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Uma Grécia enfraquecida acordou com uma pandemia (mas tornou-se um exemplo europeu)

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Pedro Szekely / wikimedia

Tinha saído do terceiro resgate financeiro há apenas 18 meses, e acordou repentinamente com uma pandemia a bater-lhe à porta. Apesar das dificuldades, a Grécia conseguiu conter o crescimento exponencial e tem números muito baixos, quando comparados com os países vizinhos.

Os hospitais públicos da Grécia ainda não tinham recuperado de uma década de dificuldades financeiras e o país tinha apenas 560 camas em cuidados intensivos quando a pandemia de covid-19 surgiu em território grego.

O exemplo da vizinha Itália assustava, mas foi utilizado por políticos gregos nos inúmeros apelos de responsabilidade e compromisso à população. Com o escalar de casos em Itália, a Grécia começou a tomar medidas no fim de fevereiro, na altura em que registou a primeira morte.

Segundo o Observador, o país cancelou as paradas de carnaval, aumentou as restrições nas primeiras semanas de março e manteve as escolas, os restaurantes, os centros comerciais e todos os estabelecimentos públicos encerrados.

Pouco mais de um mês depois, a Grécia é apresentada como um sucesso europeu: atualmente, o país regista 2.145 casos positivos e 99 mortes, valores muito abaixo dos registados em países como Itália, França, Alemanha ou Reino Unido.

Andreas Mentis, do Instituto Helénico Pasteur, que trabalhou com o Governo grego na resposta à pandemia, explicou ao The Guardian que, apesar do pacotes de restrições, as medidas de distanciamento social não foram imediatamente acatadas e, por isso, o Executivo grego viu-se obrigado a reforçá-las.

As praias foram encerradas, os aglomerados públicos de mais de 10 pessoas proibidos, as viagens entre ilhas restringidas e, ao mesmo tempo, com um conflito com a Igreja Ortodoxa em mãos, depois de esta se ter recusado a suspender as missas e a comunhão.

Existiam na realidade, fraquezas, das quais tínhamos muita noção. Antes de o primeiro caso ser confirmado, já tínhamos começado a examinar pessoas e a isolá-las. Os voos que chegavam, principalmente da China, eram monitorizados. Mais tarde, quando alguns cidadãos foram repatriados de Espanha, por exemplo, garantimos que ficavam em quarentena em hotéis”, explicou.

A Grécia tem uma economia fortemente dependente do turismo e, devido a essa característica, os custos da resposta à pandemia já são muito altos e vão ser ainda superiores, depois da injeção de mais de 14 mil milhões de euros em subsídios estatais.

No entanto, os líderes gregos mantêm a esperança de que os benefícios da resposta à covid-19, a longo prazo, serão superiores às consequências prejudiciais, a curto prazo.

“Quanto mais depressa enfrentarmos uma crise sanitária, maiores são os custos económicos mas depois maiores são também os benefícios a longo prazo“, explicou ao diário britânico Alex Patelis, conselheiro do primeiro-ministro Kyriakos Mitsotakis para as questões económicas.

Ainda assim, o país tem ainda vários desafios em mãos, nomeadamente a Páscoa Ortodoxa, que se celebra no próximo domingo, dia 19, e os campos de refugiados, que continuam a ser considerados “bombas-relógio biológicas”.

ZAP //

32 Comments

  1. Apenas algumas considerações ao português:

    “Tinha saído do terceiro resgate financeiro a apenas 18 meses” -> há apenas 18 meses.
    “(…) uma década de de dificuldades” -> uma década de dificuldades.
    “(…) apenas 560 camas em unidades intensivos” -> unidades intensivas ou cuidados intensivos?
    “Existiam realidade, fraquezas, das quais tínhamos muita noção” – Será “Existiam na realidade…
    “(…) e os campos de refugiados, que continua a ser considerados” -> que continuam a ser considerados…

  2. Muita cautela com os números vindos da Grécia, é bem conhecido a sua manipulação… A Grécia com a mesma população que Portugal tem 4682 testes/ milhão de habitantes realizado Portugal tem 18798 testes / milhão de hab. ou seja não testando não se sabe o real números de casos.

  3. O nosso grande erro foi não monitorizar todas as pessoas vindas da China e pouco depois as de Itália quando já se sabia o que se passava nesses países

  4. E pronto… de uma notícia sobre a Grécia estão a discutir como se escreve em português. Bem, ou é isto ou ofensas, pelo menos aqui sempre se aprende…

  5. “ou é isto ou”
    Conjunções alternativas ou disjuntivas devem ser separadas por vírgulas.
    Ou seja, o correto seria “ou é isto, ou”.

  6. Lamentável estes “génios” que impregnam tamanha qualidade da sintaxe, da pontuação, da ortografia, do léxico…and so on!
    E a Grécia, que confina com Itália, foi esquecida em seus “endeusados” comentários!
    Ao que se chegou!
    Realmente, o “Grande Confinamento” fez aumentar a literacia…!
    Parabéns Zap por ser diplomata com ética, respondendo, com elegância, (passe a redundância) ao inequívoco “gozo” de alguns!

    • Caro Jorge Fernandes, eu não entendo como “gozo”, os contributos para que uma notícia fique mais bem escrita.
      Sobre o conteúdo da notícia, sendo suficientemente explicativa, não necessitaria de mais desenvolvimentos, considerando os comentários adicionais surgidos (Joe e, apesar de pouco explicativo de Alberto Tavares Pires).

      Agora “génios”…ahhh, não havia necessidade, nevertheless.
      🙂

  7. Carlos Silva, já que estamos a tentar utilizar as formas mais correctas e as expressões mais adequadas – passe o meu uso das grafias antigas -, “anglicismos”, por favor.

  8. “…depois da injecção de mais de 14 milhões de euros…”. Alguém no ZAP.aeiou não lida bem com números ou então não foi à escola. É caso para dizer, não distinguem um número de um eucalipto…

    • Caro leitor,
      Não temos a certeza de que haja um só jornalista do ZAP com menos anos de escola do que o senhor. Mas têm todos mais educação.

      • Não é necessário demonstrar de modo tão claro como “enfiaram a carapuça” até às orelhas. Poderia significar que tinham entendido a ironia, mas levaram-na para questões de educação, o que não me parece correcto. Os números têm um significado preciso e não devem ser referidos de modo leve, cada um que se “amanhe” a aceitá-los ou não. Infelizmente erram quase sempre, daí a referência à escola…

      • A resposta que o ZAP deu foi bem merecida. Podemos corrigir sem ser agressivos ou mal educados. Afinal, ninguém o obriga a ver o ZAP. Não gosta, mude!

      • Caro leitor,
        Quando o ZAP “enfia a carapuça”, como acontece frequentemente e até aconteceu um par de vezes nesta notícia, agradece humildemente o reparo e corrige o erro.
        Mas o ZAP não agradece má educação.
        Dizer que “não lidamos bem com os números” é uma critica normal, que aceitamos.
        Já dizer que “não fomos à escola”, e que “não distinguimos um eucalipto de um número”, não é ironia. É um insulto gratuito, seguido de outro insulto despropositado.
        É uma falta de educação, não é ironia.
        Sabe, os jornalistas do ZAP só têm a 4ª classe, mas pelo menos têm alguma.
        Isto, era uma ironia.

      • não tenho certeza mas a quantia (14 mi euros) me parece muito pequena, mesmo para as dimensões da economia grega.

      • “A Grécia tem uma economia fortemente dependente do turismo e, devido a essa característica, os custos da resposta à pandemia já são muito altos e vão ser ainda superiores, depois da injeção de mais de 14 milhões de euros em subsídios estatais.”
        Os 14 milhões foram injectados pelo Estado grego no âmbito da COVID19.
        Não é o valor do “resgate” grego, ao qual penso se referir Alberto Pires.

      • Apenas me pareceu que 14 milhões de Euros é uma quantia pequena para subsídios a um setor importante. Esperaria algo como centenas de milhões. Mas, se o número está certo, está certo. Grato.

      • Caro Daniel Araújo, pelo menos não sou só eu a considerar que os 14 milhões de euros são uma quantia irrisória a nível das “injecções do Estado Grego”, para poder alicerçar esperanças de que os benefícios a longo prazo sejam superiores às consequências prejudiciais. Este número é manifestamente insuficiente para o que quer que seja a nível de uma resposta mínima às necessidades de apoio da economia grega (afectada pela pandemia).

      • Caro Daniel,
        Obrigado pelo seu comentário.
        O senso comum diz-nos que 14 milhões parece pouco (mas é por exemplo a escala do apoio que o nosso Governo anunciou que vai dar aos media), e que 14 mil milhões parece muito (mas possivelmente adequado a um setor estratégico como é o caso).
        A nossa notícia recorre a duas fontes. Segundo o Observador, são 14 milhões de euros. Segundo o The Guardian, são 12 mil milhões de libras.
        Optámos por dar como boa a informação do The Guardian, razão pela qual corrigimos o valor no texto para 14 mil milhões.

  9. Acho interessante que os comentários tenham enveredado pela defesa da língua portuguesa, que é o bem mais precioso que nós possuímos. Fernando Pessoa identificou-a com a própria Pátria. Às vezes, é confrangedor vê-la tão mal defendida em alguns textos. Se me permitem vou continuar, na onda, e vou, também, fazer uma correção. Espero não ofender! Trata-se da Grécia: “…não ouvia ninguém falar dela até aparecer o bicho.” Concordo com a pessoa que refere que é melhor corrigir do que ofenderem-se, muitas vezes, sem se perceber porquê.

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