Forte onde Salazar caiu da cadeira está quase totalmente destruído

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Rúdisicyon / wikimedia

Forte de Santo António da Barra, em São João do Estoril, Cascais.

Alvo de vandalismo e de abandono do Estado, nos últimos anos, o Forte de Santo António da Barra, em São João do Estoril, Cascais, está praticamente todo destruído, ao que apurou o Expresso, lembrando a importância história do imóvel onde Salazar caiu da cadeira.

O Expresso teve acesso a fotografias do Forte de Santo António da Barra que ilustram as graves consequências do vandalismo de que o edifício com mais de 400 anos de história tem sido alvo. O jornal fala numa “destruição quase total”.

O Forte, onde Salazar costumava passar férias e onde caiu da cadeira, no acidente que foi fatal para o ditador e para a ditadura do Estado Novo, está abandonado desde 2015, ao que apurou o semanário.

No interior do edifício que data do século XVI e que foi classificado como imóvel de Interesse Público, em 1977, há “garrafas de cerveja vazias”, grafites por todo o lado e azulejos estilhaçados no chão, relata o Expresso. E há ainda “buracos nas vedações” que o deveriam proteger, portas “destruídas” e “vidros partidos”.

A situação de abandono do espaço é justificada pela Câmara de Cascais, presidida por Carlos Carreiras, com o “bloqueio unilateral do Governo”, no âmbito da transferência da propriedade do Forte.

Fonte da autarquia conta ao jornal que a transferência da propriedade do imóvel para a Câmara está prevista num acordo que data de 2015, mas que ainda não foi concretizado.

“Foram seguidas todas directrizes da Direção Geral do Tesouro e Finanças mas mesmo assim, passados mais de dois anos e após esforços mantidos antes e depois dessa data, não se criaram as devidas condições formais para que o auto de cessão fosse assinado”, salienta fonte da autarquia.

“A concretização da cedência dos direitos de utilização e aceitação foi mantida na gaveta pelo Ministério das Finanças, via Direcção Geral do Tesouro e Finanças”, acrescenta a mesma fonte.

Assim, a Câmara de Cascais diz-se impedida de “travar a degradação que se agrava todos os dias”.

O objectivo da autarquia é instalar no Forte o Estoril Institute for Global Dialogue, responsável pela organização das Conferências do Estoril, e “um centro de Investigação e desenvolvimento ligado à Economia de Mar”, aponta o Expresso.

ZAP //

10 Comments

  1. E então o Governo não diz nada?
    Bem sabemos que a recuperação e manutenção deste património são caras, não proporcionam grande visibilidade mediática e, portanto, não rendem votos como as obras modernaças e de raíz.
    Que chatice! Porque é que Salazar e outros deixaram estas heranças que os governos atuais sempre de olho no futuro bem dispensavam? Porque é que não as abandonaram ou fizeram implodir? Era um favor que tinham prestado aos nossos governantes de agora…

  2. É triste o que este país se tornou, culpa de um povo que era corajoso, aventureiro, destemido, descobridor e agora está mais preocupado com o que o vizinho anda a fazer, e nos big brothers, casa de segredos, etc.! Em mais de 800 anos de história, passamos para um país sem justiça, sem grande ordem, sem educação e respeito, em que o estado deveria dar o primeiro bom exemplo e faz precisamente o contrário! É o primeiro a cometer erros que passam descaradamente sem punição! Vou dar exemplos:
    1- se devermos dinheiro ao estado temos que pagar imediatamente senão temos que pagar juros elevados e com risco de penhoras, mas se o estado dever-nos algo, ás vezes demoram anos a devolver! O estado quer deveres do povo e em termos de direitos estamos mal servidos;
    2 – a floresta do estado ardeu ( ex: pinhal de Leiria), como muitas florestas privadas! No entanto, não punem os criminosos incendiários, culpando os proprietários pela falta de limpeza! Mas pelos vistos também não limpam as florestas do estado;
    3- neste caso, ligado a este tópico, o estado não preserva a história! Somos um país de imensa riqueza histórica e no entanto deixa-a desprotegida!

  3. É mentira, apenas o querem desvalorizar para fazer mais um condomínio de luxo frente ao mar. Se não acreditam entrem lá as escondidas e vão ver o que acontece…

    • A um triste holandês sucede um triste português , duas “sopeiras” dos interesses financeiros da Alemanha. A implementação do euro como moeda, apenas, trouxe ganhos ou lucros a um único país . . .

  4. O Forte só era utilizado nos meses de Verão pelo então Chefe do Governo, que pagava uma renda ao Instituto de Odivelas, calculada com base nos preços de alojamentos hoteleiros daquela zona. Após terminar o seu uso com essa finalidade, o Forte voltou a ser para uso exclusivo do Instituto de Odivelas, Estabelecimento Militar de Ensino dependente do Exército, para alunas, familiares de militares ou de civis, com pagamento de propinas, tal como o Colégio Militar, para alunos. Há uns anos houve um governo que entendeu extinguir o Instituto de Odivelas, sem se perceber bem porquê, fechando o Convento de Odivelas onde estava instalado o Colégio. Das duas uma, ou acabará como o Forte ou será cedido para uso particular… para D. Dinis não se sentir abandonado. O Património Nacional actualmente pouca importância tem para o Estado. Tem de ser rentável nem que se tenha de “reabilitar” como tantos outros edifícios classificados, deixando a parte exterior (casca…) e desfigurando o interior. Vamos esperar para ver…

  5. Os Governos entre outras missões, tem o dever de zelar por tudo que é património de todos (de Portugal).
    Também nesta área, devemos questionar “e o que fazem os Sr. Deputados”.
    Se a memória não me está a trair, existe um Instituto que foi criado para cuidar do património.

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