El Chapo considerado culpado de todos os crimes (e arrisca prisão perpétua)

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Joaquin “El Chapo” Guzman

O júri do Tribunal Federal de Brooklyn, em Nova Iorque (Estados Unidos), considerou esta terça-feira que o narcotraficante mexicano Joaquín Guzmán, mais conhecido por “El Chapo”, é culpado de todas as acusações de que é alvo e que deve ser condenado a prisão perpétua.

Segundo avançou a Reuters, citado pelo Público, antes de chegar a um veredicto que pode colocar o narcotraficante na prisão para o resto da vida, o júri deliberou durante quase 34 horas, ao longo de seis dias.

A agência noticiosa indicou que Joaquín Guzmán sentou-se e não demonstrou qualquer emoção enquanto o veredicto era lido e que só após o júri ter saído da sala do tribunal, o narcotraficante e a esposa colocaram as mãos no coração e levantaram os polegares.

Os 12 jurados consideraram ‘El Chapo’ culpado por dez crimes, incluindo de tráfico de droga, branqueamento de capitais, posse de arma ilegal e participação criminal no cartel de Sinaloa, onde foi líder. Todo o esquema de “El Chapo” poderá tê-lo feito lucrar mais de 12 mil milhões de euros (14 mil milhões de dólares), disse a CNN.

A audiência que contou com 56 testemunhas nos últimos três meses e o julgamento a “El Chapo” tem sido marcado pela descrição “meticulosa” sobre como o cartel traficou droga entre México e os Estados Unidos desde os anos 90. Os depoimentos recolhidos desde novembro foram a principal base da acusação.

De acordo com vários jornais norte-americanos, o julgamento revelou informações sobre a própria vida de Joaquín Guzmán. O tribunal acusou o narcotraficante de violar e fornecer drogas a menores. Alex Cifuentes, colombiano e ex-traficante de drogas do cartel de Sinaloa, contou que ‘El Chapo’ apelidava as raparigas mais jovens de “vitaminas”, uma vez que que ter “relações sexuais com elas lhes dava vida”.

Durante o julgamento, segundo avança a BBC, a mesma testemunha também acusou o narcotraficante de subornar Enrique Peña, o ex-presidente mexicano, com 100 milhões de dólares (cerca de 88 milhões de euros) para que na altura da sua tomada de posse, em 2012, para que o mesmo cancelasse a caça ao homem por ‘El Chapo’.

Outra testemunha afirmou ter visto Joaquín Guzmán matar pelo menos três homens. O ex-guarda-costas do narcotraficante, Isaias Valdez Rios disse que o narcotraficante espancou duas pessoas que se aliaram a um cartel rival até se parecerem com “bonecas de pano”. Depois disso, ‘El Chapo’ terá disparado contra eles e ordenado que os seus corpos fossem queimados. Numa outra situação, terá feito o traficante Arellano Felix refém e tranportado-o para um cemitério, onde o enterrou vivo.

O Público informa ainda que Joaquín Guzmán é acusado de ter matado o primo por este ter dito que estava fora da cidade e de ter ordenado um golpe contra o irmão do líder de outro cartel porque este não lhe apertou a mão para o cumprimentar.

Até agora, ‘El Chapo’ é a maior figura do narcotráfico mexicano a ser julgada nos Estados Unidos. Com 61 anos, foi preso em 1993 pela primeira vez e fugiu da prisão oito anos depois, altura em que começou a estabelecer a sua rede criminosa de Sinaloa, como o maior cartel do México. Eliminou rivais, subornou funcionários e até conseguiu um lugar na lista dos mais ricos do mundo elaborada pela revista Forbes.

Depois de mais de uma década à solta, foi novamente preso em 2014. Mas, em julho de 2015, fugiu da sua cela na prisão através de um túnel de um quilómetro e meio. Foi recapturado seis meses depois. Extraditado para os Estados Unidos em janeiro de 2017, está a ser julgado em Nova Iorque desde novembro do ano passado.