Vários especialistas lançam dúvidas quanto à existência de uma nova variante de covid-19, a Deltacron, como foi baptizada por ser, alegadamente, uma mistura da Ómicron com a Delta. Há quem defenda que foi apenas um erro de laboratório.
Os primeiros casos da suposta nova variante foram detectados no Chipre, pelo professor de Ciências Biológicas Leondios Kostrikis. O também responsável pelo Laboratório de Biotecnologia e Virologia Molecular anunciou a descoberta de 25 casos de Deltacron, caracterizando-a como “uma combinação” das variantes Delta e Ómicron.
Contudo, especialistas da Organização Mundial de Saúde (OMS) contestam que estejamos perante uma nova variante.
A epidemiologista Maria van Kerkhove, directora técnica da OMS para a covid-19, acredita que o que está em causa é “uma provável contaminação durante a sequenciação” feita em laboratório, conforme sublinhou numa publicação no seu perfil do Twitter.
Van Kerkhove também contestou a existência da Flurona, uma suposta combinação dos vírus da covid-19 e da gripe.
“Não usemos palavras como Deltracron e Flurona”, pois “implicam a combinação de vírus/variantes e isto não está a acontecer“, notou Van Kerkhove na mesma publicação no Twitter.
Jumping in late here: Let’s not use words like deltacron, flurona or flurone. Please 🙏
These words imply combination of viruses/variants & this is not happening. “Deltacron” is likely contamination during sequencing, #SARSCoV2 continues to evolve & see flu co-infection🧵below. https://t.co/rNuoLwgCzN
— Maria Van Kerkhove (@mvankerkhove) January 10, 2022
Também a especialista em doenças infecciosas da OMS, Krutika Kuppalli, considerou, na mesma rede social, que “não existe Deltacron, nem Flurona”.
“A Ómicron e a Delta não formaram uma super-variante“, reforçou, concluindo igualmente que o que pode estar em causa é uma “contaminação de laboratório de fragmentos da Ómicron num espécimen Delta”.
Okay people let’s make this a teachable moment, there is no such thing as #Deltacron (Just like there is no such thing as #Flurona) #Omicron and #Delta did NOT form a super variant
This is likely sequencing artifact (lab contamination of Omicron fragments in a Delta specimen) https://t.co/DDvM24bt9g
— Krutika Kuppalli, MD FIDSA (@KrutikaKuppalli) January 9, 2022
Contudo, Leondios Kostrikis continua a afirmar que a Deltacron existe mesmo e que não há qualquer erro laboratorial, conforme um testemunho enviado por email à Bloomberg News e que está a ser divulgado por vários órgãos de informação.
Nesta altura, a Ómicron é a variante que mais novos casos de covid-19 tem provocado em muitos países pelo mundo. Em Portugal, por exemplo, é já a variante dominante, com mais de 90% dos casos.
Coronavírus / Covid-19
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