A renovação do estado de emergência dividiu a bancada do CDS-PP. Telmo Correia e João Gonçalves Pereira criticam abstenção, decidida pela direção do partido. Lobo d’Ávila justifica que “irresponsabilidade” seria passar “cheques em branco” ao Governo.
Na sequência da abstenção do CDS-PP à renovação do estado de emergência, Telmo Correia, líder parlamentar do partido, explicou que teria preferido o voto favorável por parte do partido e lembra que foi esse o sentido de voto centrista nos anteriores quatro estados de exceção votados no Parlamento.
A TSF teve acesso ao texto de sete parágrafos no qual Telmo Correia concorda com os argumentos da direção do partido, mas realça que “negar” ao Executivo a possibilidade de tomar medidas na atual situação do país “seria irresponsável”.
Por sua vez, João Gonçalves Pereira, deputado e líder da distrital de Lisboa do CDS, salientou que a atual situação do país, “com um número crescente de mortos e internados”, exige “e merece uma demonstração de solidariedade nacional”.
“Responder à incompetência do Governo na gestão pandémica não entendendo a importância deste Estado de Emergência é um erro“, escreveu, acrescentando que o CDS “não deve falhar na interpretação do momento que o país vive”.
Sem mencionar diretamente a declaração de Telmo Correia, Filipe Lobo d’Ávila, vice-presidente do CDS, escreveu no Facebook que “irresponsável” seria “votar a renovação de um estado de emergência sem conhecer as medidas que o Governo pretendia implementar, passando “cheques em branco” a quem já demonstrou ser “incompetente para gerir a mais grave crise de saúde pública que se viu em Portugal”.
Irresponsabilidade seria votar a renovação de um estado de emergência sem conhecer as medidas que o Governo pretendia…
Publicado por Filipe Lobo d’Avila em Quarta-feira, 25 de novembro de 2020
Esta quarta-feira, o presidente Francisco Rodrigues dos Santos justificou a abstenção afirmando ter sido um “protesto solene”. “O CDS foi muito claro na última discussão do estado de emergência, nós não passamos cheques em branco ao Governo.”
O líder centrista disse que a abstenção do partido “foi, em primeiro lugar, um protesto solene contra a falta de transparência no diálogo [do Governo] com a oposição”, mas também “a falta de planeamento e, por outro lado, uma firme exigência de que as próximas medidas fossem certeiras, eficazes, e que as propostas do CDS pudessem ser aprovadas, porque o tempo tem dado razão ao CDS”.
Francisco Rodrigues dos Santos disse que os centristas estão “do lado” do chefe de Estado “na necessidade de existir um estado de emergência para aplicar medidas restritivas”, mas ressalvou que não podem estar “ao lado de um Governo que oculta da oposição as medidas que vai tomar”.
“O CDS não pode ainda deixar passar em claro o “arranjinho” que, em troca da aprovação do Orçamento do Estado, permitirá ao PCP o que será proibido a todos os portugueses”, sublinhou, citado pela TSF.