Manifestantes antirracismo derrubaram e incendiaram esta sexta-feira, em Washington, a única estátua de um general confederado erguida na capital norte-americana, no seguimento dos protestos que se seguiram à morte do afro-americano George Floyd.
No dia em que se assinalou nos Estados Unidos o fim da escravatura, os manifestantes aplaudiram quando a estátua de Albert Pike, com 3,40 metros de altura, rodeada por correntes, balançou no seu alto pedestal de granito antes de cair para trás, aterrando no chão.
A estátua foi incendiada e os manifestantes permaneceram ao seu redor enquanto ardia, cantando palavras de ordem como “sem justiça, sem paz” e “sem polícia racista”.
Relatos de testemunhas oculares e de vídeos divulgados nas redes sociais indicaram que a polícia estava no local mas não realizou qualquer intervenção.
O presidente norte-americano, Donald Trump, condenou na rede social Twitter o derrubamento da estátua, numa mensagem dirigida à mayor de Washington, Muriel Bowser. “A polícia não está a fazer o seu trabalho quando assiste enquanto uma estátua é derrubada e queimada”, escreveu.
No seguimento da morte do norte-americano George Floyd e das manifestações que se lhe seguiram, vários monumentos têm sido vandalizados e derrubados em cidades dos Estados Unidos, mas também na Europa, por serem associados ao racismo e a períodos da escravatura por alguns movimentos.
Uma multidão derrubou e atirou para as águas do porto de Bristol a estátua do comerciante de escravos do século XVII Edward Colston, mas o monumento foi já recuperado pela autarquia para que possa ser colocada num museu.
A estátua de outro esclavagista do século XVIII, Robert Milligan, foi removida de Londres na sequência de uma petição popular. A estátua de Winston Churchill foi coberta com tábuas de madeira para evitar ser vandalizada por “manifestantes violentos”.
Outros monumentos, como uma estátua do imperialista Cecil Rhodes, na universidade de Oxford, e a estátua do fundador da polícia britânica Robert Peel na praça central de Manchester, são alvo de controvérsia.
Uma estátua do rei Balduíno, tio do atual monarca e do príncipe Laurent, falecido em 1993, apareceu também coberta de tinta vermelha no centro histórico de Bruxelas.
A estátua do explorador Cristóvão Colombo vai ser retirada da cidade a que deu nome, Colombo, no Estado norte-americano do Ohio.
A permanência da estátua do navegador português Gaspar Corte-Real em São João da Terra Nova, no este do Canadá, está a ser analisada pelo governo provincial local.
Em Braga, a estátua do Cónego Melo, no centro da cidade de Braga, foi vandalizada. Já em Lisboa, foi vandalizada, a estátua do Padre António Vieira no Largo Trindade Coelho. O conjunto de esculturas, que inclui uma do padre António Vieira e outras de três crianças, foi pintado com tinta vermelha, tendo sido igualmente escrita a palavra “Descoloniza” na base do monumento.
ZAP // Lusa