/

Espanha é o único país a progredir, diz Lagarde

1

WEF / Wikimedia

Christine Lagarde, Diretora do FMI

Christine Lagarde, Diretora do FMI

A Espanha é o único país da zona euro a progredir devido às reformas estruturais que começam a dar resultados, disse a diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), apelando aos outros Estados que “passem das palavras aos atos”.

“O único país que progride, apesar de não ser suficiente” para absorver a bolsa de desempregados “é a Espanha“, afirmou Christine Lagarde numa entrevista divulgada esta segunda-feira pela emissora francesa “Radio Classique”.

Questionada se considera que a França está a atrasar-se na aplicação de reformas, a diretora do FMI insistiu que “há que as por em prática e não apenas ficar contente em falar delas”, numa mensagem que serve para “o conjunto da zona euro e não apenas para a França“.

No campo da recuperação económica na Europa, Christine Lagarde considerou que a Alemanha pode fazer mais, com aumentos salariais e maiores investimentos em infraestruturas que estimulem a procura e favoreçam a recuperação no país e no conjunto da zona euro.

“A Alemanha é um dos raros países da zona euro que tem margem orçamental”, comentou Christine Lagarde assinalando também que o Governo de Angela Merkel já prevê um aumento de vencimentos e mais investimentos públicos em vias de transporte, muito embora, para o FMI, Berlim “possa fazer mais no seu próprio interesse”.

Numa outra entrevista ao diário “Les Echos”, Christine Lagarde precisou que a Alemanha poderia dedicar às suas infraestruturas de transporte 0,5 pontos do Produto Interno Bruto anualmente e durante quatro anos, em vez dos 0,2 pontos previstos pelo Executivo de Merkel.

“A Alemanha poderia também contribuir para a recuperação europeia com maior distribuição de salários” porque assim os consumidores alemães “alimentariam” a procura, disse.

Questionada se a zona euro está a efetuar demasiados cortes orçamentais, Lagarde lembrou que, no conjunto, estes países representam 0,3 pontos do Produto Interno Bruto, razão porque defende que “não se pode falar de uma política de excessiva austeridade“.

“O ritmo de redução do défice orçamental parece-nos o adequado em cada país”, disse ao recordar que no Pacto de Estabilidade estão fixados os objetivos de redução do défice e que “há uma certa margem de manobra” para que a Comissão Europeia tenha em conta as reformas que são realizadas.

Ainda à Radio Classique, e sobre a sua continuidade até final do mandato no FMI, Christine Lagarde, vincou a sua “determinação” em cumpri-lo até ao fim, embora esteja acusada na França de “negligência” num caso que deriva da sua responsabilidade enquanto ex-ministra das Finanças daquele país.

“Estou determinada em cumprir o meu mandato até ao fim”, disse à emissora francesa ao salientar também que os 188 países que integram o FMI, através do seu órgão de Governo, lhe renovaram o apoio depois da acusação que lhe foi imputada a 26 de agosto.

Christine Lagarde afirmou mesmo ter recebido “mensagens calorosas” de numerosos chefes de Estado e de Governo, bem como de ministros.

“Se tivesse tido dúvidas da minha capacidade de assumir as minhas obrigações, essas mostras de apoio tinham-nas dissipado”, comentou ao Les Echos, também hoje publicada.

/Lusa

1 Comment

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.