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Espanha não pode alugar mais comboios a Portugal

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A espanhola Renfe admitiu que não tem mais comboios disponíveis para emprestar a Portugal, tal como tinha previsto o Governo socialista.

Em declarações ao PúblicoManuel Sempere, porta-voz da transportadora pública espanhola Renfe, afirma que a empresa não tem mais comboios disponíveis para alugar a Portugal. “Todos os comboios que temos estão em circulação e inclusivamente estamos com um plano de compra de material e não se contemplam outras opções”.

O responsável adianta ao mesmo jornal que “tem havido contactos preliminares entre a Renfe e a CP” e que, para setembro, “estão previstas reuniões ao mais alto nível” entre as duas empresas.

Sempere diz que a homóloga da CP está aberta a “qualquer tipo de negociação” e, inclusive, a “qualquer tipo de aliança estratégica”, porque interessa à Renfe “partilhar tráfegos e poder explorar conjuntamente determinadas relações”. Mas uma coisa é certa: “Não dispomos de mais material para alugar. Está tudo em circulação e até temos um plano para a compra de comboios”.

Esse plano, de acordo com o diário, é de 1.500 milhões de euros e prevê a compra de material circulante para os serviços suburbanos e regionais espanhóis e junta-se a um outro contrato, já fechado no ano passado, com a Talgo para a compra de 30 comboios de alta velocidade.

Recorde-se que, a 27 de julho, o ministro do do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, tinha anunciado que, “em articulação com as autoridades espanholas“, Portugal iria “reforçar o aluguer de material circulante eléctrico e a diesel, para repor o mais depressa possível todas as condições de circulação nas linhas regionais”.

Neste momento, como lembra o jornal, “a CP está praticamente sem comboios a diesel, com as velhinhas UDD (Unidades Duplas Diesel) a avariarem quase todos os dias e imobilizadas em oficinas que não têm operários suficientes”.

Questionada pelo jornal sobre a indisponibilidade da Renfe, fonte oficial da CP respondeu que a empresa “nada tem a acrescentar ao que já foi divulgado nas declarações recentes do presidente do Conselho de Administração da CP e da sua tutela”.

A CP tem enfrentado alguns problemas com falhas e supressão de linhas, chegando-se a descrever uma situação à beira do colapso. Foi anunciado que, neste mês de agosto, a CP vai reformular os horários, passando, inevitavelmente por uma redução da oferta, com menos comboios em praticamente todas as linhas e serviços.

Esta sexta-feira, o Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI) anunciou ter entregado um pré-aviso de greve ao trabalho extraordinário na CP entre 27 de agosto e 3 de setembro.

ZAP //

1 Comment

  1. É assim a vida. Em tempos, tinhamos capacidade produtiva e tinhamos oficinas para todo o tipo de reparações espalhadas um pouco por todo o país, o que, até em termos de emprego, era salutar. Mas por vezes quem manda tem vistas curtas e/ou quer saber é do seu umbigo (bolso) e vai de cortar a eito. É mais fácil comprar feito, que nós somos um país com dinheiro que não acaba. Agora está aí o resultado de décadas de desinvestimento: não há linhas em condições, não há combóios suficientes, não há oficinas nem pessoal para reparar os que sobram nem há culpados de nada. Quem está na estação, que se aguente.

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