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Há fortes indícios de que os gémeos iraquianos tentaram matar Rúben Cavaco

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(cv) SIC

Os filhos do embaixador do Iraque em Portugal deram uma entrevista à SIC para contar a sua versão dos factos

Os filhos do embaixador do Iraque em Portugal deram uma entrevista à SIC para contar a sua versão dos factos.

O Ministério Público considera que há “fortes indícios” de que os filhos gémeos do Embaixador do Iraque em Portugal tentaram matar o jovem Rúben Cavaco. Entretanto, sabe-se que o diplomata, que foi afastado do cargo, está envolvido em vários processos em tribunal.

O Iraque decidiu retirar Saad Mohammed Ali do cargo de Embaixador em Portugal, no seguimento das agressões cometidas pelos seus filhos gémeos a um jovem de Ponte de Sor, no distrito de Portalegre, no Verão passado.

Mas além deste caso, a Rádio Renascença apurou que o embaixador vai deixar Portugal com vários outros processos em tribunal por resolver. Em causa estão casos laborais, nomeadamente “alegados despedimentos ilícitos” durante a licença de maternidade ou “baixas médicas e redução de vencimentos”, em violação das Leis do Trabalho portuguesas.

A Renascença nota que pelo menos sete pessoas foram despedidas desde que Saad Mohammed Ali chegou a Portugal.

Uma das situações reporta a uma funcionária que estava em licença de maternidade, após ter estado em baixa médica por gravidez de risco. Ela foi despedida e “nunca lhe chegou qualquer carta oficial de despedimento, o que a deixou sem possibilidade de receber subsídio de desemprego”, aponta a Renascença.

Fonte da Embaixada justifica estes casos com a decisão do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Iraque de reduzir ordenados por causa da guerra contra o Estado Islâmico.

“Os funcionários locais não aceitaram os descontos, não aceitaram as informações que chegaram. Não temos nada a ver. O ministério tomou a atitude. Como eles não aceitaram, deixaram a embaixada. Nós não podemos fazer nada, porque a ordem é do ministério“, salienta esta fonte citada pela Renascença.

Um outro funcionário alega que o embaixador lhe solicitou que “cometesse ilegalidades” e que “foi despedido quando se recusou” a fazê-lo.

A Renascença atesta ainda que, num destes processos laborais, a Embaixada alega que a justiça portuguesa não tem competência para avaliar o caso por esta ser considerada “território soberano do Iraque”.

Um Tribunal de primeira instância deu razão à Embaixada, mas a Relação decidiu, no recurso, que os tribunais portugueses podem pronunciar-se sobre o pagamento dos salários, embora não possam determinar “a reintegração nem o pagamento de indemnizações”, refere a Renascença.

Fortes indícios de que gémeos queriam matar Rúben

Entretanto, a Lusa teve acesso aos autos do processo, no âmbito da agressão a Rúben Cavaco, por parte dos gémeos filhos do embaixador, e o Ministério Público (MP) considera que há fundada suspeita e fortes indícios de que estes tenham praticado um crime de homicídio na forma tentada.

A investigação do caso que ocorreu em Ponte de Sor, no Verão passado, exclui a intervenção de uma terceira pessoa e não reúne provas de que a vítima tenha sido atropelada, mas aponta para a tentativa de homicídio.

Nos autos do processo, consultados pela Lusa no Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Évora, nota-se que um dos irmãos saiu do automóvel e foi atrás de Rúben Cavaco, agarrando-o, e que o outro também saiu da viatura pouco depois. Ambos terão feito cair o jovem no chão, agredindo-o com violência, com murros e pontapés, principalmente na zona da cabeça e da face.

No documento é mencionado que os dois irmãos iraquianos continuaram as agressões mesmo quando a vítima deixou de se mexer e que só pararam quando uma testemunha e trabalhadores de limpeza do município se aproximaram do local.

Nos autos consta o único depoimento dado à GNR por um dos suspeitos, em que Ridha se queixa de terem sido vítimas de agressões horas antes e nega a existência de atropelamento e da intenção de matar o jovem de Ponte de Sor.

No seu depoimento, Rúben Cavaco afirma lembrar-se de uma luta entre todos no exterior de um bar em Ponte de Sor, não sabendo dizer quem começou, mas não se recorda das agressões de que foi vítima.

O MP realça que se mantém a imunidade diplomática dos filhos do embaixador iraquiano, a qual obsta a que a acção penal se dirija contra eles, notando que foram realizadas no essencial todas as diligências de inquérito.

ZAP // Lusa

8 Comments

  1. A facilidade com que esta gente se escapa das malhas da justiça é de fazer cair os queixos. Podem vir ao nosso país matar uma pessoa e ir embora como se nada fosse. Isto é escandaloso

  2. Pois, lendo isto quase me convenci de que Portugal é um país de bons costumes, que tem toda a moral para dar lições e que ficou impedido de aplicar magistralmente a justiça, contrariando o que é costume. Depois acordei…
    Não é que aquilo que Portugal queria fazer, o que apontou, as atitudes que tomou… estejam erradas, bem pelo contrário. Só não percebo porque não se aplica a justiça que se apregoa em todos os outros casos que vamos tendo por cá, e que infelizmente não são poucos…

  3. Portugal teve o seu primeiro ataque islâmico levado a cabo por dois terroristas que saíram impunes.
    Podia ter sido pior, mas a reacção do governo seria sempre branda e condescendente.

  4. Ser espancado a troca de meia dúzia de tostões, que bom! La vêm os ricalhaços dar uma volta a Portugal para aderirem a nova moda.
    Mais uma optimização do turismo por cá.

  5. E no entanto, pasme-se, tanto pai como filhos ainda vão ter direito a advogadas do AJ, diga-se, de borla, pagas por todos nós que pagamos impostos. Será que o embaixador tinha o salário mínimo nacional?

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