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O “candidato dos Donos Disto Tudo” e a “utopia” do estado liberal. Tiago Mayan atacou, mas Marcelo fintou

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Pedro Pina / RTP / Lusa

O terceiro debate das Presidenciais colocou, este domingo, o Presidente da República frente a frente com o candidato a Belém apoiado pela Iniciativa Liberal, Tiago Mayan Gonçalves.

Ao contrário do debate morno entre Marcelo Rebelo de Sousa e Marisa Matias, o candidato apoiado pela Iniciativa Liberal, Tiago Mayan Gonçalves, não se ficou e começou o ataque, questionando algumas das decisões políticas do atual Presidente da República e chamando-o de “propagandista do Governo”.

No debate transmitido pela RTP e moderado por Carlos Daniel, Marcelo fintou as críticas, dizendo ser “o Presidente que mais vetou diplomas do Governo”. Por outro lado, o atual Chefe de Estado sublinhou que a estabilidade é importante e que não houve motivos para interromper a legislatura.

“A estabilidade é feita disto: fazer para que as legislaturas cheguem ao fim, e no caso de haver crises que o justifiquem é preciso haver indicadores que apontem para soluções diferentes, alternativas àquelas que são as existentes — e nunca aconteceu isso, nem no caso mais flagrante que foi o caso dos incêndios de 2017”, disse.

Tiago Mayan, por sua vez, considerou o mandato de Marcelo um “falhanço”. “O mandato de Marcelo é um falhanço até pelas suas próprias palavras. O desempenho do seu mandato revela-se como apresentar-se como ministro da propaganda quando fala da vacina para a gripe, não reconduz Joana Marques Vidal, quando anuncia com o primeiro-ministro, ministros… a final da Liga dos Campeões para Portugal”. O candidato lamentou ainda os “nove meses passados num pacto de silêncio” no caso do SEF.

O candidato apoiado pela Iniciativa Liberal foi mais longe e acusou Marcelo de só se importar com a “popularidade”. “O que move o senhor Presidente é a sua popularidade. É isso que o põe sempre ao lado do Governo exceto quando sente a sua popularidade ameaçada.”

Marcelo rejeitou a crítica: “Se há coisa que é muito evidente para mim é que me é indiferente a popularidade: totalmente indiferente”.

O atual Presidente esclareceu ainda que Joana Marques Vidal assumiu, desde o início do mandato, que teria um mandato único, lembrou que nas vacinas se limitou a repetir o que a ministra tinha dito e depois, “humildemente”, reconheceu o erro, e disse que interveio sempre em relação aos ministros “no momento em que os factos ocorreram”, lembrando o atual caso do procurador europeu, repetindo ter havido um “desleixo lamentável”.

“O senhor é o candidato dos Donos Disto Tudo”

Em resposta aos ataques de Tiago Mayan, o atual Presidente da República desafiou o candidato a escolher uma lei que tivesse vetado se estivesse no seu lugar.

Tiago Mayan falou da lei que enquadrou as eleições para as CCDR, um “simulacro de democracia”, acusando Marcelo de representar os poderes instalados, e de ser “o candidato dos Donos Disto Tudo”.

Insistindo com a pergunta sobre a lei, Marcelo afirmou que a eleição do presidente das CCDR apenas permitiu pôr a questão na mão dos autarcas. “Acha que são todos marionetas do Governo?”, atirou.

Tiago Mayan disse ainda que é autarca e que sabia do que falava, ao que Marcelo respondeu: “É? Eu fui autarca 20 anos. Estive no terreno de uma das autarquias mais pobres do país, não é Lisboa nem Porto, é Celorico de Basto”.

“O sonho e a utopia” do estado liberal

Tiago Mayan disse, no frente a frente, que, se Marcelo for reeleito, vai “terminar o mandato como o Presidente da República do país mais pobre da Europa”.

Marcelo aproveitou o tema para questionar o candidato apoiado pela Iniciativa Liberal: “Os países mais liberais, quando chegou a pandemia, o que é que fizeram? Injetaram dinheiro na economia, nas políticas sociais. Como é que se resolve a pobreza e a crise sem políticas sociais? Acha que a mera liberdade económica resolve a pobreza?”.

Porém, Tiago Mayan continuou o ataque. “Este Estado de Emergência do senhor Presidente é do país que está a enfrentar a destruição social”, acusando Marcelo de passar “um cheque em branco” ao Governo. “Andou a partilhar ‘minis’ e bolas de Berlim e a arranjar esquemas para ir para a praia”, atirou.

Falando no estado de emergência, Marcelo questionou: “A Iniciativa Liberal votou quase sempre contra a declaração do estado de emergência, e eu pergunto: o que seria o saldo em termos de mortes não havendo estado de emergência e a mobilização de meios que isso permitiu, e a prevenção dos portugueses?”.

É muito fácil avançar com ideias do estado liberal, o sonho, a utopia, e depois votar contra o estado de emergência. Os países que eram contra o estado de emergência acabaram todos a adotá-lo”, afirmou o atual Presidente.

Confrontado ainda com o programa da Iniciativa Liberal e sobre o que isso significaria na Saúde em contexto de pandemia, Tiago Mayan disse que “um liberal não defende um Estado mínimo. Defende um Estado forte nas funções que tem de ter. O que um liberal defende é um acesso efetivo e universal aos cuidados de saúde“. Não tenho preconceito nenhum em relação ao dono dos hospitais”, garantiu.

O frente a frente terminou com Marcelo a elogiar a ação do seu antecessor, Cavaco Silva, à crise da troika e disse que “a crise que vamos enfrentar é mais complicada, a pandemia é uma realidade muito complicada e pelo meio houve a crise dos fogos e a crise bancária”. Já Tiago Mayan elegeu Ramalho Eanes como o melhor Presidente da República da história do país.

Esta segunda-feira, estão previstos três debates: Marcelo Rebelo de Sousa contra João Ferreira na TVI (21h), Marisa Matias contra a socialista apoiada pelo PAN e Livre, Ana Gomes, na SIC Notícias (22h) e Vitorino Silva contra André Ventura na RTP3 (22h45).

Maria Campos, ZAP //

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9 Comments

  1. Pois, eu deposito muita esperança no Iniciativa Liberal.
    Espero que saibam trilhar, de uma forma sólida e robusta, o caminho de que falam, pois isso faz muita falta a Portugal e aos portugueses. Espero que não se corrompam, que não haja perversão dos seus ideais e das suas ações e que mantenham o foco.
    Desejo o maior sucesso nesta iniciativa, esperando que esse sucesso seja também o sucesso dos portugueses.

  2. Que figurinha triste este Tiago Mayan… uma autêntica nulidade a comunicar e sem qualquer capacidade para apresentar nada de concreto – o Marcelo nem teve grande dificuldade para, literalmente, o “meter num bolso”!…

  3. A única figura triste que tenho visto é mesmo o Marcelo. Por muitos jeitos e trejeitos não conseguiu explicar como é que foge à responsabilidade que assumiu de representar os portugueses (todos) e mantém (manteve) um governo de todos os desastres, incompetênciad e até vigarices e falsificações. Será por isso que quando se fala no “Papagaio-mór do Reino” muita gente (quase todos os portugueses) pensam no Marcelo?

    • No teu caso, parece-me que nem MultiOpticas consegue ajudar…
      Mas esquece o Marcelo e diz lá o que o Mayan acrescentou!
      .
      O papagaio não é o Marquês Mentes?!

      • Tens razão. O Mayan esqueceu-se de perguntar ao Marteloselfie, sobre a procuradora Marques Vidal, pelo presidente do tribunal de contas, pelo projecto dos sem abrigo, pela morte do cidadão Ucraniano, etc etc.

        • Ah?!
          Tu nem sequer viste o debate; pois não?!…
          É típico de quem gosta de andar atrás do rebanho!…
          Tal como a PRÓPRIA procuradora Marques Vidal referiu (e o Marcelo relembrou ontem): o mandato é único!!
          Tambem falou do caso do cidadão ucraniano, etc, etc…
          Para a próxima vê antes de comentares e, assim evitas fazer certas figuras…
          .
          O Mayan não precisava de perguntar nada – bastava dizer o que faria diferente e porquê!!

  4. O que o Mayan teve o mérito de acrescentar foi exactamente ter deixado claro que o Marcelo não acrescenta coisa alguma. É o candidato do atraso e desastre de país que temos, homem do regime (regime esse que por sinal é incompetente, corrupto, falsificador e obscurantista) e garante de estabilidade (dessa estabilidade)!

  5. Para mim Portugal tem vários problemas no seu todo, problemas de fundo. O maior é a justiça, os mais velhos não estão virgens é certo mas não são todos iguais, é preciso saber fazer esta distinção, já os máis novos não têm meio termo,filtro é coisa que por vezes desconhecem, o que é muito mau, na vida não é tudo valido para subir. (Gostava de ver alguém com sangue novo a defender causas nobres com estratégia de futuro sustentavel) só assim deixaremos de ser um Portugal periférico subsídio dependente da UE. Os ciganos da EU.

  6. Sangue novo precisa-se urgentemente neste país.
    Os que lá estão, está bom de ver, não servem os interesses dos portugueses. São casos atrás de casos, do mais inimaginável possível, tantos que nem sequer vale a pena começar a enumerá-los, sob pena de nos esquecermos ou não referenciarmos muitos deles.
    Eu sei muito bem em quem vou votar, e nunca tive tanta vontade de expressar o meu voto como agora!

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