Manuel de Almeida / LUSA

Dalila Rodrigues, ex-ministra da Cultura
Há menos um Ministério do que no Executivo anterior. Ex-ministra Dalila Rodrigues sai da Cultura e só lamenta falta de tempo.
O XXV Governo Constitucional já tem a sua composição definida. E, na lista entregue nesta quarta-feira por Luís Montenegro, destaca-se um Ministério diferente: Ministério da Cultura, Juventude e Desporto. A ministra será Margarida Balseiro Lopes, que era responsável pelas duas últimas pastas, não pela Cultura.
Ou seja, neste novo Governo, desaparece o Ministério da Cultura. Sozinho. A agora ex-ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, sai de consciência tranquila, com sensação de dever cumprido, lamentando apenas a falta de tempo.
“O distanciamento crítico às vezes é importante para nós conseguirmos ter uma visão mais clara das grandes oportunidades concretizadas e, eventualmente, do que não conseguimos concretizar. Mas aqui, fundamentalmente, o que não se conseguiu concretizar foi por falta de tempo. E, portanto, saio obviamente com a consciência de um trabalho realizado“, declarou Dalila Rodrigues, na Antena 1.
Outra antiga ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas, critica no Observador esta “clara desvalorização da Cultura” e acrescenta que juntar cultura e desporto no mesmo Ministério faz lembrar “aqueles vereadores das pequenas autarquias que representavam as duas áreas: quanto mais pequenas as autarquias e mais pequenos os orçamentos para a Cultura, mais vereadores da Cultura e do Desporto havia”.
João Soares, que também foi ministro da Cultura, reagiu com comparações irónicas no Expresso: “A entrada do Ministério da Cultura no Ministério do Desporto é, no basquetebol, um grande cesto. Antes do jogo começar. O património cultural vai viver um dérbi de ténis de mesa. A arbitragem de futebol vai ser tratada pelo Instituto Português do Cinema. A Biblioteca Nacional e o Teatro D. Maria serão transferidos para o Jamor. Claro, os resultados disto, que é de uma frescura muito juvenil, vão depender de autores e jogadores escolhidos. O plantel não augura nada de bom. Mas, como no futebol, pode haver surpresas. Limito-me a esperar que não sejam más”.
Rui Galveias, do Sindicato dos Trabalhadores de Espetáculos, do Audiovisual e dos Músicos, não está muito confiante: “Ministros que vêm de fora do sector cultural precisam de tempo, porque não conhecem bem o sector; isso não ajuda. Não sabemos. Estamos cá, para conhecer a ministra, para falar com ela. Mas com a experiência que temos, aquilo que vem com este nome ou com aquele, este é um projecto político que não augura nada de bom para o sector”.
Também na Antena 1, Eduardo Cabrita fala numa “remodelação”, não num novo Governo. Em relação ao Ministério da Cultura, Juventude e Desporto, o antigo ministro acha que esta foi uma das “opções duvidosas” de Luís Montenegro: “Diria que é o Ministério dos Tempos Livres. É um pouco a forma de olhar para uma mistura com cultura, desporto e juventude”.
Cabrita poderia ter tido atenção a outras coisas… incêndios e auto-estrada… curioso é não haver o Ministério do Idoso…