Revista francesa Charlie Hebdo foi hackeada por agentes estatais do Irão

A Microsoft revelou esta sexta-feira ter identificado agentes estatais do Irão como os autores dos ciberataques recentes contra a revista satírica francesa Charlie Hebdo.

Segundo Clint Watts, diretor do Centro de Análise de Ameaças Digitais da Microsoft, os hackers, que se intitulam “Holy Souls” (“Almas Sagradas”), são membros da empresa de cibersegurança ligada ao governo iraniano Emennet Pasargad.

Em janeiro, os “Holy Souls” anunciaram ter obtido informações pessoais sobre mais de 200.000 leitores da Charlie Hebdo, e tornaram pública uma amostra dos dados como forma de prova do ataque cibernético.

Em 2015, homens fortemente armados atacaram a sede do jornal satírico francês, em pleno centro de Paris. O ataque resultou na morte de 12 pessoas, entre as quais dois polícias.

Uma semana após o ataque em Paris, também um jornal alemão da cidade de Hamburgo, que tinha reproduzido caricaturas do profeta Maomé do jornal francês, foi alvo de um ataque com uma bomba incendiária caseira, que foi atirada do pátio interno do edifício.

O ciberataque de janeiro ao Charlie Hebdo ocorre depois de o jornal francês ter publicado caricaturas do líder supremo iraniano, ayatolah Ali Khamenei, numa edição especial publicada no aniversário do ataque de 2015.

Segundo a agência AFP, o Irão advertiu oficialmente a França sobre o conteúdo das caricaturas, que considera “insultantes e indecentes“.

A Emennet Pasargad empregou, entre outras pessoas, dois iranianos acusados pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos de ter realizado uma campanha de ataques cibernéticos para “intimidar e influenciar” os eleitores norte-americanos durante as eleições presidenciais de 2020.

Os piratas cibernéticos colocaram à venda a base de dados hackeada da Charlie Hebdo por 20 bitcoins — cerca de 450.000 euros, diz a Microsoft, que batizou a operação de “Neptunium”.

“Independentemente do que se pense sobre as decisões editoriais da Charlie Hebdo, a divulgação de informação de identificação pessoal sobre dezenas de milhares de seus clientes constitui uma grave ameaça“, salienta a empres tecnológica.

ZAP //

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