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Deputada em protesto mostra cuecas de renda no Parlamento irlandês

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Num julgamento por violação, na Irlanda, a advogada de defesa do réu usou a roupa interior da queixosa para alegar que a relação sexual tinha sido consentida. Os argumento da advogada levaram uma deputada a mostrar uma cueca de renda no Parlamento, em protesto contra a “rotina de culpabilização da vítima”.

Na Irlanda, um indivíduo de 27 anos foi absolvido recentemente das suspeitas de ter violado uma jovem dez anos mais nova. No entanto, a argumentação da sua advogada de defesa suscitou fortes protestos públicos que chegaram, inclusive, ao Parlamento.

“As provas excluem a possibilidade de ela [a suposta vítima] se ter sentido mesmo atraída pelo arguido e aberta a um encontro com ele? Temos de levar em atenção a forma como estava vestida. Ela usava um fio dental preto de renda“, argumentou a advogada Elizabeth O’Connel, fazendo crer que o sexo entre ambos foi consentido. O acusado foi ilibado das acusações.

Segundo o Diário de Notícias, o facto de aquela peça de roupa interior ter sido abundantemente exibida no julgamento como argumento em defesa do suspeito suscitou  protestos público que chegaram também ao Parlamento irlandês.

Esta terça-feira, a deputada Ruth Coppinger exibiu uma peça igual à da alegada vítima e argumentou: “Pode parecer embaraçoso mostrar aqui umas cuecas fio dental. Mas como acham que se sente uma vítima de violação quando vê as suas cuecas mostradas em tribunal?”

Em causa no debate não está a sentença de absolvição do suspeito, mas sim o facto de os tribunais continuarem a valorizar a forma como uma mulher se veste como um sinal de consentimento sexual.

Depois de mostrar, sem pudor, as cuecas no Parlamento e de apelar ao fim dos preconceitos em casos de violação, a deputada escreveu no Twitter que se apercebeu que várias câmaras de imprensa afastaram o plano de si, no momento em que mostrou a peça.

O caso lançou uma grande onda de indignação. Depois de os argumentos da advogada terem sido reproduzidos no Irish Examiner, uma organização irlandesa de apoio a mulheres violadas, a Rape Crisis Centre, desencadeou uma campanha pública de protesto contra a valorização deste tipo de argumentos, usando nas redes sociais a hashtag #thisisnotconsent [“isto não é consentimento”].

Assim, com esta hashtag, dezenas de mulheres partilharam nas redes sociais imagens das suas cuecas fio dental. Em Cork, na cidade onde o julgamento teve lugar, juntaram-se cerca de 200 pessoas junto ao tribunal, expondo-se nas escadarias dezenas de peças de lingerie feminina.

Além disso, estão ainda marcados mais protestos noutras cidades irlandesas, como Limerick e Waterford.

ZAP //

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11 Comments

  1. Pois, há pouco li uma notícia onde se relatava que queimaram 2 pessoas vivas por uma falsa notícia divulgada pelas redes sociais.
    Agora “apela-se” à indignação sem se saber muito bem porquê. Afinal, o suposto violador foi absolvido porquê? Não seria mais construtivo explicar isso em vez de levar a pensar que foi porque uma advogada mostrou as cuecas da alegada vítima?
    Zap, tenho de te dizer isto: com a forma como dás esta notícias estás a contribuir para as conclusões precipitadas e as análises superficiais.
    Já agora, penso ter havido um lapso quando se escreveu “…Depois de mostrar, sem puder, as cuecas no Parlamento…”

    • Não está em causa se foi absolvido mas sim ser usado como argumento de defesa a roupa interior que usava.

      Ele pode ter sido absolvido por não ter realmente violada a jovem ou pode ter sido absolvido pelo juiz achar que a roupa dava consentimento. Não sei os detalhes do julgamento por isso não opino na decisão de absolvição.

      Agora a notícia é reportada á volta da indignação de o facto de usar roupa interior de fio dental como argumento de defesa.
      No Brasil, especialmente em cidades como Rio de Janeiro, a maioria das mulheres usam fio dental, isso significa que elas querem e consentem ter sexo com cada homem que as abordem?

      É ridículo que uma mulher veja a sua roupa íntima usada em tribunal como forma de consentimento a sexo.
      Nem que estivesse nua, Não significa NÃO.

      • Pois, e por acaso sabe em que contexto a roupa interior foi mostrada?
        Assumo que não, pois a notícia nada diz sobre isso. Foi precisamente nesse contexto que escrevi o meu comentário anterior. A notícia, ao não explicar com clareza em que contexto foi mostrada a roupa interior, apenas apela à indignação infundada e gratuita, tal como aconteceu com o senhor.

        E não vejo porque tenha de ser sempre ridículo mostrar a roupa íntima. Pode não ser minimamente relevante, como pode ser muito esclarecedor. Cada caso é um caso, e acho que é tão cego quem sem mais dados tem sempre a primeira opinião como a segunda.

        • A noticia escreve:
          “As provas excluem a possibilidade de ela [a suposta vítima] se ter sentido mesmo atraída pelo arguido e aberta a um encontro com ele? Temos de levar em atenção a forma como estava vestida. Ela usava um fio dental preto de renda“

          Este foi o contexto, não se trata de “indignação infundada e gratuita” mas sim, pensar que uma defesa usa a roupa interior para justificar que o sexo foi consentido.

          Como escrevi em cima “Não está em causa se foi absolvido mas sim ser usado como argumento de defesa a roupa interior que usava.”
          Repara que não estou a acusar o suspeito de ser culpado, apenas do ridículo, de se usar como justificação de que o sexo foi consentido, a roupa interior da alegada vitima.

          Se realmente achas que a roupa interior que uma mulher usa, serve de defesa numa acusação de violação, então tens um problema e deves rever a tua forma de assumir sexo consentido.

  2. Pois, e por acaso sabe em que contexto a roupa interior foi mostrada?
    Assumo que não, pois a notícia nada diz sobre isso. Foi precisamente nesse contexto que escrevi o meu comentário anterior. A notícia, ao não explicar com clareza em que contexto foi mostrada a roupa interior, apenas apela à indignação infundada e gratuita, tal como aconteceu com o senhor.

    E não vejo porque tenha de ser sempre ridículo mostrar a roupa íntima. Pode não ser minimamente relevante, como pode ser muito esclarecedor. Cada caso é um caso, e acho que é tão cego quem sem mais dados tem sempre a primeira opinião como a segunda.

    • Esclarecedor?! Onde é que a roupa interior de quem quer que seja é um factor atenuante de uma violação? A vítima até podia muito bem andar sem roupa interior nenhuma, que isso em nada justificaria semelhante crime.

      • Pois, mas de que violação está a falar? Já parou um pouco para reflectir, ou talvez apenas ler a notícia, antes de vomitar todos os seus preconceitos e julgamentos infundados.
        A pessoa que foi julgada foi considerada inocente. Portanto, até prova em contrário, não houve qualquer violação.

        Cambada de acéfalos, sedentos de sangue, que apregoam logo “morte”, “fogueira”, “gilhotina”, mesmo sem tentar perceber o que se passou.

        Você deve fazer parte dos que levaria a gasolina, aproximava o isqueiro, filmava e aplaudia: https://zap.aeiou.pt/mexicanos-queimados-boato-whatsapp-226708

  3. Irlanda continua a ser um país de gente primitiva e preconceituosa. São católicos, não é? Já agora, uma mulher já nem livre é de usar a roupa interior (!) que muito bem entender (já nem falo da exterior), sem o perigo de isso ser considerado um incentivo à violação. Mesmo que ande vestida de freira, se o tribunal descobrir que ela usava meias de nylon pretas e um cinto de ligas com uma tanga ousada, está desvalorizada a violação, pois ela estava a pedi-las! Inacreditável.

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