Primeiro-ministro de Espanha pediu desculpa pelos casos de corrupção dentro do PSOE. Mas não é nada com ele, por isso não se demite.
O primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, voltou hoje a pedir desculpa pela corrupção na cúpula do Partido Socialista Espanhol (PSOE) e garantiu que é “um político limpo”, reiterando que não se demite nem vai antecipar eleições.
Sánchez está hoje no parlamento espanhol a prestar esclarecimentos sobre o caso de corrupção que envolve antigos dirigentes socialistas e a tentar “recuperar a confiança”, nas suas próprias palavras, dos partidos da geringonça que o reinvestiram primeiro-ministro em novembro de 2024, um grupo que integra oito forças políticas.
Com esse objetivo, anunciou um “plano estatal de luta contra a corrupção” com 15 medidas “desenhado conjuntamente” com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), assim como com vários dos partidos da geringonça e “peritos da sociedade civil”.
O plano pretende ser “o maior impulso à prevenção, luta e reparação da corrupção das últimas décadas” em Espanha e colocar o país “na vanguarda” da Europa nesta questão, afirmou.
Sánchez assumiu hoje perante os deputados que pensou demitir-se quando em 12 de junho foi conhecido o relatório policial que envolve o então ‘número três’ do PSOE, Santos Cerdán, num caso de corrupção, ao lado de outro ex-dirigente do partido e antigo ministro, José Luis Ábalos.
“Mas depois de refletir e de ouvir muita gente compreendi que deitar a toalha ao chão nunca é uma boa opção. Não vou deitar a toalha ao chão e vamos continuar”, disse Sánchez.
O líder socialista afirmou que vai continuar à frente do Governo e do PSOE porque é “um político limpo que desconhecia as corruptelas” de Cerdán e Ábalos, por querer “recuperar a confiança” dos parceiros parlamentares e de coligação e por querer defender “o projeto político” que lidera e que após sete anos de governação tem “uma folha de serviços clara e com resultados muito positivos” na área dos direitos, da economia ou do estado social.
Durante cerca de 45 minutos, Sánchez reiterou também, várias vezes, o pedido de desculpas pela corrupção no PSOE, dizendo que como pessoa que nomeou Cerdán e Ábalos para cargos de topo tem “evidentemente parte da responsabilidade” e a assume.
Dirigindo-se aos partidos que viabilizaram a atual legislatura, disse-lhes saber que não vivem “dias fáceis” e que estão “sob muita pressão”.
“Mas vou estar à altura, satisfazer as expectativas de regeneração e luta contra a corrupção e vou cumprir os compromissos que tenho com eles”, garantiu.
Quanto ao plano anticorrupção elaborado com a OCDE, revelou que tem cinco eixos de medidas e prevê, entre outras coisas, a criação de uma “agência de integridade pública independente”, a utilização de inteligência artificial para detetar “índices de fraude” na contratação pública ou novos mecanismos de controlo de património de titulares de cargos públicos e de canais de denúncia.
O plano prevê ainda mais meios para a investigação judicial da corrupção, assim como um reforço das sanções.
Sánchez está hoje a prestar esclarecimentos sobre as suspeitas de corrupção na cúpula do PSOE, um caso que, para os ‘media’, analistas e dirigentes políticos, ameaça a continuidade do Governo.
// Lusa