Igreja angolana confirma: 20 jovens não regressaram ao país

Miguel A. Lopes / Lusa

Peregrinos dormem no Parque Tejo, em Lisboa, na Jornada Mundial da Juventude 2023

Pelo menos 20 jovens angolanos não regressaram ao país após a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em Lisboa, anunciou hoje a Igreja Católica angolana, observando que ainda se encontram em situação regular em Portugal até setembro.

“Em relação aos que não regressaram, à volta de 20, vale recordar que até ao mês de setembro eles têm visto regular e com visto regular cada um é livre de voltar mais cedo ou mais tarde”, afirmou o bispo angolano Belmiro Chissengueti, que coordenou a caravana angolana à JMJ Lisboa 2023.

Segundo o responsável, apenas no fim da vigência do visto dos cidadãos é que se poderá dizer que os angolanos, que permanecem em Portugal, “não vieram ou fugiram”.

“Uma vez que estão ainda em tempo útil dos seus vistos, apenas não regressaram com a delegação e pode ser que o façam em tempo útil antes da caducidade dos seus vistos”, admitiu.

Pelo menos 1.518 angolanos, residentes em Angola e na diáspora, estavam inscritos para participar na JMJ Lisboa 2023, que decorreu de 01 a 06 de agosto, e a partir de Luanda embarcaram 518 peregrinos para o encontro com o Papa Francisco.

O bispo Belmiro Chissengueti, que falava em conferência de imprensa de balanço da II Assembleia Plenária Anual dos bispos da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), confirmou que cerca de 20 jovens não regressaram a Angola.

De acordo com o prelado católico, a situação de premência de um ou outro angolano em Portugal “não pode causar qualquer estranheza”, na perspetiva de “ter encontrado melhor ambiente de trabalho, melhor qualidade de vida”.

“Pois, a emigração é parte integrante da condição humana, a procura de melhores condições de vida faz parte da inconformidade da vida humana em relação ao sofrimento e na busca sempre de melhores condições de vida, que não as encontrando no lugar onde está procura onde pode realizá-las melhor”, salientou.

Considerou que estes não seriam os primeiros angolanos a ficarem em Portugal até, porque, argumentou, têm “nota de que não são só os pobres que emigram, estão lá [em Portugal] famílias inteiras à busca de melhores condições de vida, o que é normal”.

“Nós apelamos é, sobretudo, que se fizesse uma emigração correta, aquela que por meio das oportunidades de trabalho oferecidas, fazer um bom contrato, ter um visto em condições para depois não se sujeitar aos caprichos dos empregadores”, rematou o também porta-voz da CEAST.

Guineenses também não regressaram

Mais de 50 peregrinos guineenses que viajaram para Portugal para participar na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) não regressaram à Guiné-Bissau, segundo dados avançados hoje à Lusa pelos responsáveis dos grupos deste país africano.

Dos 135 participantes das dioceses de Bissau e Bafatá e de duas organizações religiosas, cinco permanecem em Portugal para tratar de questões de saúde, mas no regresso dos grupos à Guiné-Bissau, as entidades locais notaram mais de 50 ausências.

Segundo explicou à Lusa o coordenador geral da delegação guineense, frei Galiano Oliveira, dos 71 elementos do grupo diocesano não regressaram 18, a organização Jufra regressou sem dois participantes e Focolares sem um dos peregrinos.

No dia 31 de julho, um grupo de 106 peregrinos de Angola e Cabo Verde, que tinham sido acolhidos em três paróquias da diocese de Leiria-Fátima, foi dado como desaparecido pela organização da JMJ.

Há suspeitas de que centenas, talvez milhares, de jovens peregrinos da JMJ não retornaram aos seus países de origem, tendo optado por ficar em Portugal ou migrar para outros países europeus, na busca de melhores oportunidades de vida.

ZAP // Lusa

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