Sanções tornam “impossível” regresso do Nord Stream. Zelenskyy pede ajuda à China para acabar com a guerra

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A empresa russa Gazprom disse esta quinta-feira que as sanções aplicadas a Moscovo, devido à invasão da Ucrânia, fazem com que seja “impossível” o regresso de uma turbina, da Siemens, essencial ao funcionamento do gasoduto Nord Stream.

Numa nota, citada pela agência Lusa, a empresa referiu que “os regimes de sanções impostos pelo Canadá, União Europeia e Estados Unidos [EUA], bem como a discrepância entre a situação atual e as obrigações contratuais existentes da parte da Siemens fazem com que seja impossível a entrega” da turbina.

Nas últimas semanas os países europeus têm indicado que acreditam que Moscovo está à procura de um pretexto para atrasar o regresso da turbina e reduzir ainda mais as entregas de gás, no contexto das tensões em torno da Ucrânia.

Na sequência da crise do gás, os Estados-membros da União Europeia (UE) acordaram reduzir o consumo em 15% no próximo inverno, por temer uma rutura no fornecimento russo. Vários países têm já tomado medidas para controlar o consumo de energia, nomeadamente na Alemanha, na França e em Espanha.

Zelenskyy pede para falar com Xi

O Presidente da Ucrânia quer falar diretamente com o líder chinês Xi Jinping para lhe pedir que ajude a acabar com a guerra, admitiu Volodymyr Zelenskyy ao South China Morning Post., numa entrevista publicada esta manhã.

“É um estado muito poderoso. É uma economia poderosa”, o que “pode influenciar política e economicamente a Rússia. E a China é [também] membro permanente do conselho de segurança da ONU”, disse o líder ucraniano, exortando a China a usar sua influência política e económica sobre os russos para pôr fim aos combates.

Zelenskyy indicou ao jornal que a Ucrânia pediu oficialmente uma conversa com Xi, mas até agora não teve sucesso.

Ao contrário das grandes potências do Ocidente – que têm imposto sanções à Rússia – a China tem adotado uma postura mais neutral. Pequim defendeu que a soberania de todos os países deve ser respeitada, mas afastou as sanções, criticando a expansão da influência da NATO e da UE para o leste da Europa.

Rússia sente-se ameaçada pelas armas

O mais recente relatório do Ministério da Defesa do Reino Unido, divulgado esta quinta-feira, referiu que “as unidades de mísseis e artilharia da Ucrânia continuam a atingir fortalezas militares russas, agrupamentos de pessoal, bases de apoio logístico e depósitos de munições”, o que “provavelmente afetará o reabastecimento logístico militar russo e pressionará os elementos de apoio ao combate militar russo”.

O relatório sugeriu ainda que a Rússia está a defender ativamente as travessias do rio Dnieper que ligam a cidade ocupada de Kherson à parte Sul da região.

“As forças russas quase certamente posicionaram refletores de radar piramidais na água perto da ponte Antonivskiy e da ponte ferroviária próxima recentemente danificadas, ambas que atravessam o rio Dnieper em Kherson, Sul da Ucrânia”, indicou o relatório britânico.

O objetivo da implementação destes refletores de radar será “esconder” a ponte Antonivskiy – importante rota de reabastecimento russo que foi atacada por mísseis ucranianos – em imagens de radar e outros equipamentos militares.

“Isso destaca a ameaça que a Rússia sente devido ao aumento do alcance e da precisão dos sistemas fornecidos pelo Ocidente“, conclui o Ministério da Defesa do Reino Unido.

Entretanto, o Guardian noticiou que os russos estão envolvidos em atividade militar considerável. Dmytro Zhyvytsky, governador da região de Sumy, que faz fronteira com a Rússia, disse que três cidades foram bombardeadas na quarta-feira, com 55 mísseis, atingindo residências e estabelecimentos comerciais.

O autarca Yevhen Yevtushenko de Nikopol, a oeste de Zaporizhzhia, no centro da Ucrânia, disse no Telegram que sua cidade foi bombardeada durante a noite.

Há cerca de 2500 pessoas encurraladas na cidade de Avdiivka, em Donetsk, mesmo depois de Kiev ter imposto uma “retirada obrigatória” dos civis na região. Segundo os militares, as condições na cidade são “desumanas”: não há água, gás, nem eletricidade. As forças russas têm bombardeado a cidade cerca de 20 vezes por dia.

Jeremy Corbyn pede que pare de enviar armamento

“Enviar armas não vai trazer uma solução, só vai prolongar e escalar a guerra”, defendeu o antigo líder do Partido Trabalhista britânico Jeremy Corbyn, numa entrevista ao Al Mayadeen, pedindo aos países ocidentais que interrompam o envio de armas para a Ucrânia.

Embora seja contra a operação militar russa na Ucrânia, que caracterizou como “fundamentalmente errada”, acredita que é preciso um maior esforço para alcançar a paz, prevendo que podemos vir a ter “anos e anos” de guerra.

O britânico pediu às Nações Unidas que tenham um papel mais central na resolução do conflito, sugerindo também um maior envolvimento de outras organizações internacionais, como a União Africana ou a Liga Árabe.

Para Corbyn, o Reino Unido esteve muito próximo de ser “arrastado” para um envolvimento direto na guerra, indicando que o ex-primeiro-ministro, Boris Johnson, acredita ser como “Winston Churchill” e que crê que será considerado um “líder heroico” se continuar a tirar fotografias com o Presidente ucraniano.

Andy Rain / EPA

Jeremy Corbyn

Corbyn foi suspenso do partido em 2020 por ter recusado as conclusões de um relatório da Comissão de Igualdade e Direitos Humanos sobre a forma como, sob a sua liderança, se tratou o antissemitismo. Em novembro de 2020, acabou por ser expulso do partido.

Governo da Suíça proíbe importações de ouro russo

A Suíça, país que possui muitas refinarias para derreter barras de ouro, proibiu as importações deste metal precioso desde a Rússia, voltando a alinhar com as sanções da UE, revelou na quarta-feira o governo.

O Conselho Federal (Governo) seguiu a sanção determinada pela UE em 21 de julho, acrescentando a proibição da importação de ouro de origem russa à lista de restrições, em resposta pela invasão da Ucrânia por Moscovo.

Tradicionalmente neutra, a Suíça rompeu com a sua habitual reserva dias depois do início da guerra na Ucrânia, alinhando com as sanções económicas da UE. No entanto, a adoção das sanções às importações de ouro pela Suíça era aguardada com ansiedade.

Em maio, três toneladas de ouro da Rússia foram importadas do Reino Unido, sem que tivesse sido possível identificar qual empresa as trouxe para a Suíça, revelou a agência Bloomberg.

O quarto conjunto de sanções impostas pela UE em 15 de março abrangeu bens de luxo, proibindo a venda, fornecimento, transferência ou exportação de bens de luxo para a Rússia, incluindo ouro, prata, pérolas e diamantes. Em 21 de julho, adicionou a proibição de importar ouro, inclusive na forma de pó, sucata ou moedas de ouro.

A Suíça tem muitas refinarias para reciclar ouro e fundir barras de ouro, num setor que representa 1.500 empregos diretos de acordo com a ASFCMP.

Taísa Pagno , ZAP //

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