Empresa de entregas opera num país repleto de contradições. Porque “o que é bom para a economia é bom para a guerra”.
A guerra muda um país, obviamente. E a Ucrânia, palco do maior ataque militar na Europa desde a II Guerra Mundial, é um país de contradições.
Há batalhas centradas nas zonas leste e sudeste, aparente normalidade em diversas cidades como a capital Kiev, misturada com constantes sirenes e falhas de luz.
Precisamente em Kiev, parece que nem se passa nada na maioria do tempo: trânsito normal, pessoas nas esplanadas, passeios ao domingo, parques cheios de crianças, pais e avós.
E eis que, no meio da rotina, surgem motos da Glovo.
O jornal La Vanguardia, de Barcelona – a Glovo é uma empresa de Barcelona – destaca esse retrato da Ucrânia que a empresa de entregas consegue apresentar.
É uma espécie de radiografia realista de um país em tempos de guerra. E a Ucrânia não é um país irrelevante no mercado da Glovo: é o terceiro maior mercado, só superado por Espanha e Itália.
A Glovo continua a fazer entregas em cidades como Kharkiv e Dnipro – sim, onde há ataques constantes.
Mal a Rússia invadiu a Ucrânia, a ordem foi para parar tudo; mas houve indignação imediata por parte dos seus trabalhadores em Kiev.
“As tropas russas estavam a poucos quilómetros mas insistiam que deveríamos continuar“, conta Sacha Michaud, co-fundador da Glovo.
Dois dias depois do início da guerra, a empresa estava de volta às operações, entregando essencialmente medicamentos e comida aos militares.
Os trabalhadores da empresa espanhola (tal como de outras empresas) mantiveram a prioridade de ganhar dinheiro, além da nova prioridade de defender o país.
A Glovo dá a indicação aos funcionários de pararem de trabalhar quando soa uma sirene. Mas há quem arrisque e continue; a responsabilidade é de quem decide, nesses casos.
“O que é bom para a economia é bom para a guerra”, resume o co-fundador da Glovo.