Em troca de subornos, funcionários dos gabinetes de recrutamento militar “ajudaram cidadãos a obter certificados de invalidez ou a serem reconhecidos como temporariamente inaptos para o serviço” em quase todas as regiões do país.
Mais de 200 centros de recrutamento militar foram alvo de buscas na Ucrânia no âmbito de uma investigação a um sistema de corrupção que permite aos recrutas escapar do Exército, anunciou esta terça-feira o Ministério Público ucraniano.
“A aplicação da lei descobriu esquemas de corrupção em grande escala em quase todas as regiões do país (…) Atualmente, estão a ser realizadas mais de 200 buscas simultâneas”, afirmou a o Ministério Público no Telegram.
Os investigadores suspeitam “do envolvimento de funcionários dos gabinetes de recrutamento militar, encarregados dos exames médicos e sociais”, indicou.
Segundo a investigação, em troca de subornos, “os funcionários ajudaram os cidadãos a obter certificados de invalidez ou a serem reconhecidos como temporariamente inaptos para o serviço. Isto permitiu-lhes adiar ou evitar o serviço militar”, acrescentou.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, já tinha demitido todos os funcionários regionais responsáveis pelo recrutamento militar no início de agosto, apontando um sistema que permitia o contrabando de recrutas “através da fronteira”.
O decreto presidencial demitiu todos os chefes dos centros territoriais regionais de recrutamento e apoio social das Forças Armadas da Ucrânia.
O documento confirmava as palavras do próprio presidente da Ucrânia, na semana passada, que reagiu a casos de corrupção.
É uma onda de demissões, descreve o canal Deutsche Welle, que recorda as inúmeras suspeitas de corrupção dentro dos quadros militares – que já existiam antes da guerra mas que foram reforçadas e que se tornaram mais mediáticas por causa da invasão russa.
112 processos criminais contra representantes dos escritórios regionais, 33 casos suspeitos, ações judiciais contra 15 pessoas.
Zelensky pediu a colocação à frente do recrutamento militar de soldados que lutaram na frente.
No final de julho, as autoridades ucranianas anunciaram também a detenção de um antigo membro do Exército, responsável pela mobilização e acusado de corrupção.
No 18.º mês da invasão russa do país, o Exército ucraniano, que também está empenhado desde o início de junho numa difícil contraofensiva no sul e leste do país, mantém em segredo as suas perdas.
A luta contra a corrupção, um mal endémico na Ucrânia, que já era um dos países mais pobres da Europa antes da invasão russa, é uma das condições impostas pela União Europeia para a manutenção do estatuto de candidato de Kiev.
ZAP // Lusa
Conheci um informador da PIDE que ganhava uns cobres a levar rapazes para França, a salto, para fugirem à guerra em África. Os conhecimentos do miserável homenzinho permitiam-lhe essa atividade.