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DGS desdramatiza nova variante. OMS apela à Europa que “reforce os controlos”

Para a Direção-Geral da Saúde (DGS), a nova variante do coronavírus detetada no sul do Reino Unido é uma “ocorrência esperada” e não é “motivo de preocupação por si só”. Já a Organização Mundial de Saúde (OMS) pede aos membros na Europa para “reforçarem os controlos”.

Numa resposta enviada à agência Lusa, a Direção-Geral da Saúde explica que “as vacinas demonstraram ser capazes de induzir a produção de anticorpos protetores nos seres humanos contra várias regiões da espícula do vírus, pelo que, com base na opinião dos peritos do Reino Unido, não existem dados que sugiram a perda de eficácia das vacinas nesta nova variante”.

A nova variante do SARS-CoV-2 apresenta “múltiplas mutações numa das proteínas do vírus (na proteína da espícula)” que “podem estar associadas ao aumento da transmissibilidade do novo coronavírus”.

“As mutações do vírus, que tornaram esta variante a dominante no Reino Unido, estão a ser acompanhadas pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças e pelas autoridades de saúde em Portugal”, lê-se na nota da DGS, que acrescenta ainda que, “de acordo com a evidência disponível, a nova variante não parece não ter impacto na mortalidade por covid-19″.

Apesar disso, a informação é ainda “insuficiente para que existam dados definitivos sobre a nova variante e o seu impacto na pandemia”.

A autoridade de saúde lembra ainda que, de uma forma geral, “os vírus mudam constantemente por meio de mutações, pelo que o surgimento de uma nova variante é uma ocorrência esperada, não sendo um motivo de preocupação por si só”.

“O impacto desta nova variante na sensibilidade e especificidade dos testes laboratoriais utilizados para o diagnóstico de covid-19 está ainda a ser analisado, mas a Orientação 015/2020 da DGS recomenda a utilização de pelo menos dois alvos distintos do genoma para o diagnóstico laboratorial por RT-PCR, por precaução, para acautelar este tipo de situações.”

Na sequência da nova variante, a Organização Mundial de Saúde (OMS) apelou aos seus membros na Europa para “reforçarem os controlos“. À AFP, um porta-voz da OMS para a Europa recomendou ainda aos seus membros para que “aumentem as suas capacidades de sequenciação” do vírus, antes de saberem mais sobre os riscos colocados pela variante.

Além dos “sinais preliminares de que a variante pode ser mais contagiosa”, esta nova estirpe “também pode afetar a eficácia de certos métodos diagnósticos”. No entanto, não há para já “nenhuma evidência de mudança em termos da gravidade da doença”, embora esse ponto também esteja sendo investigado.

“Em toda a Europa, onde a transmissão é alta e generalizada, os países devem fortalecer os seus procedimentos de controlo e prevenção”, sublinhou esta agência da Nações Unidas.

Alemanha convoca reunião de crise

A presidência alemã da União Europeia convocou para esta segunda-feira um encontro com especialistas ao abrigo do Mecanismo Europeu Integrado de Reação à Crise. De acordo com o Diário de Notícias, o mecanismo funciona como um “botão de alarme“, que é acionado em situação excecionais para coordenação.

No Twitter, Sebastian Fischer, porta-voz da presidência alemã da UE, indicou que a Alemanha “convidou os Estados-membros para uma reunião urgente do Mecanismo Integrado da UE de Resposta Política a Situações de Crise para amanhã [segunda-feira]” de manhã. A reunião tem início às 11.00h (hora portuguesa).

Na agenda está a “coordenação das respostas da UE à recém identificada variante da covid-19 no Reino Unido”.

https://twitter.com/SFischer_EU/status/1340709774091038721

Portugal juntou-se, esta segunda-feira, a mais de uma dezena de países da Europa e do mundo que estão a restringir a circulação com o Reino Unido. A restrição tem efeito a partir das 00h desta segunda-feira.

À chegada ao país, só são autorizados a entrar em território nacional os passageiros de voos provenientes do Reino Unido que sejam cidadãos nacionais ou cidadãos legalmente residentes em Portugal. Além disso, os passageiros que cumpram esses requisitos de entrada têm ainda de apresentar um teste laboratorial de rastreio negativo ao SARS-Cov-2.

Liliana Malainho, ZAP // Lusa

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