Recentes eleições na Alemanha reforçam a tendência que não se fica pela Europa: os partidos que eram marginais já não são.
Houve eleições na Alemanha no domingo passado, em dois dos maiores Estados do país: Baviera e Hesse.
Os conservadores (CSU/CDU) ganharam nos dois estados, enquanto os partidos da coligação “semáforo”, que formam o Governo central, sofreram um grande tombo: SPD, Verdes e FDP.
Mas outro partido destacou-se: a Alternativa para a Alemanha (AfD). O partido de extrema-direita subiu 5,3% em Hesse e 4,4% na Baviera.
Mais do que isso: passou a ser a segunda força política em Hesse e terceiro partido mais votado na Baviera. A nível nacional, a AfD é o segundo maior partido.
Este cenário não é único na Europa. Longe disso.
A agência Bloomberg sublinha que a extrema-direita está a avançar numa Europa “vulnerável”… de novo. Tal como aconteceu noutras fases – não muito distantes – da nossa História.
Os números confirmam: em quase metade dos 27 países da União Europeia, há um partido de extrema-direita no pódio.
Ou seja, há um partido de extrema-direita entre os três preferidos naquele país – ou em eleições que já se realizaram, ou em sondagens.
O exemplo mais próximo (cronologicamente) é a Eslováquia. Nesta quarta-feira, o vencedor das eleições do dia 30 de Setembro anunciou um acordo com a extrema-direita e com um partido de esquerda para formar Governo. Robert Fico, do partido Smer-SSD, vai juntar-se ao partido nacionalista SNS e ao Hlas-SD (este de esquerda). O próprio vencedor, Fico, é populista e já assegurou que a ajuda militar aos “fascistas ucranianos” vai acabar.
No dia seguinte, e como reacção a esse acordo, os Socialistas e Democratas no Parlamento Europeu suspenderam o Smer-SSD. Esta decisão surge precisamente devido à aproximação do partido do primeiro-ministro ao Governo da Rússia.
A Polónia vai ter eleições no próximo domingo, dia 15. A Confederação Liberdade e Independência deverá conseguir 11% dos votos e ficar no terceiro lugar; é um partido anti-imigração, anti-aborto, contra confinamentos por causa de pandemia.
Meloni lidera a Itália, em Espanha o Vox foi o terceiro partido mais votado nas últimas eleições, em França foi Macron a vencer mas Le Pen não ficou muito longe.
Na Áustria e na Bélgica, caso se confirmem os números mais recentes, serão partidos nacionalistas a vencer as eleições em 2024.
E, claro, Portugal, onde o Chega é o terceiro partido mais popular. Foi assim nas eleições do ano passado e todas as sondagens mais recentes prolongam esse cenário.
Na América o cenário repete-se: Donald Trump é acusado, detido, mas continua a ser um candidato sério à Casa Branca, nos EUA; na Argentina as eleições deverão ser ganhas por Javier Milei, que praticamente quer acabar com o Estado; no Chile já se prevê vitória da extrema-direita (alinhada com a ditadura de Augusto Pinochet) nas próximas eleições.
Há um factor, talvez inesperado, para esta tendência generalizada nos últimos três anos: a COVID-19. A pandemia criou mais eleitores descontentes, que questionavam todas as restrições e confinamentos – contexto aproveitado por alguns grupos ou mesmo partidos.
A guerra na Ucrânia, embora noutra escala, também ajudou partidos deste sector a ganharem adeptos: são eleitores que sentem que o Governo actual está a desvalorizar o próprio país e os seus habitantes. Na Estónia, quem lidera as sondagens é um partido que quer expulsar os refugiados da guerra na Ucrânia porque “a Estónia é dos estónios”.
Agradeçam a Angela Merkhel.
Políticas de fronteiras escancaradas resultaram nisto.
Toda a esquerda é culpada pela vulnerabilidade europeia. Desde partidos lunáticos de esquerda até à imprensa freteira. Vamos todos pagar caro e nem os lambe botas vão ser poupados