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Irão apreende dois petroleiros britânicos no Estreito de Ormuz

Um petroleiro com bandeira britânica foi alegadamente apreendido pela Guarda Revolucionária Iraniana nas águas do Golfo. Mas não foi o único.

De acordo com a BBC, os proprietários do Stena Impero — o nome do navio –, que estava em rota a caminho da Arábia Saudita, ainda não foi possível estabelecer contacto com a embarcação, que “continua a rumar a norte em direção ao Irão”.

A empresa confirma que ia a bordo uma tripulação com 23 pessoas. A embarcação terá sido abordada por “pequenas barcos não identificados e um helicóptero”, algures no Estreito de Ormuz.

Entretanto, a BBC cita um site de monitorização de embarcações para mencionar que, afinal, há mais outro petroleiro, também ele ligado ao Reino Unido, que fez uma curva apertada e segue rumo ao Irão.

O Ministério da Defesa britânico afirma que está a par de relatos que dão conta do desvio de outro barco, o liberiano MV Mesdar, que tem proprietários britâncios.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido dizem estar “urgentemente” à procura de mais informações. Ao que tudo indica, o comité de emergência do governo britânico, o COBRA, está reunido em Whitehall para discutir este incidente que surge numa altura de tensões exacerbadas entre o Reino Unido, EUA e o Irão.

A agência noticiosa Tasnim citou a Organização Marítima e dos Portos do Irão que afirma ter recebido “denúncias” de que o petroleiro britânico “estava a causar problemas”. “Pedimos às forças militares que guiassem o petroleiro até ao porto de Bandar Abbas para que se desse início às investigações requeridas”, afirmou ainda.

Segundo a mesma agência, o petroleiro foi apreendido por ter quebrado três regulamentos: desligou o seu GPS, atravessou a saída do Estreito de Ormuz e não a entrada e ignorou ainda os avisos lançados pelas autoridades.

A empresa Stena Bulk é a proprietária do barco em questão e confirmou que o britânico Stena Impero foi abordado pelas 16h da tarde desta sexta-feira, quando navegava em águas internacionais.

Num comunicado citado pela BBC lê-se que a mesma empresa não está a conseguir “entrar em contacto com a embarcação que continua a seguir em direção ao Irão.” Contudo não parece haver “qualquer relato de feridos” e a Stena Bulk garante que a segurança dos tripulantes é a “principal preocupação dos proprietários.”

O Mesdar – de que só se conheceu a apreensão horas depois do Stena Impero – tem bandeira da Libéria, mas os proprietários são britânicos. O petroleiro foi abordado por guardas armados que se deslocavam em dez lanchas, mas já estará livre para continuar o seu caminho, informa a BBC.

A operadora do Mesdar, a Norbulk Shipping UK, com sede em Glasgow, disse que restabeleceu a comunicação com a embarcação depois desta ter sido abordada por volta das 17h30. Adiantou que os 25 tripulantes estão “bem e em segurança”.

Na quinta-feira, o Irão apreendeu aquilo a que chamou “uma embarcação estrangeira” por estar a contrabandear petróleo no Golfo Pérsico. O navio foi intercetado perto da Ilha Larak, ao largo da costa do Irão. A apreensão terá ocorrido a 14 de julho, mas só esta quinta-feira foi noticiada.

Não há informações sobre quem é o dono da embarcação e foram detidas 12 pessoas. O combustível tinha como destino compradores estrangeiros. As autoridades afirmam que não foram apreendidos mais navios. O petroleiro em questão poderá ser o “Riah”, embarcação que pertence aos Emirados Árabes Unidos e que desapareceu em águas iranianas no domingo.

Escalada de tensão com os EUA

Também na quinta-feira, o Presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que um navio de guerra norte-americano destruiu um drone iraniano no estreito de Ormuz.

Donald Trump salientou que o “USS Boxer” tomou medidas defensivas depois de o drone chegar a cerca de um quilómetro do navio de guerra e de ter ignorado vários pedidos para parar, com o Presidente a referir que ameaçou a segurança da embarcação e da tripulação.

O Irão negou as declarações de Trump e afirma que nenhum drone iraniano foi destruído. “Não perdemos nenhum drone no estreito de Ormuz nem em lado nenhum. Receio que o USS Boxer tenha destruído um dos próprios aparelhos por engano!”, escreveu o ministro-adjunto dos Negócios Estrangeiros do Irão, Seyed Abbas Araghchi, no Twitter.

Já na sexta-feira à noite, o Irão divulgou um vídeo que afirma provar que um navio de guerra dos EUA não destruiu o drone iraniano perto do Golfo Pérsico.

No vídeo, a Guarda Revolucionária do Irão diz que o drone gravou três horas de vídeo do navio USS Boxer e de cinco outras embarcações norte-americanas, onde se prova que o aparelho não foi abatido pelas forças dos EUA.

Por outro lado, uma fonte não identificada do Governo dos EUA, citada pela agência France Presse, disse que as Forças Armadas têm “evidências claras” da destruição do drone.

Também na sexta-feira, um drone largou explosivos sobre uma base das forças paramilitares apoiadas pelo Irão, no norte do Iraque, matando um combatente iraquiano e ferindo dois iranianos, informaram autoridades de segurança iraquianas.

As autoridades do Iraque dizem que o drone deixou cair uma granada durante a noite, na base de Amirli, na província de Salaheddin, no norte do Iraque. Os EUA já disseram que não foram os autores do atentado.

Para já, ninguém reivindicou o ataque, mas as milícias xiitas, apoiadas pelo Irão, culparam o grupo jihadista Daesh. Também uma fonte do exército iraquiano, que não se deixou identificar, disse que provavelmente o Daesh estará por detrás do lançamento dos explosivos, descartando a hipótese de autoria norte-americana.

O Irão abateu recentemente um drone norte-americano que dizia estar a sobrevoar o país, com Donald Trump a afirmar que cancelou, no último momento, um ataque aéreo de retaliação que foi planeado na altura.

As tensões na região do Golfo intensificaram-se desde que os EUA se retiraram, em maio de 2018, do acordo nuclear assinado entre o Irão e as grandes potências em 2015 e repuseram também sanções sobre as exportações de petróleo de Teerão, exacerbando uma crise económica que fez afundar a moeda.

Recentemente, o presidente do Irão, Hassan Rouhani, disse que o país está pronto para negociar com os EUA se Washington levantar as sanções económicas.

ZAP // Lusa

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