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Dívida pública de 40 mil milhões pode ser o legado da pandemia, afirma João Leão

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José Sena Goulão / Lusa

O ministro das Finanças, João Leão

João Leão revelou que as previsões atuais apontam para uma retoma da economia para níveis pré-pandemia mais cedo do que esperado, já no início do próximo ano. Prioridade do Orçamento do Estado para 2022 será lidar com as consequências da crise económica.

O impacto da pandemia na dívida pública portuguesa cifra-se nos 30 mil milhões de euros, com a possibilidade de a fatura final ainda subir até aos 35 ou aos 40 mil milhões até ao final de 2022. São estas as previsões do ministro das Finanças, que ontem à noite, em entrevista à RTP3, afirmou ser este o “legado da crise na dívida“, alertando ainda para a longa duração desta consequência.

No setor privado, a estimativa de dívida é também de cinco mil milhões de euros: quatro mil milhões de euros concentrados nos cidadãos e mil milhões nas empresas. Mesmo assim, o responsável pela pasta das Finanças afasta a hipótese, e necessidade de um orçamento retificativo.

Sobre o próximo Orçamento do Estado, afirmou que o documento terá como prioridade lidar precisamente com os legados da crise e por medidas de consolidação da retoma, tendo em vista a recuperação do PIB em 2022 para os níveis pré-pandemia.

Para já, como escreve o Eco, as estimativas que tinham sido reveladas a propósito do anúncio do Programa de Estabilidade, em abril, mantêm-se: o objetivo será baixar os valores para os 128% do PIB em 2021 e 123% do PIB em 2022, graças à recuperação da economia que o ministro antevê até ser maior do que o estimado.

“Até estamos convictos de que vamos superar essas estimativas” afirmou, numa referência ao crescimento conjunto de 9% em 2021 e 2022. Caso tal se confirme, João Leão chegue aos níveis económicos do pré-pandemia antes do esperado, já no início do próximo ano.

Para financiar as medidas de recuperação e apoios, o Governo português conta com mais de três mil milhões de euros provenientes do Plano de Recuperação e Resiliência e outros investimentos públicos que devem atingir dois milhões de euros — mais 500 milhões do que este ano.

“Não podemos ignorar os impactos sociais da crise, é preciso garantir que os setores mais atingidos vão ser ajudados“, disse para depois enumerar prioridades como o emprego jovem, a saúde e a educação. “Estamos a falar do investimento na ferrovia, expansão dos metros e investimentos na saúde que vão ser fundamentais. É isso que explica parte do crescimento no segundo trimestre deste ano.”

No que respeita ao emprego, o ministro das Finanças revelou que quer “ajudar os mais jovens a inserirem-se no mercado de trabalho e garantir que os setores mais atingidos sejam ajudados nesta fase de recuperação”. Na área da saúde, a prioridade será reforçar a atividade não covid-19, que tem de recuperar a atividade não programada.

O governante não se quis comprometer com a descida de impostos e mudanças dos escalões do IRS previstas para antes da pandemia, optando por destacar que o IRS baixou de 7,3% para 6,3% em percentagem do PIB — quase metade da média na Europa, como lembra o Observador. Ainda assim, João Leão afastou a possibilidade de um aumento de impostos e lançou um olhar para o que vem de seguida, no pós-pandemia.

Alterações nas tributações podem, no entanto, acontecer em determinados setores. “São necessários investimentos e benefícios fiscais positivos e negativos na área ambiental que estarão refletidos na proposta orçamental.”

Num outro ângulo, o da democracia, João Leão afirmou que uma das vontades do governo é centrar-se “nas famílias com filhos” e ver como se trabalha “benefícios fiscais e abonos de família”.  O ministro das Finanças voltou a manifestar uma intenção já expressa anteriormente de todas as famílias receberem por filho 600 euros até ao final da legislatura, o que pode passar por baixar impostos para quem tem mais filhos ou aumentar os abonos. No caso das famílias com segundo filho, o objetivo é que recebam 900 euros até chegar a 1500 euros por dois filhos.

No horizonte está ainda uma subida substancial do salário mínimo já no próximo ano, o que para o ministro das Finanças é também importante para o rendimento dos portugueses.

As empresas também receberão atenção do Governo, que montou um programa, juntamente com a banca para refinanciar os empréstimos quando terminarem as moratórias no final do mês e está ainda previsto um reforço dos fundos para a recapitalização das empresas e de recursos para o Novo Banco.

ARM //

14 Comments

  1. A pandemia agora serve para tudo. Desde 2016 que a dívida pública vem, sistematicamente, aumentar e agora vêm com a desculpa da pandemia. Deixem de subsidiar quem não quer trabalhar.

    • Claro e aqueles que fazem filhos só com o fim de receber mais dinheiro nem os educando nem colocado a estudar antes só estimulando a roubar

  2. Agora os xuxas já podem culpar o covid…
    Haver défice há décadas é negacionismo!! Os xuxas estão sempre no lugar errado à hora errada! É isso!

  3. Que fofinhos que eles são, sabem bem que o povo, mais de metade não percebe as “tramoias” deles, portanto podem navegar nas mentiras à vontade que o podium está garantido :/

  4. Agora é que é caso para dizer “À ganda leão…”.
    Com estes tipos nunca nada fica melhor, com ou sem pandemia.
    Tenho muita pena das gerações futuras que vão ter de pagar tudo isto!!!

  5. Pretendo apenas deixar aqui uma correcção àquilo que o Carlos Mota refere. Para que não tente enganar os menos atentos a estes aspectos atribuindo-lhe veladamente uma certa conotação política, informo- o de que em % do PIB, a dívida pública cresceu ente 2011 e 2016 de 108,3% para 130,4%, mantendo intermitências de aí para cá, tendo-se até verificado um superavit no ano de 2019, com consequente diminuição da mesma tanto em % do PIB como em valor absoluto.
    Em jeito de conclusão, é acertado dizer-se que, Pedro Passos Coelho + Paulo Portas, foram de longe os piores governantes que experimentámos de 1974 para cá.
    A pandemia foi efectivamente um flagelo que nos atingiu a todos e do qual vai demorar a recuperar. Os números de que se fala não me surpreendem.

    • B. S. efectivamente, esses seus números parecem correctos contudo, para uma ANÁLISE HONESTA dos mesmos temos que olhar para a situação das finanças públicas da altura: aquando da entrada da TROIKA em 2011, havia pouco mais de 300 milhões de euros nas contas públicas, ou seja, nem dinheiro para pagar os salários da função pública havia, logo estávamos na BANCARROTA, FALIDOS, devido à “excelente” gestão do governo PS de SÓCRATES. Assim não admira que a dívida pública tivesse aumentado dessa forma até 2016, caso contrário como é que se ia arranjar dinheiro para puder retomar as finanças publicas do país? E o que é um facto é que em 2016, estás estavam já bastante mais equilibradas.
      Quanto ao SUPERAVIT de 2019 de que tanto se orgulham, este só ocorreu devido às brutais cativações feitas entre 2016 e 2019 pelo 1º governo de António Costa, assim como da manutenção de alguns dos impostos aumentados durante o período da TROIKA e aumento de muitos outros, e a introdução de inúmeras tachas e tachinhas, também chamadas de AUSTERIDADE ENCAPOTADA.
      Resumindo: sejam honestos!

    • não sei se a lenga lenga é sua ou se alguém lha mandou aqui por. B.S. deixo-lhe só duas perguntas
      1ª pergunta
      Qual era a dívida pública em 2005. De quanto era ela em 2011? E porque é que o Sócrates fugiu? E quanto é que ele pediu à Europa para tapar o buraco que criou. Não havia dinheiro para ordenados. Lembra-se?
      2ª pergunta
      Qual era o valor da dívida pública em valor absoluto em 2015 e qual era o valor em final de 2019, apesar do tal superavit de que fala

  6. Bem…..Como não devo un Cêntimo a ninguém, sobretudo ao Estado. E como sempre cumpri com as minhas obrigações em termos de Finanças Publicas, custa-me compreender em que é que sou causador desta “suposta divida Pública”. Por min não é o resultado da Covid, penso mais na Endémica corrupção que estes “Artistas” Políticos mantém com todo o carinho !

    • B.S.
      Os números não enganam. A sua demagogia pretende enganar, mas só o consegue junto dos que defendem como o senhor o indefensável. O senhor é mesmo desonesto

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