O balanço deste domingo indica que existem, em Portugal, mais de 630 mil casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus.
Em declarações ao Público, Francisco Ramos, coordenador do plano nacional de vacinação contra a covid-19, indicou que, mesmo que os infetados integrem a lista dos grupos prioritários para vacinação, por viverem em lares ou serem profissionais de saúde na linha da frente, não deverão ser vacinados já, quer por estarem naturalmente imunizados, quer pelo número muito limitado de doses nesta primeira fase.
O responsável disse que esta regra está a ser cumprida nos lares de idosos e nos hospitais onde, neste momento, decorre a primeira etapa da vacinação. “Soube de dois ou três casos em que se escondeu que havia infetados para não se atrasar a vacinação”, revelou.
No portal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) esclarece que “a grande maioria das pessoas que já tiveram covid-19 adquiriram proteção contra a doença” e que, “presentemente, essa proteção aparenta durar pelo menos três ou quatro meses”, ainda que, “só com o tempo” se venha a saber “por quanto tempo mais se prolonga [a imunidade natural]”.
Enquanto o número de doses “for muito limitado, as pessoas que tiveram covid-19 no passado não serão priorizadas“.
Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos (OM), critica esta orientação. Em comunicado, divulgado este domingo, o responsável adiantou que a OM enviou uma lista de 6.562 médicos que querem ser vacinados e que estão fora do SNS ou a trabalhar no SNS através de empresas prestadoras de serviços, “mas nem meia centena terão chegado a receber a vacina”.
Ao Público, Francisco Ramos confirmou que o grupo de trabalho pediu à OM que “ajudasse a estabelecer contacto com os médicos em prática individual”, mas faz questão de notar que o que está definido no plano nacional é que deve ser dada prioridade na vacinação aos profissionais que trabalham em contextos em que o risco de contágio é maior, contextos que estão definidos no plano.
Ainda assim, sublinhou que todos os médicos prestadores de serviço que trabalharem nestes contextos devem ser vacinados na primeira fase. “O plano não fala em tipos de vínculos [laborais]. Os hospitais devem vacinar todos os que sejam do quadro ou tarefeiros que trabalhem em contextos considerados prioritários, como os que estão nos serviços de urgência ou nas áreas dedicadas à covid-19, por exemplo.”