Os dados são do boletim divulgado esta sexta-feira pela Direção-Geral da Saúde, mas reportam-se às 24 horas anteriores, nos cuidados intensivos estavam internados 715 doentes com covid. O hospital de campanha de Lisboa está pronto para receber dez doentes ligeiros a partir de hoje e mais dez no domingo.
715 doentes em UCI representa mais de metade (57,2%) do total deste tipo de camas de que o país dispõe e que são usadas para responder também a outros doentes graves – como vítimas de AVC, acidentes ou enfartes – que precisam igualmente de cuidados altamente diferenciados. Contudo, a situação pode agravar-se, frisa o Público.
Mesmo no melhor cenário estimado pela Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares (APAH), dois terços do total de camas de cuidados intensivos pode vir a ficar ocupada com doentes covid no final da próxima semana.
Assim, no dia 29 deste mês, segundo as melhores estimativas, poderão estar internados 6427 doentes com covid, dos quais 844 em unidades de cuidados intensivos (UCI), o que significaria 67,5% do total destas camas. Já na pior das hipóteses, o número de doentes hospitalizados pode ascender aos 7518, dos quais 987 em UCI (79% do total destas camas).
Porém, a capacidade de ventilação do país cresceu. De acordo com a Administração Central do Sistema de Saúde, “desde Dezembro já foram distribuídos aos hospitais mais 184 ventiladores”. “Assim, neste momento, o SNS conta com 2145 ventiladores para ventilação mecânica invasiva, o que representa um acréscimo de 1003 ventiladores, face aos 1142 ventiladores que o SNS tinha no início da pandemia.”
Mas só ter equipamentos não chega. Segundo os cenários da APAH serão precisos para tratar doentes covid entre 1665 e 1949 médicos, entre 11.894 e 13.902 enfermeiros e entre 4515 e 5275 assistentes operacionais.
Na saúde pública, o cenário é também de grande exigência. Entre inquéritos, primeiros contactos para vigilância ativa e contactos subsequentes, seriam precisos entre 12.424 e 14.557 rastreadores.
Hospital de campanha na Cidade universitária
“Sábado serão dez doentes, no domingo abriremos a mais dez. Portanto, durante o fim de semana, poderemos receber 20 doentes. A partir da próxima semana iremos aumentando sucessivamente até atingir a lotação máxima de 58”, avançou à Lusa o coordenador da Estrutura Hospitalar de Contingência de Lisboa.
António Diniz não precisou quantos profissionais estarão alocados ao hospital de campanha este fim de semana, mas garantiu que é “o número suficiente para assegurar o normal funcionamento”.
O coordenador da estrutura afirmou também que, ao longo da próxima semana, será “iniciado o processo de equipamento” de um novo pavilhão, que demorará cerca de duas semanas a ficar concluído e cuja capacidade andará “à volta de 100 camas”.
O hospital de campanha criado na Cidade Universitária deverá receber preferencialmente doentes dos hospitais da região de Lisboa em situação de maior pressão, mas António Diniz não descarta a hipótese de vir a auxiliar hospitais de outras zonas do país.
“Em princípio é da região de Lisboa, mas a situação tal como está atualmente pode mudar num curto prazo”, salientou.
Gaia com mais camas
O Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho (CHVNG/E) abriu hoje uma enfermaria com 33 camas para doentes covid-19, sendo este o terceiro espaço aberto em uma semana num total de 75 novas camas, indicou fonte hospitalar.
O espaço aberto hoje, e que já acolhe dois doentes, localiza-se na enfermaria de pneumologia.
Esta é a terceira enfermaria aberta no espaço de uma semana, uma vez que no passado sábado, dia em que o CHVNG/E ultrapassou os 1.000 doentes tratados com diagnóstico covid-19, este centro hospitalar abriu um espaço com 24 camas e na terça-feira abriu um segundo com 18.
Atualmente, o CHVNG/E tem internados 153 doentes com infeção pelo novo coronavírus, dos quais 24 em cuidados intensivos.
A mesma fonte apontou à Lusa que este centro hospitalar recebeu desde o início do ano oito doentes com covid-19 do Hospital Amadora/Sintra, bem como um de Cascais que foi internado na unidade de cuidados intensivos.
A abertura de novos espaços no CHVNG/E acontece num período em que Portugal tem vindo a registar diariamente novos máximos de mortes e de infeções pelo novo coronavírus.
Na quarta-feira, em entrevista à agência Lusa, o presidente do Conselho de Administração do CHVNG/E, Rui Guimarães, descreveu a gestão diária do hospital, comparando-a a um elástico.
“Mais um bocadinho e ele vai rebentar”, disse Rui Guimarães que também defendeu a lógica de “ajudar quem efetivamente precisa, esquecendo fronteiras”.
ZAP // Lusa
Coronavírus / Covid-19
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