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A maior arma contra o calor: terracota, usada para proteger o primeiro imperador chinês

CoolAnt

Fachada de arrefecimento feita de terracota

Terracota ajuda a combater as temperaturas mais elevadas enfrentadas todos os anos pela Índia.

Perante o aumento das temperaturas e falta de soluções de arrefecimento, a Índia está a redescobrir uma tecnologia ancestral com mais de 3.000 anos: a terracota.

Usada desde a Idade do Bronze pela civilização Harappan para armazenar água, a cerâmica porosa ainda marca presença em muitas casas indianas sob a forma de potes de barro que arrefecem naturalmente a água. Agora,o material de argila cozida no forno está a ser adaptado para ser usado no combate ao calor.

Apenas cerca de 20% das famílias indianas têm ar condicionado ou ventoinhas, menos de um terço tem acesso a frigoríficos e centenas de milhões enfrentam temperaturas elevadíssimas sem arrefecimento artificial. Em 2024, o ano mais quente registado no país, mais de 700 pessoas morreram devido ao calor extremo. Estima-se que 76% da população indiana esteja em risco elevado ou muito elevado de exposição térmica.

Investigadores e arquitetos estão a aproveitar as propriedades naturais da terracota para desenvolver soluções de arrefecimento passivo, que não dependem de eletricidade, segundo a Scientific American. A superfície porosa da terracota permite a evaporação da água, retirando calor do ambiente envolvente.

Em cidades como Bangalor ou Deli, estão a ser implementadas estruturas como ecrãs ventilados, azulejos perfurados, fachadas respiráveis e até “frigoríficos de barro”, todos inspirados neste princípio.

O Ant Studio, sediado em Deli, tem vindo a aplicar a terracota em edifícios ao criar uma “segunda pele” sobre o betão que permite reduzir a temperatura entre 6 e 8 °C. Em regiões mais secas, este efeito poderá ser ainda mais eficaz. Já a MittiCool, no estado de Gujarat, desenvolveu frigoríficos de barro que mantêm os alimentos frescos entre três a cinco dias sem necessidade de eletricidade — uma alternativa para comunidades sem acesso fiável à rede elétrica.

Além de mais sustentável, a abordagem com terracota é mais económica e adaptada às necessidades das populações mais vulneráveis.

ZAP //

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