Filipe Froes, coordenador do gabinete de crise da Ordem dos Médicos para a pandemia de covid-19, considera que a diminuição de novos casos não deverá significar um alívio nas restrições, no dia em que ocorre mais uma reunião do Infarmed.
Em declarações à Rádio Renascença, o pneumologista Filipe Froes, coordenador do gabinete de crise da Ordem dos Médicos para a pandemia de covid-19, disse interpretar a descida do número de novos casos com “muita preocupação e muita prudência”.
Nesse sentido, o especialista, que faz parte do gabinete de crise da Ordem dos Médicos que acompanha a evolução da pandemia em Portugal, avisou que o risco de desconfinar nesta fase é muito grande.
Segundo Froes, a medida poderia traduzir-se num num “retrocesso com implicações tão ou mais graves do que aquelas que acabamos de viver”. “Não há nenhum contexto clínico nem epidemiológico que o possa justificar, pelo menos, nos próximos 15 dias”, afirmou.
“A minha recomendação é a maior prudência e continuar no confinamento, com todas as medidas, para bem de todos e para bem da saúde de todos os portugueses”, frisou o pneumologista.
Confinamento nos dias úteis sobe para 50,6%
O confinamento nos dias úteis cresceu para um valor médio de 50,6% desde que encerraram as escolas a 22 de janeiro até ao dia 5 de fevereiro, segundo dados divulgados pela Produtos e Serviços de Estatística (PSE).
“O processo deste segundo confinamento foi efetuado a dois tempos: de 15 a 21 de janeiro, e de 22 de janeiro até aos dias de hoje com o encerramento das escolas. Antes de o dia 15 o confinamento médio estava em 31.4%. Com o início das medidas a 15, o confinamento subiu para um valor médio de 41.9% até ao encerramento das escolas”, revelou em comunicado a PSE.
A empresa tem monitorizado a mobilidade dos portugueses desde a declaração do primeiro estado de emergência, a 18 de março de 2020, realçou que “com o encerramento das escolas, o confinamento nos dias úteis subiu para um valor médio de 50.6% até à última sexta-feira (5 de fevereiro)”.
Os indicadores mostram também que, tal como já tinha sido verificado no primeiro confinamento, em 2020, as sextas-feiras e segundas-feiras continuam a ser os dias de maior mobilidade dada a aproximação de fins de semana de restrições adicionais.
“Tal como em 2020, sempre que existem dias que antecedem períodos de maior restrição (recolher às 13:00 e inibição de circulação entre concelhos), os portugueses efetuam maiores deslocações e missões de abastecimento”, apontou a PSE.
De resto, a empresa sublinhou que há um “menor confinamento” nesta altura do que no primeiro confinamento do ano passado, vincando a “grande diferença entre fins de semana e dias úteis”.
E acrescentou: “Para além do menor confinamento, há outras diferenças a registar entre o primeiro confinamento e este segundo confinamento de 2021. Em 2020, o confinamento foi antecipado voluntariamente e repentino. A adesão ao confinamento foi visível tanto em dias úteis como fins de semana e, em 2020, os valores de adesão mantiveram-se elevados até ao desconfinamento”.
Porém, observando a evolução semanal do confinamento entre dias úteis e fins de semana a entidade salientou que há diferenças relevantes entre os dois confinamentos gerais.
“No caso do confinamento de 2021 vemos que: a diferença de confinamento entre fins de semana e dias úteis é muito mais elevada, a adesão ao confinamento nos dias úteis é muito menor, a adesão ao confinamento em dias úteis é igualmente menor, a adesão ao confinamento não foi um processo voluntário, antecipado e repentino como no primeiro confinamento”, especificou a PSE.
Segundo a empresa, as principais medidas que inibiram a mobilidade entre outubro de 2020 e janeiro de 2021 foram o recolhimento às 13:00 aos fins de semana e a inibição de circulação entre concelhos também aos fins de semana.
“Estas medidas, tanto no último trimestre de 2020 como agora, tiveram três reflexos: reduzir a mobilidade ao fim de semana, aumentar a mobilidade nos dias úteis, provocar concentrações nas manhãs dos fins de semana (particularmente aos sábados)”, assinalou.
Liliana Malainho, ZAP // Lusa
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