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Médicos, enfermeiros e farmacêuticos: Governo está a falhar e “pode comprometer combate” à covid-19

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Angelo Carconi / EPA

Três ordens profissionais da área da Saúde enviaram hoje uma carta ao primeiro-ministro a alertar para a “escassez de equipamentos de proteção individual” e pedir um reforço da proteção dos profissionais de saúde.

Na carta aberta enviada a António Costa, os bastonários das ordens dos Médicos, dos Farmacêuticos e dos Enfermeiros sublinham que a situação de crise de saúde pública internacional provocada pelo novo coronavírus representa um desafio ímpar a nível económico e de organização dos sistemas de saúde para qualquer país e que “Portugal não é certamente exceção” e, precisamente pelas carências que já antes enfrentava, não pode “descurar a antecipação de todas as medidas possíveis para preparar o país e os seus vários setores para a pandemia” da doença Covid-19, provocada pelo novo coronavírus.

Sublinham na missiva que o primeiro caso de covid-19 no país foi noticiado a 2 de março, o que “deveria ter proporcionado uma margem de manobra superior à de outros Estados que foram confrontados com o surto mais cedo e em fases em que a informação sobre as medidas a tomar era mais incipiente”.

“Infelizmente, é entendimento da Ordem dos Médicos, da Ordem dos Enfermeiros e da Ordem dos Farmacêuticos que o Governo, e o Ministério da Saúde em particular, não têm estado a acautelar medidas básicas e que podem comprometer todo o esforço de combate a este surto, de que é exemplo máximo a escassez de equipamentos de proteção individual”, queixam-se.

As três ordens profissionais afirmam que lhes continuam a chegar milhares de “relatos de situações muito difíceis que os profissionais de saúde estão a enfrentar no terreno sem estar devidamente acautelada a proteção das suas próprias vidas, dos seus familiares e dos seus doentes”.

Referem que a falta de equipamentos de proteção individual “está a contribuir para que entre o número de infetados, ou de pessoas colocadas em quarentena por contacto com casos positivos, estejam muitos profissionais de saúde”.

“Não estaríamos a cumprir o nosso papel de associações de interesse público, em defesa dos direitos dos nossos doentes e dos médicos, enfermeiros e farmacêuticos, se não transmitíssemos a V. Exa. a preocupação real de, quando atingirmos o pico da pandemia, não dispormos nos nossos hospitais e centros de saúde de um número profissionais de saúde suficiente, em virtude de terem adoecido”, dizem os bastonários na carta a António Costa.

“A este propósito, atente-se a uma notícia vinda a público no dia 24 de março, de Espanha, com o diretor do Centro de Emergências e Alertas de Saúde do Ministério da Saúde espanhol a admitir que aquele país conta com mais de 5.400 profissionais de saúde com Covid-19 por os stocks de equipamentos de proteção individual não terem sido suficientes. Os casos de Covid-19 entre profissionais de saúde representam em Espanha 12% do total de infeções, contra 8% em Itália e 4% na China”, descrevem.

As ordens salientam que “a orientação 013/2020, publicada pela Direção-Geral da Saúde no passado dia 21 de março, mesmo nos casos de alto risco de exposição, apenas prevê uma vigilância ativa do profissional e, só perante febre ou sintomas respiratórios compatíveis com Covid-19, serão iniciados os procedimentos de caso suspeito, como a realização de exames laboratoriais”.

“Esta aplicação conservadora dos testes, tanto nos profissionais como nos casos suspeitos entre cidadãos, vai em sentido contrário ao que se tem feito em países que têm publicado alguns artigos com os bons resultados no controlo do surto através desta metodologia, como a Islândia, Alemanha, algumas zonas de Itália ou Coreia do Sul”, onde “os primeiros dados, agora consolidados, de que a infeção pode ser assintomática em muitos dos cidadãos reforça a importância de testar mais pessoas na fase de mitigação em que nos encontramos”.

“Vivemos tempos extraordinários, em que todos temos de tomar decisões com base em muito pouca informação, mas temos já uma certeza: antecipar, proteger e testar são três metodologias sem as quais nunca poderemos obter os melhores resultados para Portugal e para os portugueses”, vincam.

As ordens afirmam que continuarão “a dar todo o apoio e colaboração à Autoridade Nacional de Saúde e ao Governo” e apelam: “Precisamos da sua ajuda. Ajude-nos a proteger todos aqueles profissionais que cuidam de nós”.

ZAP // Lusa

9 Comments

    • Concordo plenamente com o Pedro, não só deve denunciar, como tem essa obrigação moral, lembre-se que está tudo aflito com falta de recursos.
      Sempre considerei que quem sabe, podendo provar, claro, e não denuncia, está conivente e é tão responsável como quem pratica o ilícito.

    • Então fale! Mandar bocas nos comentários da net é muito fácil.
      Ah! E a seguir pode ir ao meu serviço no CHULC mostrar-me onde deveriam estar e quem levou os EPIS que nós nunca tivemos.

      • Ó Ana não perca tempo com a Ana Isabel. Já é conhecida aqui no ZAP pelos disparates com que nos brinda regularmente.
        Boa sorte para si e para o seu serviço! Continuem o excelente trabalho que estão a fazer pela população portuguesa, mesmo tendo em conta todas as condicionantes, e nós sabemos que são muitas.

  1. É vergonhoso como estes três representantes de ordens se comportam. Estará tudo bem? Não, não esta. E onde está? Onde estão os meios de proteção individual? Que país tem as necessidades satisfeitas numa situação de pandemia? São os treinadores de bancada e quererem encher a pança do setor que lhes interessa. Nem o lider do vosso partido tem posições tão reles. Aliás os três representantes tentam ter lugares de relevo em governos, mas nem os seus partidos os querem nas suas fileiras porque são muito baixos e fracos. Se fossem competentes como profissionais estariam a desempenhar a funções como outros. Nem reparam no ridículo em que caem. Sanguessugas e oportunistas.

  2. Então denuncie, caso não o faça é cúmplice.
    Esse tipo de comportamento é malicioso e perigoso, a senhora D. Ana Isabel faz uma acusação susceptível de a comprometer. Neste preciso momento, enviarei para o ministério publico o contexto da sua acusação.
    O pais não precisa de pessoas como a senhora.
    Tenha vergonha, vá denunciar o caso dos roubos nos hospitais às autoridades.

    • Concordo plenamente consigo, aqui, na Internet, pode-se dizer tudo e mais alguma coisa, mas acho que até aqui, deveria haver consequências, bem sei que Justiceiro não é o meu nome, mas não quero ser perseguido ou indiciado pelas minhas ideias radicais, mas não venho para aqui com conversas como a Senhora D. Ana Isabel, este não pode continuar a ser um espaço de impunidade, concordo com a liberdade de expressão, mas há limites para tudo. Acho que faz muito bem. desejo-lhe saúde e que se mantenha em segurança.

  3. Eu venho agora de acabar de ler num outro local de que uma encomenda de material médico do Estado português feito à China foi simplesmente anulado pelos chineses porque um outro país ofereceu mais pelo mesmo material. Portanto a prostituição económica afecta todas as sociedades e classes sociais como se vê, mas o que me escandaliza muito mais é toda a dependência dos chinocas que hoje existe em Portugal e na Europa, serão contas a ajustar com os políticos dos países em causa e a União Europeia depois da mortandade passar, será bom que sejam interrogados até à exaustão e culpabilizados pela leviandade com que a cobro da globalização puseram todo o poder industrial e económico nas mãos dos asiáticos, sobretudo chineses por agora, isto é crime!

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