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Fisco irritado com a pressa do Ministério Público no caso Sócrates

José Coelho / Lusa

O Ministério Público terá dado orientações aos inspectores do Fisco que trabalham na investigação Operação Marquês, que envolve José Sócrates, no sentido de que o processo seja acelerado. Uma decisão que terá saído do topo da hierarquia e que desagrada a estes elementos.

Em causa está em concreto a decisão de dividir o caso “em pequenos processos de forma a avançar rapidamente com uma primeira acusação”, adianta o Diário de Notícias.

A medida será criticada pelo coordenador da equipa das Finanças de Braga, Paulo Silva, de acordo com o jornal.

Foi esta equipa do Fisco que em Novembro de 2014 avançou com a detenção de José Sócrates, em pleno Aeroporto da Portela, em Lisboa, tendo também trabalhado com o procurador Rosário Teixeira nos processos Monte Branco e Furação.

Paulo Silva terá manifestado o seu “desagrado” com esta alteração na estratégia do Ministério Público que, ao cabo de dois anos de investigação, ainda não proferiu qualquer acusação contra Sócrates.

A divisão do caso em processos individualizados vai complicar o trabalho dos inspectores e não acarretará conclusões num tempo que se “coadune com a vontade popular”, conforme cita o Diário de Notícias.

Ou seja, Paulo Silva e os seus pares sentem desconforto com a pressa que lhes querem impor e esse dado vem declarado no próprio processo da Operação Marquês, com o sublinhado de que a medida não foi tomada pelo procurador Rosário Teixeira, mas pela “estrutura do Ministério Público”, segundo transcrição do mesmo jornal.

Essas orientações terão partido directamente do director do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), Amadeu Guerra, e da Procuradora-Geral da República, Joana Marques Vidal, de acordo com a referida fonte.

O facto de estes detalhes virem descritos no processo é “estranho”, conforme nota um investigador da Polícia Judiciária no Diário de Notícias, considerando que o procurador Rosário Teixeira “já está a dizer aos arguidos o que é que vai acontecer, ao revelar a estratégia da investigação no processo”.

“Um processo-crime investiga factos e não é o lugar para desabafos ou irritações”, diz, por seu lado, uma fonte judicial ao mesmo diário.

Entretanto, Paulo Silva terá assumido conformismo perante os “novos objectivos”, por não ter outro remédio, tendo os mesmos partido de superiores hierárquicos.

ZAP

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