Azeredo Lopes diz que dossiers inteiros desapareceram do Ministério da Defesa

Mário Cruz / Lusa

O ex-ministro Azeredo Lopes diz que houve dossiers inteiros que desapareceram do Ministério da Defesa, embora a documentação não seja relativa ao caso de Tancos.

Em tribunal, Azeredo Lopes revelou que houve dossiers inteiros que desapareceram do Ministério da Defesa durante a sua governação, sem que o ex-ministro soubesse como. O juiz não questionou o arguido, uma vez que a questão nada tem a ver com o processo de Tancos.

Azeredo Lopes é acusado de crimes de denegação de justiça, prevaricação, favorecimento pessoal praticado por funcionário e abuso de poder. No entanto, nega qualquer envolvimento ou conhecimento da encenação do achamento das armas dos paióis de Tancos.

De acordo com o jornal Público, o ex-ministro reiterou esta posição e admitiu ter desvalorizado o teor dos memorandos que o diretor da Polícia Judiciária Militar (PJM) lhe entregaram antes e depois das armas serem encontradas.

Além disso, Azeredo Lopes nunca entendeu que a atuação da PJM pudesse constituir algum tipo de crime. A seu ver, o facto de, durante a investigação, os inspetores militares agirem sem o conhecimento da Polícia Judiciária e do Ministério Público (MP) não lhe pareceu grave.

O despacho de acusação refere que o então ministro da Defesa recebeu três documentos do diretor da PJM, nomeadamente um memorando, uma fita do tempo e uma cópia do despacho do MP.

“Fui verificando, de vez em quando, o desaparecimento extraordinário de dossiers inteiros sobre situações anteriores”, disse ao juiz Carlos Alexandre, explicando que não se tratava de documentação relativa ao caso de Tancos. “Há talhões inteiros de informação que desaparecem”, acrescentou.

Azeredo Lopes disse ainda que as acusações “não passam de meras conjeturas gravemente infundadas”, já que não são “suportadas em provas juridicamente relevantes”.