Mais de duas mil pessoas foram detidas na segunda noite de manifestações de protesto na Bielorrússia contra os resultados das eleições presidenciais. A Letónia, Estónia, Finlândia e Polónia concordaram com a marcação de uma reunião urgente com os parceiros da União Europeia.
“Em todo o país foram detidas mais de duas mil pessoas, entre outros motivos, pela participação em atos não autorizados”, referiu o Ministério do Interior da Bielorrússia em comunicado.
As principais manifestações mais participadas, indica a mesma nota, decorreram em Minsk, Brest, Moguiliov e Novopolotsk. Segundo as forças da ordem, durante as manifestações registaram-se agressões contra os agentes tendo 21 polícias ficado feridos.
As eleições presidenciais de domingo são consideradas fraudulentas e desencadearam uma vaga de protestos contra o governo. Oficialmente morreu um manifestante na segunda-feira.
No dia após as eleições, o Ministério do Interior informou que três mil pessoas foram detidas, entre as quais, jornalistas russos e bielorrussos. A principal opositora ao regime ditatorial de Lukashenko pediu a impugnação dos resultados eleitorais e refugiou-se esta terça-feira na Lituânia. Num vídeo divulgado na terça-feira, Svetlana Tikhanovskaia confirmou ter tomado a “decisão difícil” de abandonar a Bielorrússia.
“Tomei a decisão sozinha e sei que muitos me condenam, muitos me compreendem, muitos me odeiam”, afirmou Tikhanovskaia, candidata presidencial que, em várias semanas, mobilizou, para surpresa geral, multidões contra o regime de Alexander Lukashenko. De acordo com membros da oposição foi obrigada a abandonar o país.
Esta terça-feira, os ministros dos Negócios Estrangeiros da Letónia, Estónia, Finlândia e Polónia, reunidos na capital da Letónia, apoiaram a proposta que foi apresentada na segunda-feira pela Polónia sobre a crise provocada pelas eleições presidenciais da Bielorrússia marcadas por protestos, repressão policial e acusações de fraude e pediram o envolvimento urgente da União Europeia.
Os ministros da Letónia, Estónia, Finlândia e Polónia reuniram-se esta terça-feira em Riga para assinalarem o Tratado de Paz entre a Letónia e a Rússia soviética.
A atualidade na Bielorrússia acabou por marcar o encontro que já estava agendado e que decorreu de manhã em Riga.
A Letónia e a Polónia fazem fronteira com a Bielorrússia e os respetivos governos já anunciaram que estão dispostos a acolher os opositores refugiados.
O presidente Alexandre Lukashenko, no poder em Minsk desde 1994, foi eleito para o sexto mandato com 80% dos votos, de acordo com os dados divulgados pelos organismos eleitorais. Lukachenko defende a atuação das forças policiais e acusou os manifestantes de serem comandados como “carneiros” por países estrangeiros como a República Checa e a Polónia.
ZAP // Lusa