O líder parlamentar do CDS-PP criticou a direção do partido por ter optado, na última sexta-feira, pela abstenção na votação do quinto estado de emergência.
Mais um sinal de divergência entre a direção e o grupo parlamentar do CDS. Segundo o semanário Expresso, depois de, na última sexta-feira, o CDS se ter abstido na votação do quinto estado de emergência, Telmo Correia apresentou uma declaração de voto a criticar a mudança de posição do seu partido.
Na declaração, feita a título individual, o líder parlamentar dos centristas sublinhou que deixou de se dar prioridade “à questão sanitária”, para passar a valorizar mais “a forma como o Governo agiu sem transparência ao não comunicar aos partidos e ao Parlamento as suas medidas; a adoção de medidas iníquas no anterior estado de emergência e a falta de coerência do próprio Governo“.
Telmo Correia assumiu, assim, que preferia que o seu partido tivesse votado a favor da renovação do estado de emergência, tal como fez nas últimas quatro votações, mantendo “a estabilidade da posição do CDS”.
“Na minha opinião, o estado de emergência neste contexto de agravamento pandémico, com número de infetados a rondar os sete mil e um número de óbitos crescente é de uma necessidade absoluta. Não existe outra forma de quebrar cadeias de contágio e travar a evolução da pandemia e esse é o aspeto prioritário” apontou, citado pelo mesmo jornal.
“Teria preferido o voto favorável mantendo a estabilidade da posição do CDS. Posição em que, não colocando em nada em causa nem a competência nem a legitimidade de quem definiu a orientação de voto, verifiquei com tranquilidade pessoal ser acompanhada pelos últimos seis líderes parlamentares do CDS”, escreveu.
O democrata-cristão considerou que o Executivo “podia e devia ter partilhado as suas intenções e os contornos das suas medidas”, no entanto, “negar a um Governo, por errático que ele seja (mas não há outro), a possibilidade de tomar medidas seria irresponsável“.
“Não foi essa a posição do CDS e por isso conformei a minha posição com a indicação de voto no sentido da abstenção, independentemente da minha preferência”, notou ainda.
De acordo com o jornal online Observador, o vice-presidente do CDS, Filipe Lobo D’Ávila, já reagiu à tomada de posição do líder parlamentar, afirmando que o partido não podia continuar a passar “cheques em branco” ao Governo socialista.
“Irresponsabilidade seria votar a renovação de um estado de emergência sem conhecer as medidas que o Governo pretendia implementar e sobretudo fazê-lo na sequência de um estado de emergência em que a incompetência do Governo já era evidente para todos os portugueses”, declarou.
“No dia em que o CDS servir para passar cheques em branco a quem já demonstrou ser incompetente para gerir a mais grave crise de saúde pública que se viu em Portugal então serei eu a estar a mais”, cita o jornal digital.