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Fenprof identifica 2.426 profissionais por vacinar. Professores acenam com baixa médica

Manuel de Almeida / Lusa

A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) identificou 2.426 casos de profissionais das escolas que ainda não não foram vacinados. Há professores a ameaçar meter baixa.

Sem contar com a região Norte, há 2.426 casos de profissionais das escolas – dos quais 1.247 docentes – que ainda não receberam a vacina contra a covid-19.

“Quase não nos aparece uma escola onde toda a gente tenha sido vacinada”, revelou o secretário-geral da Fenprof Mário Nogueira, em declarações ao Jornal de Notícias.

O responsável adiantou que também está em falta a vacinação dos professores das Atividades Extracurriculares, dos profissionais das cantinas e das empresas de limpeza dos estabelecimentos de ensino.

A situação, que se estende por várias escolas do país, está a provocar ansiedade e há mesmo professores a ameaçarem com baixa médica, avança o Diário de Notícias.

“Não sabemos o motivo e a falta de resposta é a grande questão”, contou Marco Marques, diretor do Agrupamento de Escolas do Castêlo da Maia acrescentando ter falado “com quem de direito” e ter levado a cabo “todos os procedimentos necessários para resolver o problema”.

Eva Matias, professora de Matemática numa escola da Amadora que sofre de hipotiroidismo – uma doença autoimune – não compreende “o silêncio” das entidades.

Ainda não fui contactada e o silêncio é inacreditável. Já fiz queixa ao Provedor de Justiça, enviei email para o Conselho de Ministros e Presidência da República e não tive resposta de ninguém”, explicou. “Dou aulas ao 9º ano. São alunos que não foram incluídos na testagem e que têm comportamentos de risco próprios da idade. São idades críticas, estão enfiados nas casas uns dos outros a conviver, andam sempre todos juntos e sem máscara no exterior da escola”.

A professora disse estar a “colocar a vida em risco diariamente” e pondera recorrer à baixa médica se a situação não se resolver. “Dou aulas há 23 anos e nunca meti baixa na minha vida, mas tenho muito medo de ir trabalhar. Não me sinto segura na escola e a verdade é que os alunos já não cumprem tanto as regras de segurança. Para eles, isto já passou”.

Também Fernando Couto, professor de Educação Física do Agrupamento de Escolas Cardoso Lopes, na Amadora, disse não se sentir seguro a dar aulas. “Na minha disciplina, os alunos estão sem máscara. Não me sinto seguro e sinto-me injustiçado por não ser vacinado e não ter sequer uma resposta. Não consigo compreender o silêncio e a falta de respostas”, referiu.

Fernando Couto apresentou queixa ao Provedor de Justiça e também pondera meter baixa.

Já Rosário Miranda, do Agrupamento de Escolas de Vieira do Minho, vai aguardar até ao dia 15 antes de avançar com a baixa médica. A docente, que sofre de lúpus, é doente de risco e tem a mãe, doente oncológica, a seu cargo.

Estou a pôr-me em risco todos os dias. Os alunos estão a cumprir cada vez menos as medidas de segurança. Acham que a doença não tem riscos para eles e relaxam muito. Sem vacina, não tenho como sentir-me segura”, afirmou.

No sábado, o coordenador da task force, Henrique Gouveia e Melo, revelou que ainda faltam vacinar 45 mil profissionais. Segundo o vice-almirante, a vacinação de professores, não docentes e profissionais de respostas sociais foi “um processo com diferentes fases”. No entanto, alguns destes profissionais “não conseguiram entrar” nos dois fins de semana em que decorreram as inoculações.

Gouveia e Melo, prometeu não deixar “ninguém para trás”.

Maria Campos, ZAP //

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