Marcelo Rebelo de Sousa esteve, nesta quinta-feira, reunido com elementos do Infarmed para avaliar a situação da pandemia de covid-19 em Portugal, no sentido de decidir as próximas medidas. E o Presidente da República realça o facto de os portugueses continuaram “muito contidos” no desconfinamento como factor positivo, recusando abordar o caso Centeno.
“Os portugueses foram sensíveis àquilo que lhes foi pedido, fazendo a abertura sem grandes passos”, destacou Marcelo no final da reunião, frisando que a “grande maioria” das pessoas continua “a ser muito contida, o que quer dizer que não temos muitos dados que nos permitam tirar conclusões firmes”, concluiu.
Na reunião participaram os partidos políticos e parceiros sociais, bem como especialistas do Infarmed, e “permitiu ver a evolução em vários países que desconfinaram“, como revelou Marcelo aos jornalistas.
“Da experiência de outros países, a primeira conclusão provisória é que o R – anda à volta de 1 em Portugal – não mudou muito, o desconfinamento não teve consequências sensíveis em termos de surto”, sublinhou o chefe de Estado. “Em Portugal, o desconfinamento foi muito contido”, apontou.
Marcelo apontou que é preciso esperar pelas novas avaliações até ao final de Junho, para ter uma ideia “mais completa” das consequências do desconfinamento.
“Temos dois momentos significativos pela frente“, primeiro o 18 de Maio e depois o 1 de Junho, quando estão previstas aberturas graduais da actividade económica.
O chefe de Estado considerou que para esta “contenção” também contribuiu “uma comunicação muito boa entre as autoridades sanitárias e os portugueses” e que “os passos estão a ser dados a um ritmo e com uma intensidade que correspondem a esse diálogo”.
Marcelo salientou que “não passaram ainda 15 dias, o que significa seis dias de incubação e oito dias de comunicação, de reporte às autoridades sanitárias”, desde que se iniciou essa reabertura por etapas, após 45 dias de estado de emergência.
“Como o confinamento, a contenção continuou muito elevada, nós encontramos um processo sem grandes alterações”, acrescentou, referindo que o indicador de transmissão da doença “anda à volta de 1% na média dos últimos cinco dias, ligeiramente aquém a nível nacional, 0,98″, e “mais elevado na região de Lisboa e Vale do Tejo do que na região Centro, e aí mais elevado do que na região Norte, onde é o mais baixo, 0,91”.
“Luz ao fundo do túnel é falar numa realidade que portugueses têm vindo a conquistar”, alertou ainda.
Presidente afasta-se de questões internas do Governo
Na conferência de imprensa após a reunião, Marcelo Rebelo de Sousa foi confrontado com a polémica em torno de Mário Centeno, depois da “falha de comunicação” assumida no caso da transferência de verbas públicas para o Novo Banco.
“Essa matéria não tem a ver com a pandemia”, apontou Marcelo para recusar-se a responder.
Entretanto, no portal da Presidência da República, o chefe de Estado afirma que “não se pronunciou, nem tinha de se pronunciar, sobre questões internas do Governo, nomeadamente o que é matéria de competência do primeiro-ministro, a saber a confiança política nos membros do Governo a que preside”.
Na mesma nota, o chefe de Estado “reitera a sua posição” transmitida na quarta-feira “segundo a qual não é indiferente, em termos políticos, o Estado cumprir o que tem a cumprir em matéria de compromissos num banco, depois de conhecidas as conclusões da auditoria cobrindo o período de 2018, que ele próprio tinha pedido há um ano, conclusões anunciadas para este mês de maio, ou antes desse conhecimento”.
“Sobretudo nestes tempos de acrescentados sacrifícios para os portugueses“, realça Marcelo Rebelo de Sousa, adiantando que “isto mesmo transmitiu ao senhor primeiro-ministro e ao senhor ministro das Finanças”.
ZAP // Lusa
Coronavírus / Covid-19
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