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FMI admite erro sobre efeito da austeridade

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Christine Lagarde, Directora do FMI

Christine Lagarde, Directora do FMI

A directora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, admitiu hoje que a instituição errou quanto aos efeitos da austeridade nos países europeus em maiores dificuldades.

Lagarde falava no Parlamento Europeu no Comité Económico e Social Europeu, um órgão consultivo da União Europeia (UE), onde defendeu que a crise económica não acabou e pressionou os países europeus a adoptarem as reformas necessárias, como a união bancária.

Questionada sobre as consequências das políticas de austeridade recomendadas pelo FMI na situação económica e social dos países em maiores dificuldades, reconheceu que a instituição errou na hora de calcular esses efeitos no desemprego e no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).

“Como resultado demo-nos conta que era necessário mais tempo para a aplicação dos programas a países (resgatados como é o caso da Grécia e Portugal)”, apontou.

“Será que podemos realmente dizer que a crise ficou para trás quando há 12% da população activa sem emprego?”, perguntou a directora do FMI na sua intervenção.

“Há sinais evidentes de que nem tudo está bem” na UE, apesar dos esforços feitos para tentar virar a página da crise.

“Não há lugar para cantar vitória. É preciso fazer mais (…)”, exortou a diretora do FMI, convidando o Banco Central Europeu (BCE) a deixar as taxas de juro baixas e a lutar contra a inflação baixa.

Lagarde lembrou que a união bancária “continua uma prioridade”, numa altura em que os ministros das Finanças da UE estão a negociar o mecanismo para regular o destino dos bancos em falência na zona euro.

“A nossa posição no FMI é bastante simples: a união bancária deve ser um conjunto simples com um mecanismo único de supervisão e um mecanismo único de resolução dos bancos com uma rede de segurança comum”, afirmou.

“Sei que ainda há muitas coisas complicadas a ter em conta nesta altura, mas defendemos e exortamos a que seja considerado um sistema simples, eficaz, justo e o mais previsível possível”, disse.

Lagarde saudou os progressos alcançados na Europa desde o início da crise, traduzidos nas perspectivas de crescimento e na inflexão dos números do desemprego.

Mas “não pode haver abrandamento e não é com 1% de crescimento (esperado para o próximo ano) na zona euro que devemos abrandar o ritmo das reformas”, assinalou.

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