Hayat Boumedienne, a companheira do terrorista Amedy Coulibaly, abatido pela polícia no âmbito dos atentados em Paris, foi detectada a apanhar a fronteira da Turquia para a Síria, no dia seguinte ao ataque ao jornal Charlie Hebdo.
As autoridades turcas revelam que Hayat Boumedienne não estava em França na altura dos ataques.
Apesar disso, Boumedienne continua na lista negra da polícia francesa que não deixou de a ter como potencial cúmplice dos terroristas.
Hayat Boumedienne terá chegado à Turquia a 2 de Janeiro, num voo proveniente de Madrid, e terá passado a fronteira para a Síria a 8 de Janeiro, precisamente o dia em que o seu companheiro matou dois polícias municipais, nas imediações de Paris.
Foi divulgado um vídeo onde uma mulher identificada como Hayat Boumedienne, com um véu islâmico branco, aparece a embarcar para a Síria, ao lado de um homem.
O governo sírio acusou, entretanto, a Turquia de deixar os “terroristas” passarem livremente as suas fronteiras, lamentando que o país vizinho é “o principal ponto de passagem para os combatentes terroristas que entram na Síria”.
Declarações que o primeiro ministro turco Ahmet Davutoglu refutou, durante uma visita de Estado à Alemanha, reclamando que o seu país não tinha informações suficientes para poder agir, quando Hayat Boumedienne chegou ao país. As autoridades turcas alegam também que informaram as autoridades francesas logo que a detectaram.
Entretanto, a Rádio francesa RTL noticia que a polícia encontrou, neste domingo, o alegado esconderijo onde Amedy Coulibaly preparou os seus ataques a dois polícias municipais e a um supermercado judaico. Ele terá arrendado um apartamento nos subúrbios de Paris, uma semana antes dos atentados. No local foram encontradas várias armas e diversas bandeiras do Estado Islâmico.
Foi também divulgado no Twitter, por um alegado apoiante “jihadista”, um vídeo de sete minutos, onde Amedy Coulibaly justifica as suas acções terroristas. Com uma arma ao lado e uma bandeira habitualmente associada à causa “jihadista”, o terrorista fala em francês, mas, por vezes, também em árabe, afirmando a sua lealdade ao líder do Estado Islâmico, Abu Bakr Al-Baghdadi, e repetindo a ideia de “vingança ao profeta” e de entendimento com os irmãos Cherif e Said Kouachi, os dois terroristas, também abatidos, que mataram 12 pessoas na redacção do jornal Charlie Hebdo.
O vídeo é feito à imagem de outros de propaganda do Estado Islâmico, mas deixa antever, curiosamente, na estante ao lado de Amedy Coulibaly, livros absolutamente insuspeitos como “A pequena vendedora de prosa” de Daniel Pennac, segundo aponta o jornal Le Figaro.
De notar que Cherif Kouachi assumiu perante uma televisão francesa pertencer à Al Qaeda do Yémen. A Al Qaeda e o Estado Islâmico são vistos como grupos rivais, no seio da causa “jihadista”, o que transforma esta actuação aparentemente conjunta, em Paris, num caso ainda mais preocupante.
SV, ZAP