Em entrevista à RTP3, a diretora-geral da Saúde lamentou os “números açambarcadores” de mais de 16 mil mortos e 800 mil casos associados à covid-19, em especial o drama vivido no último mês de janeiro.
Graça Freitas admitiu que Portugal pode voltar a enfrentar uma nova vaga da pandemia de covid-19 nos próximos meses, mesmo com a atual campanha de vacinação em curso e sublinhou que, se pudesse voltar atrás no tempo, alteraria algumas das medidas que foram tomadas no combate à pandemia.
“Uma nova escalada do vírus está em cima da mesa, mesmo com a vacina”, reconheceu numa entrevista à RTP3, sublinhando: “O vírus sofre mutações. Não estamos livres disso, apesar da vacina. E não sabemos quanto tempo vai durar a imunidade, se vai proteger contra novas variantes ou como vai funcionar a imunidade natural”.
Questionada sobre os critérios de avaliação que devem orientar a definição do plano de desconfinamento, Graça Freitas realçou a diversidade de metodologias adotadas entre os países e salientou que não existe uma “receita” única pela qual todos podem copiar. No entanto, não deixou de apontar a primazia de quatro critérios.
“Os quatro indicadores que estão a ser mais ponderados – e que não excluem outros – são: incidência cumulativa a 14 dias, taxa de positividade, ocupação de camas em unidades de cuidados intensivos e o Rt [índice de transmissibilidade]”, frisou. A este nível sublinhou que Portugal está com um Rt “baixo” e com “uma taxa de positividade inferior a 4%”, mas relembrou a situação preocupante em internamentos e confessou que ainda é preciso “baixar um bocadinho” a incidência.
“Temos de consolidar todos estes valores e esperar ainda que alguns deles melhorem. Gostaríamos que a incidência baixasse mais para termos mais conforto. É preciso ter alguma cautela. Estes desconfinamentos nos outros países também estão a ser faseados”, notou.
Entre as maiores preocupações do confinamento está o encerramento das escolas e as consequências que esta situação pode ter nos alunos, com Graça Freitas a vincar que “a cautela aconselharia a que fosse uma abertura faseada, começando pelos graus de ensino com alunos mais novos”, embora tenha assinalado que não é uma decisão da sua responsabilidade.
A responsável da DGS assegurou que está previsto o arranque da testagem nas escolas com a retoma das atividades letivas e que os rastreios podem ser alargados em função do que for encontrado, mas deixou uma mensagem aos especialistas que defendem a testagem maciça como a solução para o combate à pandemia: “Os testes não são tratamentos nem vacinas”.
Já sobre a vacinação, Graça Freitas reconheceu que “o primeiro trimestre vai ficar aquém das expectativas”, por força da falta de disponibilidade de vacinas, mas mostrou esperança no cumprimento da meta de 70% da população vacinada até final de agosto.
Neste sentido, e questionada sobre os casos de vacinação indevida, Graça Freitas preferiu enaltecer as virtudes do plano de vacinação, mas não escondeu alguma mágoa com o impacto destas falhas: “A vacinação tem tanta potencialidade e tem tido coisas que têm corrido tão bem, que tenho muita pena que episódios iniciais menos bons possam não ter feito ver todas as potencialidades que a vacinação tem.”
Quanto a um eventual alargamento da utilização da vacina da AstraZeneca a pessoas com mais de 65 anos, a diretora-geral da Saúde não exclui a revisão que já está a avançar em alguns países. “À medida que vamos tendo mais informação de outros países, não o pomos de parte, porque permite vacinar mais rapidamente grupos mais velhos”, disse.
“Aconteceu uma avalanche”
Depois de passar em revista um ano de pandemia, que considerou ter sido “muito intenso” e “trágico”, durante o qual assumiu ter tido “momentos” em que pensou desistir, Graça Freitas lamentou os “números açambarcadores” de mais de 16 mil mortos e 800 mil casos associados à covid-19, em especial o drama vivido no último mês de janeiro, em que Portugal bateu máximos de óbitos e infeções.
“Aconteceu uma avalanche. Juntaram-se alguns fatores importantes e, por vezes, não se consegue prever a sinergia dos fatores. Tínhamos uma nova variante a circular, que aumenta a velocidade de propagação, estávamos no inverno e tivemos temperaturas extremamente frias, mas não havia uma previsão com uma dimensão destas. O que esperaríamos era uma terceira onda um bocadinho maior do que a segunda. O rasto que deixou é devastador”, concluiu.
Questionada sobre o regresso dos eventos culturais, com ênfase para os festivais de Verão, Graça Freitas relembra que a Inglaterra está a equacionar realizar eventos com público, garantindo que Portugal estará atento às conclusões que resultarem destes testes.
Porém, deixa claro que ainda é “muito cedo” para dizer taxativamente se estes eventos se irão realizar: “Vamos ter ali [em Inglaterra] um laboratório, bem como em outros países. Conseguiremos ver como foi o impacto disso, espetáculos com muita gente”, afirma.
Relativamente ao futebol, a diretora-geral da Saúde elogiou o cumprimento de regras nos testes-piloto, não colocando um prazo para o regresso dos adeptos às bancadas.
Em Portugal, morreram 16.430 pessoas dos 806.626 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
ZAP // Lusa
Coronavírus / Covid-19
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Esta senhora já desistiu há muito tempo. Se ela pensa desistir agora, não se vai notar nada, tal é a sua nulidade. Foi a tal abécula que dizia que não era preciso usar máscaras.
Ela disse que não era necessário usar máscaras porque nem sequer as havia no mercado nessa altura.
“porque permite vacinar mais rapidamente grupos mais velhos.” (sic)
Muito bem senhora ministra. O que interessa no seu curriculo é que nele conste que todos os velhos foram vacinados, independentemente de que essa vacina valha alguma coisa ou não. Já agora sugiro-lhe: Vacine toda a gente só com a água de diluição das mesmas. Vai ver, fica muito mais barato e dá para todos os velhinhos acima dos 65 anos e ainda sobra alguma para si…
Mas qual ministra?!
A diretora-geral da Saúde. Peço desculpa pela confusão.