A Grande Pirâmide de Gizé é encurvada — e não tem quatro lados

Francisco Gomes / Unsplash

Grande Pirâmide de Gizé.

Quantos lados tem, afinal, a Grande Pirâmide de Gizé – a mais emblemática das pirâmides egípcias?

Ainda há muito por descobrir sobre as pirâmides do Egito. Por exemplo, o que se encontra dentro do enorme vazio selado no interior da Grande Pirâmide de Gizé há 4.500 anos?

E como, exatamente, foram os materiais de construção transportados para o local antes do início da obra?

Mas quanto à pergunta inicial — quantos lados tem a Grande Pirâmide de Gizé? —, se respondeu quatro, está errado. Se respondeu cinco ou três, também está errado — e talvez um pouco confuso quanto à geometria.

Segundo o IFL Science, o piloto da Força Aérea Britânica P. Groves fotografou a pirâmide de cima, em 1926.

Deste ponto de vista, foi possível ver que os lados da pirâmide são, na verdade, significativamente encurvados ao longo da linha central.

“Sabe-se que a Grande Pirâmide de Gizé tem uma característica incrível de concavidade: cada uma das suas quatro faces está ligeiramente encurvada ao longo da linha central, desde a base até ao topo”, explicou Akio Kato, do Departamento de Matemática e Física da Universidade de Kanagawa, no Japão, num artigo publicado em 2023.

“Por outras palavras, a Grande Pirâmide é uma pirâmide octogonal côncava, e não uma pirâmide quadrada comum. Esta concavidade é demasiado subtil para ser vista a partir do solo, mas pode ser observada do ar”.

Assim, a Grande Pirâmide de Gizé tem nada menos que oito lados.

Estas curvaturas, embora invisíveis a partir do nível do solo, parece conferir maior estabilidade e durabilidade à pirâmide“.

“As camadas inclinadas, juntamente com a base reforçada, eram necessárias para garantir a estabilidade a longo prazo da pirâmide face a forças naturais intensas, como a elevada compressão gravitacional, sismos e tempestades, o que aponta para o facto plausível de que a pirâmide terá resistido a mais de 500 tempestades fortes ao longo dos seus 4500 anos”, escreveu Kato.

“O ponto crucial relativamente à estabilidade é que os efeitos dessas forças naturais são bastante diferentes entre o núcleo de camadas inclinadas e o de camadas perfeitamente niveladas — sendo que as primeiras podem tornar-se mais fortes com o tempo, enquanto as segundas tendem a desintegrar-se e enfraquecer”.

Apesar de os antigos egípcios serem claramente engenheiros notáveis — como demonstra o facto de as pirâmides ainda existirem — não eram perfeitos.

Vários corredores e salas seladas dentro das pirâmides egípcias poderão ter sido abandonados pelos construtores ao serem considerados instáveis, o que levanta a dúvida: seriam estes lados adicionais uma escolha arquitetónica intencional com vista à longevidade, ou apenas um feliz acaso?

Teresa Oliveira Campos, ZAP //

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.