Uma estátua do comerciante de escravos do século XVII Edward Colston foi hoje derrubada por manifestantes na cidade inglesa de Bristol, numa ação de protesto contra o racismo no Reino Unido.
Os manifestantes desta localidade no sudoeste de Inglaterra derrubaram este monumento de bronze, erguido em 1895 no centro da cidade, e levaram-no pelas ruas até ao porto.
A estátua de Edward Colston (1636-1721), um benfeitor da cidade que obteve a sua riqueza com o comércio e a exploração de escravos, já tinha sido objeto de controvérsia anteriormente, tendo um cidadão já pedido a sua remoção.
Em diversas cidades do Reino Unido, milhares de pessoas manifestaram-se hoje pela repulsa do assassinato do afro-americano George Floyd por parte de um polícia, em 25 de maio nos Estados Unidos.
Em Londres, Glasgow, Birmingham e Manchester, apesar do uso de luvas e máscaras, muitos não respeitaram os pedidos do Governo e da polícia, que alertaram para o perigo da concentração de grupos com mais de seis pessoas, como medida de combate à propagação do novo coronavírus.
De Budapeste a Madrid, passando por Roma, dezenas de milhares de pessoas fizeram ouvir as suas vozes na vaga de protesto que teve como ignição a morte de um cidadão negro asfixiado por um polícia branco em Minneapolis, nos Estados Unidos.
Na Tailândia, onde uma manifestação antirracista tinha sido proibida, mais de 200 pessoas participaram num protesto virtual, conectando-se na aplicação ‘Zoom’ para visionarem vídeos sobre o movimento ‘Black Lives Matter’.
No sábado, 14 pessoas foram detidas e pelo menos 10 elementos das forças de segurança ficaram feridos, em Londres, na sequência de um confronto que ocorreu no final da manifestação, que contou com a presença da cantora Madonna. Um pouco por toda a Europa, manifestações contra o racismo têm ganhado força.
Minneapolis pode desmantelar Departamento da Polícia
Este domingo, uma maioria de nove membros do Conselho Municipal de Minneapolis prometeu desmantelar o Departamento da Polícia.
De acordo com o jornal norte-americano The New York Times, as forças de segurança daquela cidade são acusadas de racismo há muito tempo.
Perante centenas de pessoas em protesto, os nove membros do Conselho Municipal de Minneapolis disseram que o atual sistema de polícia não poderia ser reformado, pelo que prometeram um novo sistema de segurança pública e assinaram um compromisso para desmantelar o Departamento da Polícia.
“Não deviam ter sido precisas tantas mortes para chegarmos aqui”, disse Kandace Montgomery, diretora do Black Vision Collective, uma organização que atua em Minneapolis desde 2017. “Estamos mais seguros sem patrulhas armadas, que não são responsabilizadas [mas] são apoiadas pelo Estado, a caçarem negros”.
O Departamento da Polícia responde perante o presidente da Câmara de Minneapolis, Jacob Frey, que pode vetar as ações do conselho. No entanto, os membros do conselho garantiram ter votos suficientes para anular um veto de Frey.
Trump recua em Washington
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ordenou este domingo a retirada dos 3.900 elementos da Guarda Nacional mobilizados para controlar as manifestações contra o racismo e a violência policial que agitaram a capital e o país nas últimas duas semanas.
“Acabo de dar uma ordem para que a nossa Guarda Nacional inicie o processo de retirada de Washington, agora que tudo está sob controlo. Eles vão para casa, mas podem regressar rapidamente, se necessário. Ontem à noite apareceram muito menos manifestantes do que o previsto”, disse o líder da Casa Branca, numa mensagem publicada na rede social Twitter.
A ordem surge no mesmo dia em que alguns meios de comunicação social norte-americanos revelaram, com base no testemunho de um funcionário do governo, que o presidente terá proposto na passada segunda-feira avançar com 10.000 militares para as ruas de Washington e de outras cidades para conter os protestos.
A proposta terá surgido num debate na Sala Oval da Casa Branca, mas, segundo a estação televisiva CBS, encontrou a oposição do Secretário da Defesa, Mark Esper, do Chefe do Estado-Maior, o general Mark Milley, e o Procurador-Geral dos Estados Unidos, William Barr.
Em alternativa, para responder à vontade de Trump, Esper e Miley contactaram os governadores dos estados afetados e pressionaram pela mobilização da Guarda Nacional.
Donald Trump tem vincado o objetivo de restabelecer “a lei e a ordem” no país, uma mensagem que já este domingo repetiu na rede social Twitter.
Nova Iorque levanta recolher obrigatório
A cidade de Nova Iorque vai levantar antes do previsto o recolher obrigatório imposto devido aos protestos contra o racismo e a brutalidade policial, anunciou o presidente da Câmara.
O recolher obrigatório, o primeiro em décadas em Nova Iorque e que abrangia toda a cidade a partir das 20:00, deveria estar em vigor até este domingo, mas será levantado ao mesmo tempo que a cidade entra na primeira fase de alívio das medidas de confinamento em vigor há mais de dois meses devido à covid-19.
“Ontem à noite vimos o melhor da nossa cidade”, disse o autarca, Bill de Blasio, numa mensagem publicada no Twitter, na qual anunciou o fim do recolher obrigatório “com efeitos imediatos”.
“Amanhã damos o primeiro grande passo para recomeçar”, acrescentou.“Amanhã damos o primeiro grande passo para recomeçar”, acrescentou.
Já no sábado, a polícia de Nova Iorque tinha recuado na imposição do recolher obrigatório, enquanto milhares de pessoas saíram às ruas e aos parques da cidade para se manifestarem contra a brutalidade policial, na sequência da morte do afro-americano George Floyd às mãos da polícia de Minneapolis.
Mais de duas horas depois da hora do recolher obrigatório, no sábado à noite, grupos de centenas de manifestantes continuavam a protestar em Manhattan e Brooklyn, enquanto a polícia vigiava sem intervir.
Políticos locais e defensores dos direitos humanos tinham apelado ao fim do recolher obrigatório, argumentando que a medida provoca uma tensão desnecessária quando a polícia a tenta impor, mas de Blasio tinha insistido na sua manutenção durante o fim de semana.
ZAP // Lusa
Que belo caminho em nome de justiça social e racial. Acontecimentos trágicos não justificam apagar a história, reescrever livros ou mesmo censurar outros.
Não me parece que seja apagar ou reescrever a História mas sim destruir a estátua de um indivíduo que não a merece.
Se nascesse naquela época iria considerar o tráfico de escravos normal, o bom deste mundo e que evoluímos, n podemos esconder os nossos erros e sim mostra los e corrigir, esse senhor foi 1 dos milhões de pessoas que aceitou a escravatura, acredito que até os seus antepassados aceitaram tranquilamente esse trafico já que naquela época era bem normal existir escravos. Já agora a escravatura n foi só com os africanos.
A História continua e neste novo capítulo cai ao chão a representação de outra visão. Por desgraça a escravatura não acabou ainda no mundo.