Tiago Petinga / Lusa

O deputado do Chega, André Ventura.
Ventura assegura que vai avançar com comissão de inquérito aos incêndios desde 2017, apesar de PSD e PS defenderem comissão técnica independente — que deve avançar na mesma. Montenegro fala hoje no parlamento em debate sobre coordenação do combate aos fogos.
“Acho que damos um sinal ao país, dizer que não temos medo de fazer esta comissão de inquérito. Serão chamados aqueles que tiverem de ser chamados, tenham sido governantes, tenham sido dirigentes dos ministérios da Administração Interna, Proteção Civil, todos os que tenham responsabilidade”, afirmou André Ventura, prometendo apresentar um requerimento potestativo (de caráter obrigatório) para forçar a constituição da comissão de inquérito.
Ventura aproveitou para responder ao ministro do Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, que classificou um vídeo do Chega que circula nas redes sociais na zona afetada pelos incêndios como “um ultraje aos bombeiros”.
“Acho que o Paulo Rangel é o último que pode falar de vídeos para as redes sociais. Acho que era mesmo boa ideia que o Paulo Rangel não falasse de vídeos para as redes sociais”, disse, num tom irónico.
Questionado sobre as críticas do secretário-geral do PS, José Luís Carneiro, que criticou o Chega que “descobriu dez dias depois o que estava a acontecer ao país”, André Ventura respondeu, recordando que “o PS demorou oito anos”.
O líder do Chega disse ainda compreender a rejeição do PS a esta proposta, alegando que José Luís Carneiro, que já foi ministro da Administração Interna, quer evitar responder numa comissão parlamentar de inquérito. “Ele foi o ministro da Administração Interna em 2023 e 2024, ele sabe que com toda a probabilidade se vai sentar na comissão parlamentar de inquérito e quer fugir disso como o diabo foge da cruz”, afirmou.
Questionado igualmente sobre a resposta do PSD que considerou “despropositada e inútil” a proposta do Chega, Ventura recusou as interpretações de populismo e demagogia.
“Aqueles que não querem investigar nada, acham sempre que quem quer está a ser populista ou demagógico. Agora aqui está o Chega a dizer [que] vamos investigar isto até ao fim, vamos recomendar que vá para a cadeia quem tiver de ir, apurar responsabilidades de quem tiver que ser”, disse.
PS e PSD apertam a mão
José Luís Carneiro, mostrou-se satisfeito com a posição do líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, sobre a criação de uma nova comissão técnica independente sobre os incêndios.
“O Governo não nos ouviu. Contudo, li com atenção e com sentido positivo as declarações do líder parlamentar do PSD de que o Governo aceitava uma comissão técnica independente. Parece-me que é um bom princípio e, portanto, vamos aprová-la na Assembleia da República para avaliar o que correu bem e o que não correu bem”, afirmou aos jornalistas, em Viseu.
Na sessão de abertura da 21.ª edição da Universidade de Verão do PSD, Hugo Soares considerou “despropositada e inútil” a proposta do Chega de um inquérito sobre os incêndios desde 2017, mas disse ver “com bons olhos” a do PS de uma nova comissão técnica independente.
Montenegro no Parlamento
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, vai esta quarta-feira à Comissão Permanente da Assembleia da República para debater a coordenação do combate aos incêndios em Portugal, depois de os partidos da oposição terem feito críticas unânimes à atuação do Governo.
O debate, requerido pelo Chega e pelo PCP, está agendado para as 15h00 e terá uma duração de cerca de uma hora, começando com uma intervenção do Governo de seis minutos, a que sucederão intervenções de igual duração de todos os partidos, por ordem de representação parlamentar, cabendo o encerramento novamente ao Governo, para uma intervenção de 10 minutos.
A Comissão Permanente substitui o plenário da Assembleia da República no período das férias parlamentares, reunindo-se também no hemiciclo, embora com um número reduzido de deputados.
Antes deste debate, será lida no hemiciclo a mensagem do Presidente da República à sobre o veto à lei dos estrangeiros, anunciada em 8 de agosto, após o Tribunal Constitucional ter decretado inconstitucionais cinco normas da legislação.
ZAP // Lusa