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Inglaterra cria morgues depois de hospitais ficarem sem espaço. Panamá pondera contentores para depositar corpos

Marco Ottico / EPA

As autoridades britânicas tiveram que instalar morgues temporárias em algumas zonas do país depois de as morgues dos hospitais ficarem sem espaço para receber os corpos dos doentes que morreram com covid-19.

A Grã-Bretanha tem registado níveis máximos de mortes e novas infeções nas últimas semanas, valores que estão a ser alimentados pela nova variante, que teve impacto no aumento de novos casos, especialmente na zona de Londres e no sudeste da Inglaterra.

Em Surrey, a sul de Londres, os necrotérios do hospital local atingiram a capacidade de 600 corpos, o que significa que as autoridades locais tiveram que começar a usar uma morgue temporária.

“Para evitar que os pacientes que morreram sejam tristemente deixados em enfermarias ou, como vimos noutros países, em corredores, a morgue temporária é contactada para ir buscar os corpos quando os necrotérios estão a atingir a capacidade máxima”, disse um porta-voz das autoridades locais à Reuters.

Existiam, até há pouco tempo, cerca de 170 cadáveres nas instalações de Headley Court, um antigo espaço do Ministério da Defesa em Leatherhead, disse.

A morgue temporária, que tem espaço para 845 corpos, foi instalada pela primeira vez em Abril, durante o surto inicial de covid-19 na Grã-Bretanha. “Durante um período de doze semanas, de Abril a Junho, lidamos com 700 cadáveres. Nas últimas três semanas, lidamos com 330”, disse o porta-voz.

Instalações semelhantes foram instaladas ou estão a ser instaladas em Londres e Kent, também no sudeste da Inglaterra.

A Grã-Bretanha registou mais de 80 mil mortes e mais de três milhões de casos de covid-19. O diretor-geral da Saúde de Inglaterra alertou que as próximas semanas vão ser as piores da pandemia de covid-19 no Reino Unido devido à sobrecarga dos hospitais públicos, que estão a cancelar outro tipo de tratamentos devido ao elevado número de infetados com necessidade de internamento.

“Este é o momento mais perigoso que tivemos em termos de números no NHS [serviço nacional de saúde britânico]”, admitiu Chris Whitty à BBC.

Os hospitais ingleses estão atualmente a tratar 55% mais casos de covid-19 do que durante o primeiro pico da pandemia em Abril. Whitty salientou a importância de as pessoas respeitarem as regras e minimizar o número de contactos sociais.

Também no Panamá está a acontecer uma situação semelhante.

O Ministério da Saúde do Panamá pondera alugar contentores refrigerados para armazenar os corpos de vítimas de covid-19 devido à saturação das morgues dos hospitais nas zonas mais afetadas pela pandemia, incluindo a capital.

“Estamos a analisar a possibilidade de alugar contentores (refrigerados) para poder aliviar as morgues dos hospitais”, afirmou esta terça-feira Yelkis Gill, uma dirigente do Ministério da Saúde panamiano, em entrevista a uma televisão local.

Os contentores permitiriam conservar os corpos durante uma semana, o tempo necessário para as famílias concluírem os procedimentos administrativos, explicou Gill, depois de já terem sido instalados hospitais de campanha para receber os doentes.

O Panamá (4,2 milhões de habitantes) já registou mais de 281.000 casos de Covid-19 desde o início da pandemia e 4.500 mortos, com um aumento acentuado no último mês.

No passado dia 4, as autoridades decretaram um confinamento total da população na capital e na província de Panamá Oeste.

Brasil confirma circulação de nova estirpe na Amazónia

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o maior centro de investigação médica da América Latina, confirmou na terça-feira a identificação e circulação de uma nova estirpe do coronavírus originária do estado brasileiro do Amazonas.

Trata-se da mesma variante que chegou ao Japão depois de quatro viajantes japoneses visitarem a Amazónia brasileira, e que, segundo o vice-diretor de investigação da Fiocruz Amazónia, Felipe Naveca, apresenta uma série de mutações inéditas.

Uma nota técnica divulgada na terça-feira indica que as amostras analisadas nos japoneses acumulam um número “incomum” de alterações genéticas, além das verificadas na chamada proteína ‘Spike’ e que “se assemelham ao padrão observado” nas variantes identificadas no Reino Unido e na África do Sul.

“Se essas mutações conferirem alguma vantagem seletiva para a transmissibilidade viral, devemos esperar um aumento da frequência dessas linhagens virais no Brasil e no mundo nos próximos meses”, diz o documento.

O texto explica também que as mutações detetadas são um “fenómeno recente, provavelmente ocorrido entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021”, e “podem ser representantes de uma linhagem emergente no Brasil”.

ZAP // Lusa

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