadas também em campanhas de imunização, nomeadamente nas Seychelles e no Egito.

O Zimbabué visa vacinar 10 milhões de pessoas, cerca de dois terços da população, para alcançar a imunidade de grupo.

Boris Johnson está sob pressão

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, preconizou esta segunda-feira um alívio do confinamento “cauteloso, mas irreversível”, agora que mais de 15 milhões de pessoas no Reino Unido receberam a primeira dose de uma vacina contra a covid-19.

“Temos que ser muito prudentes e o que queremos ver é um progresso cauteloso, mas irreversível, e penso que é isso que a população e as pessoas de todo o país vão querer ver”, disse, durante uma visita ao Orpington Health and Wellbeing Centre, no sudeste de Londres.

Johnson está sob pressão para definir um calendário para o levantamento de restrições, tendo um grupo de deputados do Partido Conservador pressionado o executivo a comprometer-se com uma reabertura completa da economia e sociedade em maio, após a vacinação de todas as pessoas com mais de 50 anos, como está previsto.

O setor da aviação e turismo também quer que o Governo reabra as fronteiras para turistas e permita aos britânicos fazer férias no estrangeiro a partir de maio, alegando estarem em risco 2,4 milhões de empregos, segundo uma campanha chamada SOS Save Our Summer [Salvem o Nosso Verão].

Contudo, o primeiro-ministro reiterou que quer reduzir ainda mais o número de infeções, que nos últimos sete dias registaram uma média diária de 13.200 casos, e admitiu que poderá ser necessário prolongar o confinamento para algumas atividades.

“Se for possível, determinaremos datas”, prometeu Boris Johnson, a propósito do roteiro para o desconfinamento que vai apresentar dentro de uma semana, a 22 de fevereiro, o qual deverá começar pela reabertura das escolas a partir de 8 de março.

O plano dirá respeito a Inglaterra, já que os governos autónomos da Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte determinam as regras nas respetivas regiões.

Depois de alcançar a meta de vacinar 15 milhões de pessoas dos quatro grupos prioritários, nomeadamente maiores de 70 anos, pessoas clinicamente vulneráveis e profissionais de saúde ou trabalhadores de lares de idosos, as autoridades de Saúde vão agora começar a imunizar pessoas entre 65 e 69 anos.

Entretanto, para evitar a importação de casos com novas variantes com mutações contra as quais as vacinas possam ser menos eficazes, o Reino Unido começou hoje um regime de quarentena controlado, em que os viajantes de 33 países do sul de África e da América do Sul terão de passar, às suas custas, 10 dias em hotéis determinados pelas autoridades.

A lista inclui Portugal, o único país europeu, Brasil, Angola e Moçambique, enquanto que viajantes de outros países podem continuar a cumprir a quarentena na sua própria residência, mas na Escócia todas as chegadas internacionais estão sujeitas a este regime de quarentena controlada.

Os pacotes têm de ser reservados com antecedência pelos passageiros num portal do Governo e custam 1.750 libras (cerca de 2.000 euros), e incluem transporte para os hotéis, refeições e dois testes adicionais, ao segundo e oitavo dia da quarentena.

“À medida que este vírus mortal evolui, as nossas defesas devem evoluir. Já tomámos medidas duras para limitar a propagação, proteger as pessoas e salvar vidas”, justificou o ministro da Saúde, Matt Hancock.

Países da UE instados a manter-se atentos a ofertas de vacinas falsas

O Organismo Europeu de Luta Antifraude (OLAF, na sigla em inglês) alertou esta segunda-feira os Governos da União Europeia (UE) para que “se mantenham atentos às ofertas de vacinas contra a covid-19”, por serem “muito frequentemente falsas”.

Num comunicado, a diretora-geral do OLAF, Ville Itälä, frisa que tem “ouvido muitos relatórios de impostores a oferecem vacinas a Governos em toda a UE”, fazendo-se “falsamente” passar por representantes de “empresas legítimas” e “alegando ter na sua posse, ou ter acesso, a vacinas”.

Sublinhando que este tipo de ofertas “pode adquirir várias formas” – da “entrega de exemplares de oferta para garantir o primeiro pagamento, e depois desaparecer com o dinheiro” à “entrega de lotes de vacinas falsas” – Ville Itälä, refere que todas elas têm um elemento em comum: “são falsas”.

“São embustes organizados para defraudar as autoridades nacionais que procuram aumentar o ritmo da vacinação para manter os seus cidadãos seguros. Devem ser travadas o mais rapidamente possível”, salienta a diretora-geral do OLAF.

Nesse âmbito, Itälä refere que o OLAF “adicionou um nível suplementar” à sua investigação atual sobre “produtos falsos de proteção contra a covid-19”, com o objetivo de “combater o comércio ilícito de vacinas para a covid-19”.

Segundo a responsável, este comércio ilícito pode estar “possivelmente a ser levado a cabo através da importação ilegal [de vacinas] para a UE” ou através da “comercialização de medicamentos fraudulentos”.

O alerta do Organismo Europeu de Luta Antifraude surge após, na sexta-feira passada, o portal de notícias Euractiv ter publicado uma notícia que citava declarações do primeiro-ministro checo, Andrej Babis, segundo as quais a farmacêutica AstraZeneca teria proposto uma compra paralela de vacinas ao seu Governo.

No artigo, Babis referia que, “enquanto a AstraZeneca se recusou a entregar 80 milhões de doses à UE”, a República Checa e outros três Estados-membros da UE “receberam ofertas recorrentes desta vacina” através de um “intermediário no Dubai”.

“Acreditem em mim, teríamos definitivamente aproveitado esta oportunidade se tivesse sido realista. Mas não temos esse dinheiro. E, claro, temos acordos europeus e temos de respeitá-los”, disse Babis segundo o Euractiv.

Em resposta, a farmacêutica AstraZeneca rejeitou as declarações do primeiro-ministro checo, sublinhando que “se alguém oferece vacinas privadas, é provavelmente fraude, devem ser rejeitas e reportadas às autoridades nacionais”.

Nesse mesmo dia, perante estes relatos, a Comissão Europeia alertou para o risco de compras de “vacinas fraudulentas” pelos Estados-membros.

ZAP // Lusa

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