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Estado Islâmico planeava fazer mais ataques durante os atentados em Paris

Yoan Valat / EPA

Sobreviventes evacuados do teatro Bataclan

Os ataques terroristas de Paris de Novembro de 2015 poderiam ter causado ainda mais vítimas do que as 130 mortes que ocorreram. Eram esses os planos do grupo terrorista Estado Islâmico, mas que foram gorados pelas autoridades.

A CNN teve acesso a 90 mil páginas de documentos da investigação em torno dos ataques, com dados sobre as pistas encontradas, os interrogatórios e informações recolhidas dos telemóveis dos suspeitos. E os terroristas do Daesh tinham planos para realizar outros ataques em França, nomeadamente num supermercado e em áreas comerciais, e também na Holanda.

Os atentados causaram o maior número de vítimas na sala de espectáculos Bataclan, matando ainda pessoas nas imediações do Estádio de França e de restaurantes e bares, em Paris.

Mas os documentos consultados pela CNN apontam os nomes de dois novos terroristas que pretendiam fazer parte dos ataques e que tencionavam viajar para França, juntamente com Ahmad al-Mohammad e Mohamad al-Mahmod que se fizeram explodir nas imediações do Estádio.

Identificados como Adel Haddadi, da Algéria, e Muhammad Usman, do Paquistão, estes dois homens saíram de Raqqa, a dita capital do Daesh na Síria, seis semanas antes dos ataques de Paris, com falsos passaportes sírios, e passaram a fronteira da Turquia com outras dezenas de refugiados.

Os seus documentos falsos foram detectados pelas autoridades gregas que prenderam Haddadi e Usman durante cerca de um mês. Este atraso na viagem foi suficiente para gorar os seus planos de participarem nos ataques em Paris.

Haddadi e Usman acabaram por ser libertados em Outubro e a 14 de Novembro, no dia a seguir aos atentados na capital francesa, chegaram a Salzburgo, na Áustria, onde solicitaram asilo como refugiados, ficando alojados durante semanas num centro de acolhimento.

Nos dias que antecederam a detenção dos dois terroristas, as autoridades identificaram movimentações indiciadoras de que teriam intenções de viajar para Paris para eventualmente, levar a cabo novo atentado, conforme aponta a CNN.

A estação ainda revela que um dos suspeitos envolvidos nos ataques de Paris, identificado como Abid Tabaouni, cujo nome nunca tinha sido antes revelado, esteve foragido durante vários meses na Europa, só tendo sido detido no passado mês de Julho.

Os documentos a que a CNN teve acesso revelam o grau de organização da “rede sofisticada” do Daesh, nomeadamente a forma como os terroristas viajam para a Europa fazendo-se passar por refugiados e tendo acesso apenas, à informação e ao dinheiro essenciais em cada etapa do processo.

A CNN atesta que informações obtidas recentemente pelos serviços secretos apontam para a intenção do Daesh de infiltrar terroristas no Reino Unido para levar a cabo atentados também neste país.

Além disso, nota que a rede terrorista que existe actualmente na Europa “ainda hoje” espera “instruções dos manipuladores seniores na Síria” para levar a cabo novos ataques.

“O Daesh está a aumentar o seu planeamento internacional de ataques. Está cada vez mais sofisticado na forma como o faz. Instalou um sistema de apoio logístico complexo para estes terroristas para lançar estes ataques”, nota na CNN o especialista Paul Cruickshank.

Nos documentos consultados pela estação norte-americana fica ainda patente o “extensivo” uso de plataformas sociais como o Viber, o Telegram e o WhatsApp que usam sistemas de encriptação de mensagens para “comunicações seguras”.

“Os grupos de mensagens encriptadas têm o potencial para revolucionar a organização de planos terroristas permitindo a células inteiras coordenarem-se em tempo real sem se comprometerem”, alerta Cruickshank na CNN.

SV, ZAP

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