O canal de televisão BFMTV conseguiu entrevistar os terroristas que foram mortos pela polícia, durante os ataques a Paris que ocorreram nos últimos dias. E confirmam-se as motivações islâmicas e anti-semitas e a sintonia nos atentados.
A chefe do serviço polícia-justiça da BFMTV, Sarah-Lou Cohen, explicou na emissão do canal que, pouco antes das 10 horas de quinta-feira, quando os irmãos Kouachi estavam barricados numa gráfica a cerca de 40 quilómetros de Paris, depois de terem assassinado 12 pessoas no jornal Charlie Hebdo, um dos jornalistas da redacção telefonou para a empresa.
Foi Chérif Kouachi a atender o telefone e houve uma primeira troca de palavras durante alguns segundos, conforme explica Sarah-Lou Cohen. Depois, houve um segundo telefonema, onde se registou a conversa.
Chérif Kouachi “sabe que fala com um jornalista e sabe que lhe vão colocar perguntas e responde muito claramente”, explica Sarah-Lou Cohen.
Na conversa de dois minutos, o terrorista fala “de maneira muito calma e determinada, como se tivesse preparado respostas”, realça a profissional da BFMTV, frisando que ele tinha “intenção de passar reivindicações”.
Na gravação divulgada pelo canal (que pode ouvir no vídeo reproduzido em baixo), é possível ouvir Chérif Kouachi a dizer que pertence à “Al Qaeda do Yémen” e que foi financiado e formado naquele país pelo imã Anwar Al Awaki. “Somos os defensores do profeta”, sustentou ainda.
Sarah-Lou Cohen refere também que Chérif Kouachi “reivindica o seu gesto dizendo que vingaram o profeta e explica também que refutam que mataram civis”. “Para eles, os jornalistas do Charlie Hebdo não eram civis, eram alvos”, acrescenta a jornalista da BFMTV, notando que ele argumentou ainda que “não vieram matar mulheres e crianças, mas que são os ocidentais que matam crianças no Iraque, no Afeganistão e na Síria”.
Depois disto, a BFMTV revela que, um pouco após as 15 horas, recebeu um telefonema de Amedy Coulibaly, o terrorista que estava na altura barricado numa loja judaica na Porta de Vincennes, nas imediações de Paris. Este terrorista queria entrar em contacto com a polícia, segundo aponta Sarah-Lou Cohen.
Na entrevista com o director-adjunto do canal, Amedy Coulibaly reivindica-se do Estado Islâmico, com instruções do Califa, e assume o conluio com os irmãos Kouachi. “Sincronizampo-nos para o início [dos ataques], quer dizer que eles começavam pelo Charlie Hebdo, eu pelos polícias”, ouve-se na gravação divulgada pela BFMTV. Este terrorista fala igualmente de forma muito calma e determinada.
Sarah-Lou Cohen nota também que Amedy Coulibaly admitiu na altura que havia quatro pessoas mortas na loja judaica, o que vem ao encontro dos relatos policiais, posteriores ao ataque, referindo que tinha sido o terrorista a matar as vítimas do incidente da Porta de Vincennes.
Quanto às motivações, Amedy Coulibaly terá dito que pretendia “defender os muçulmanos oprimidos, nomeadamente na Palestina”, e que a escolha do alvo terá tido razões anti-semitas, segundo diz Sarah-Lou Cohen.
Ora veja o vídeo com as declarações dos terroristas e com a contextualização das entrevistas por parte da BFMTV…
Conforme se pode ouvir no vídeo, a BFMTV não divulgou as entrevistas aos terroristas durante os ataques, na altura em que foram feitas, para evitar incomodar o trabalho policial e o desenrolar do processo.
SV, ZAP