/

Varoufakis cobra ao Governo português dívida de gratidão para com os gregos

9

Olivier Hoslet / EPA

Yanis Varoufakis durante uma reunião do Eurogrupo

O atual líder do movimento pan-europeu DiEM25, empenhado na formação de um movimento transnacional, participou esta quarta-feira no desfile na Avenida da Liberdade comemorativo do 25 de Abril, integrado no partido Livre.

Yanis Varoufakis, ex-ministro das Finanças grego, afirma que foram os gregos que abriram caminho ao Governo de esquerda em Portugal, ao lutarem contra a austeridade.

Em declarações ao Público, o antigo ministro critica as declarações de Centeno a defender que os gregos deviam fazer mais em termos de implementação do pacote de memorando para o crescimento, chegando a considerá-las erradas. “Isto é, de um modo fascinante e preciso, errado”, declarou.

Além disso, Varoufakis critica o ministro das Finanças português por ter celebrado um crescimento que não existiu. “Todos os anos na Grécia se celebra o crescimento e há estatísticas que o mostram, e depois, em abril do ano seguinte, surge a correção e vê-se que não houve crescimento. Não há crescimento”, insiste.

O vosso ministro celebrar um crescimento que não existiu é tornar a situação ainda pior. Especialmente vindo de um ministro das Finanças que nunca seria ministro das Finanças se o povo da Grécia não tivesse lutado contra aquelas chamadas reformas na primavera de 2015″, frisou.

É por esse motivo que “o Governo de esquerda – ainda bem que o têm – em uma dívida de gratidão para com aqueles que, como nós, lutamos contra as chamadas reformas que o vosso ministro das Finanças nos está a pedir para engolir“.

O que mudou com Centeno no Eurogrupo? “Nada”

O político que criou e lidera o movimento pan-europeu DiEM25 defende que, apesar de Centeno ser um “homem bom”, o problema é que “nada mudou” desde que é presidente do Eurogrupo. A culpa é da Alemanha, do “fantasma de Wolfgang Schäuble que ainda dita a política”.

“O vosso ministro das Finanças é um homem bom, mas no momento que aceitou a presidência do Eurogrupo tornou-se um instrumento do Eurogrupo e não o seu contrário. Olaf Scholz vem do SPD mas teve de jurar aliança ao programa de Schäuble. Talvez acredite nele, talvez não. Mas vai cumpri-lo”, afirmou.

Tiago Petinga / Lusa

O ex-ministro das Finanças da Grécia, Yanis Varoufakis na sua participação na manifestação comemorativa dos 44 anos da Revolução de 25 de abril na avenida da Liberdade, em Lisboa

“Precisamos de um movimento pan-europeu”

O atual Governo em Portugal foi formado porque já não era possível à Alemanha esmagar a esquerda portuguesa, como sucedeu com a Grécia no verão de 2015, disse o ativista grego.

“O Presidente da República portuguesa nunca daria o mandato à esquerda para formar este governo sem a ‘luz verde’ de Berlim, que estava preocupado com a perda da imagem da chanceler Angela Merkel, que tinha esmagado a Grécia no verão de 2015″, afirmou em entrevista à Lusa o antigo ministro.

“A destruição do Governo Syriza implicou que Angela Merkel perdesse muito capital político. E para ela era impossível também esmagar a esquerda portuguesa. Foi por isso que o vosso governo obteve ‘luz verde’ e registou-se um grau de tolerância face a este governo de esquerda em termos de terminar com a austeridade. Por isto, precisamos de um movimento pan-europeu“, sublinhou.

O DiEM25 – Movimento Democracia na Europa 2025 – agrupa diversas formações internacionais, incluindo o partido Livre de Rui Tavares, após o Parlamento Europeu ter rejeitado o princípio da apresentação de listas transnacionais para o escrutínio de 2019.

“Penso que os desenvolvimentos em Portugal e o facto de se ter formado este Governo são passos muito positivos, que saúdo. E também envio as minhas felicitações pessoais por terem conseguido travar a austeridade, e garantir à sociedade portuguesa um espaço para respirar”, assinalou Varoufakis.

Este não é um combate português, mas sim um combate europeu, defende o ex-ministro. Este Governo em Portugal nunca teria sido formado se não desencadeássemos a nossa luta antes de 2015 na Grécia”, assegurou.

O DIEM25 é assim definido pelo seu dirigente como um “local de democratas radicais“, que inclui marxistas, feministas, ecologistas e “liberais antissistema”, unidos para além das fronteiras ou filiações partidárias.

“O facto de estar aqui hoje em Portugal é uma demonstração de que a Revolução dos Cravos também foi a minha revolução. E exatamente após o que aconteceu em 2015, e sinto isso nas ruas, é também a sua luta, é uma luta que a humanidade deve combater em conjunto”, frisou.

ZAP // Lusa

9 Comments

    • E eu sou do PSD e cheguei a uma conclusão: Gosto muito do Centeno. Até porque sou há uma diferença para os anteriores ministros das finanças. Os anteriores diziam que iam cortar. Este não diz mas corta na mesma. Chama-lhe cativações. Carrega Centeno!

  1. ele esquece-se de uma coisa
    nos estamos a pagar a divida e espero que daqui a uns anos se possa respirar de alivio, enquanto os gregos estão cada vez mais endividados. quase todos os anos pedem dinheiro
    será que isto é uma maneira de luta deles contra a austeridade?
    a democracia tem muitas coisas que nem todos percebem, rssss

    • Estamos a pagar o quê? mas vocês vivem onde???
      A dívida está a aumentar dez mil milhões de euros por ano, em Dezembro de 2015 devíamos 230 M M, neste momento devemos 250 M M, não ganhamos só para os juros, deixem de mentir ás pessoas, pensam que são todos idiotas como vocês??
      Vocês não percebem de democracia, mas a tentar o povo são mestres, só se esquecem de uma coisa, a verdade vai acabar por aparecer.

  2. Mais um populista da extrema-esquerda que baixaram as calças perante as imposições da troika e agora vem armado este em herói!

  3. O amigo nunca viu nem verá cortes como no tempo da troika. Que me diga que na sua génese a culpa também foi do PS, é outra conversa. Agora que este Governo tenha feito mais cortes e imposto mais sacrifícios do que nos tempos do “além da troika”, disso poupe-me. Sou funcionário público e não preciso que me expliquem o que se passou, de péssima memória. Ainda lá estivessem, e a receita seria a mesma.

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.